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Mostrando postagens de junho, 2014
PAS343. Um «abutre» ferido em pleno voo
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A passagem entre as colinas surgiu ante os olhos de Frank Daly. Olhou em torno. Não se via vivalma. Era muito experiente em lutas para se deixar cair numa emboscada. Frank apeou-se dum salto, despediu o seu cavalo com uma palmada afetuosa, sacou um dos seus revólveres e seguiu avançando lenta e silenciosamente, quase rastejando entre as altas ervas. O silêncio que se fizera depois do grito de Niky e da anterior detonação, só lhe confirmava o facto de que ela estava em perigo… ou já deixara de estar por a sua vida ter sido também sacrificada àquela orgia de crimes e de sangue. Uma cólera surda, fria, se apoderou dele. Se isso se verificasse, Frank Daly ia ser muito mais cruel e vingativo do que anteriormente. Compreendeu que amava aquela rapariga loira. Avançou deste modo até à estreita boca da garganta. De ambos os lados elevavam-se as duas colinas, suavemente, contra o céu estrelado. Frank sorriu para si. Então, pegou numa pedra e atirou-a para a entrada da estreita abertura entre as
PAS342. Como destruir um abismo de ódios e rancores
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De repente, Frank obrigou o cavalo a suster-se. Diante dele, no caminho para o povoado, surgia um cavaleiro, impedindo-lhe a passagem. Instintivamente, Daly levou as mãos às armas, mas o cavaleiro continuava imóvel. O cabelo flamejante denunciou imediatamente a sua identidade. — Niky O'Malley — murmurou Daly. — Que faz aqui? — Olá, Frank Daly. Ou prefere que lhe chamem Dobson ? — É indiferente. — Não, não é. Dobson é o homem que beijei. Um rancheiro, como qualquer outro, capaz de amar uma mulher. Daly é uma fera sanguinária, como Nino Saphiro, ansioso de matar. Matar constantemente... — Indague as causas a seu pai, senhorita O'Malley — respondeu Daly, secamente. — E agora desimpeça-me o caminho. Nada mais há para discutir entre nós. — Sim, há! Você assassinou Ben, feriu Luke e ter minará por nos chacinar a todos! Matar, matar!... Movendo-se rapidamente, Niky extraiu um pequeno revólver niquelado que pretendeu disparar sobre ele Daly, raciocinando velozmente, atirou-se sobre ela
PAS341. Encontro no cemitério
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O cemitério de «Plata» era um pequeno recinto sobre um planalto próximo da aldeia. Alguns cidadãos escrupulosos com a última morada dos familiares tinham rodeado o vasto terreno com uma tosca cerca. O pequeno carro de Danner ia à frente, carregando com o negro ataúde onde repousava Ben. Atrás, a pé, Brett, Marcus, Niky, Luke e Asherson caminhavam silenciosamente. Ninguém se atrevia a fazer companhia à família, mas muitos curiosos seguiam da vila a marcha da comitiva encosta acima. Todos tiraram o chapéu quando atravessaram a parta de ingresso. A brisa do crepúsculo agitou os cabelos brancos de Brett O'Malley e os caracóis louros de Niky. Danner, completamente de negro e mais solene do que nunca, desmontou o ataúde, auxiliado por Asherson e Marcus. De repente, todos se detiveram, rígidos e surpreendidos. Na porta do cemitério recortou-se uma silhueta a que a obliquidade dos raios solares emprestavam uma forma fantástica. Brett apertou os lábios, até se tornarem numa linha rectal. Ol
PAS340. A vingança do homem de negro
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— Foge, Ben!— implorou a voz da mulher. — Vai-te, por amor de Deus! Ben limitou-se a apertar fortemente as maxilas. — Eu vi-o, Ben! Está completamente transfigurado, não é o mesmo homem que tu conheceste! Parece um tigre sedento de sangue, uma fera ansiosa por triturar alguém… — Tudo isso é aparente, querida, simples fingimento— riu Ben, confiante, servindo-se de outro copo de «gin». — Fingimento provocado por uma dor súbita. — Não, Ben, escuta-me — gemeu Chris, abraçando-se às suas pernas. Owen, o taberneiro, curioso e inquieto, olhava, enquanto demorava a limpar o copo. Além deles, ninguém mais se encontrava na taberna. As duas lâmpadas de petróleo colocadas no teto, projetavam uma luz demasiadamente crua sobre os rostos, transformando-os em caveiras falantes. Lentamente, Chris dirigiu-se para a porta. Ben alcançou-a. — Por ai não. Sai pelas traseiras. Ele pode estar emboscado na rua. Chris estremeceu, olhando com apreensão o céu estrelado que se via através dos batentes da porta, e
PAS339. Ressuscitar o passado
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O armazém de Webber tinha uma janela que não se cerrava completamente: Fess ouvia Webber frequentemente lastimar esse facto. Um ladrão poder-se-ia infiltrar e roubar impunemente toda a mercadoria. .Claro que Webber declarava sempre que só lá havia farinha, toucinho ou tabaco, o que não seduzia ninguém. Fess Dobson levantou facilmente a tranca de ferro da janela defeituosa, ergueu a vidraça forrada de resguardo metálico e achou-se com o caminho franqueado. Junto do armazém, as luzes da cozinha e do quarto que ele havia ocupado, continuavam acesas. Certamente que Molly e o marido tinham adormecido convencidos da sua presença na cama. Sorriu amargamente. Se eles adivinhassem os seus atos... A «Cuenca» inteira ficaria surpreendida com as suas futuras ações. A culpa não era sua. Desejara a paz, lutara por mantê-la, tentara esquecer o passado, aquele trecho da sua existência que finalizara com a sua chegada a «Cuenca», sequioso de um lugar onde pudesse esquecer, onde criasse um novo nome e u
PAS338. Uma fera prestes a devorá-la
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Chris Hodges estava muito nervosa. Cada vez que recordava aquele corpo estendido, selvaticamente golpeado até expirar, enquanto ela incitava o assassino, um estremecimento de medo assaltava-a. Apesar de ignorar concretamente aquilo que receava, a noite tinha contribuído para acentuar o terror, como se as trevas se pudessem materializar numa fera cruel, sem forma nem cor, prestes a devorá-la. Tinha despertado algumas vezes, durante a noite, mas naquele momento estava certa de não ter sonhado aquele ranger da porta do jardim. Escutou. Só se ouviam os roncos de seu tio Clem, na divisão contígua. Não podia contar com ele, pois não despertaria nem com um tiro de canhão. Chris tentou destrinçar o silêncio e desta vez teve a certeza da ocorrência dum rangido na porta das traseiras que dava para os currais. Um dos cavalos relinchou inquieto no estábulo. Chris, receosa, levantou-se envergando unicamente uma ténue combinação sobre o formoso corpo. Abriu uma gaveta donde extraiu um revólver 40, q
PAS337. Na presença da morte
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-- Você também parece estar débil. Não.., não entre, suplico-lhe. Dobson não hesitou mais. Avançou e reconheceu Redfem, no ataúde da direita, ainda com o sangue visível de dez balas. A seguir desviou o olhar para o caixão da esquerda... Uma bomba estilhaçou-se-lhe na cabeça, ofuscando todo o raciocínio e tingindo de vermelho carregado tudo o que via, ouvia ou pensava. A figura dilacerada, cruelmente golpeada do outro cadáver, dançou-lhe alucinantemente diante dos olhos cegos: o rosto lívido, tenso e imóvel, os olhos piedosamente cerrados sob a pasta de sangue seca e coagulada. — Harry! — gritou, como uma fera da selva. — Harry, irmão!... Os seus punhos embateram na madeira do ataúde, desconjuntando-a e estilhaçando-a em farpas agudas que quase o feriram. A dor tinha-se transladado para um sítio mais sensível, mais delicado: o coração. Temendo que ele enlouquecesse, Donner tentou desviá-lo do último leito de repouso do desditoso Harry Dobson, louro, branco, dormindo o sono eterno, donde
PAS336. Olhos que não veem o sol brilhante do meio-dia
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Fess Dobson contemplou melancolicamente a casa. Retornou, encaminhando-se para o tronco onde estavam laçados o seu cavalo e o de Harry. Willy Eates e os ajudantes já tinham abalado. Só ele restava no Rancho. Após um último relance ao edifício, Fess Dobson principiou a desatar as rédeas da sua montada. Foi nesse instante que ouviu o galope de alguns cavalos. Voltando-se surpreendido, verificando que um grupo de cavaleiros levantando nuvens de pó, avançavam pelo trilho, na direção do rancho. Na frente cavalgava um homem de roupas negras e chapéu de cor igual. Sorriu sem vontade, apertando o volume causado pelas notas debaixo da jaqueta de pele. Parecia que os O’Malley estavam impacientes para ocupar os terrenos. Reconheceu Luke e alguns ajudantes de Brett, que vinham tomar posse do rancho. Reconheceu também o homem alto e loiro envergando uma gritante camisa vermelha, que galopava ao lado do homem de traje negro. Era Levy Asherson, capataz dos O'Malley e assíduo cliente do armazém de
PAS335. Agredido sem piedade perante os olhos da traiçoeira namorada
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A única rua de «Plata», extensa e larga, parecia ter ficado acabrunhada. Alguém gritou a Harry, com ar de desprezo: — Vês, rapaz? Tudo isto por teu irmão vender o rancho! Maldito cobarde! Harry reagiu, querendo enfrentar Webber encarou-o com pouca simpatia. Compreendeu que se replicasse, serviria de bode expiatório à ira de toda a população. Harry cerrou os punhos e desceu a rua. Chegavam a ele as palavras clamorosas e doridas de Wilson, proferidas da sela do seu cavalo: — Assassinaram Redfem! Mataram o pobre Ike! Esses porcos dos O'Malley... Harry sentia-se confuso. Tudo aquilo era estranho; se Refilem não vendesse, não havia razão para matá-lo daquele modo, incendiando as casas. As pessoas civilizadas não atuam assim. Pensou numa frase de seu irmão, Fess, mostrando as armas que havia pendurado na parede, como adorno: «o povo desta região ainda não está completamente civilizado. Têm instintos de feras. Sabes porque procuro um local calmo? Para não ser obrigado a matar como meio de