PAS586. A Justiça virá pela Mão de Deus
O xerife aparecera à porta. Atrás dele podia ver-se a figura esbelta de Eileen, através da janela.
— Foi demasiado longe, Zimmermann — disse o ancião. — Está a ser procurada pela justiça e eu vou detê-lo em nome da Lei.
— Homem, não me diga! — exclamou Bart com sincero assombro. — Você?
— Gene, evacua a sala. A tiro se for preciso — disse Leo sem afastar os olhos do xerife.
— Rua, todos! — gritou Gene, apontando as armas à assistência. — Que é isto? Um motim? Rua, já disse!
Alguns homens saíram. A jovem, de pé na neve, gritou:
— Cobardes! Bastava que um de vocês começasse a disparar! Eles não podiam matar todos! Cobardes! Nem parecem homem!
Mas o terror apoderara-se de todos eles. Excepto o xerife e Mortimer, todos acabaram por sair precipitadamente. A jovem, com o lindo rosto em fogo, entrou na taberna.
— Vá-se embora, «miss» Traven — disse Leo sem deixar de olhar para o xerife O'Malley — não, quero que alguma bala, dessas que se perdem, vá acertar em si.
— Considere-se detido — repetiu o xerife.
— Chris, por favor, não pode fazer isso.! — gritou Eileen.
— Não seja louco — disse Mortimer por sua vez. — Todas as vantagens estão do lado dele.
— Olhe, xerife, eu respeito os velhos — disse Leo. — Não quero matá-lo, creia. O senhor faz lembrar-me o meu pai. Vá-se embora e não fale mais no assunto.
— Tenho de prendê-lo — repetiu firmemente o xe-rife. — Faltei ao meu dever não o fazendo antes. Mas agora digo-lhe que se considere detido, que ficam detidos os três e que vou sacar o meu revólver.
— Não, Chris! — gritou Eileen, aterrorizada. O seu olhar encontrou o do noivo. Este encolheu levemente os ombros num gesto que expressava bem claramente que não podia fazer nada.
— Não quero fazer-lhe mal, xerife. Mais vale ir-se embora.
O xerife levou a mão ao coldre. Logo, da anca de Zimmermann brotou um resplendor alaranjado e novamente a sala foi atroada pelo estrondo de um disparo.
A mão do xerife caiu ao longo do corpo, inerte. A bala partira-lhe o braço.
— Digo-lhe que não quero fazer-lhe mal, xerife —disse Leo, sem perder a calma. — Vá tratar disso.
— Deus o castigue, Zimmerrnann! — disse dificilmente o ancião. A esposa do xerife apareceu a correr, e precipitou-se com um agudo lamento para o marido.
— Vamos, levem-no que não quero fazer-lhe mal — insistiu Zimmermann. Um momento depois, «mrs.» O'Malley com a ajuda de um homem, levava o xerife. Pelas faces do velho servidor da Lei corriam lágrimas de humilhação e de impotência.
Eileen voltou-se para Leo.
— Chamar-lhe assassino, a si, não tem significado. Você é... você é... um monstro. Mas a mão de Deus não está longe de si, criminoso, degenerado.
— Cala-te, Ei — murmurou Mortimer, pondo a mão sobre o braço da jovem. Ela, porém, sacudiu-o, depois de lhe lançar um olhar de desprezo.
— Que quer dizer com isso, «miss» Traven? — perguntou Leo, mudando a posição do charuto.
— Há um homem que acabará consigo — disse ela orgulhosamente. Mentia e naquele momento não saberia explicar porquê. Mentia porque se sentia necessitada de proceder assim.
— Quem? — perguntou Leo. E então, pela primeira vez desde que a jovem o vira, havia cinco dias horríveis, sorriu exibindo os seus grandes e amarelentos dentes de cavalo. — Quem?
— Paul Merrick — respondeu ela serenamente.
Uma ruga apareceu na fronte de Zimmermann.
— Pode chamar-se mentirosa a uma senhora, Bart? — perguntou.
— Não, não é de um cavalheiro — respondeu o irmão. Mas agora três pares de olhos examinavam Eileen Traven com mais atenção, que anteriormente.
— Pois então não lhe chamo mentirosa, mas o caso é que está a mentir — disse Leo. — Que tinha Merrick a ver com isto?
— Vive na montanha — respondeu ela. Uma luzinha começara a cintilar na sua cabeça e adquiria a pouco e pouco proporções de claridade.
— Aquilo é verdade? — perguntou Leo, voltando-se para Mortimer. Este anuiu com a cabeça.
— E que faz ele lá? — voltou a perguntar o pistoleiro.
— Converteu-se numa espécie de «mata-pecados».
— Onde vive exatamente? — foi a pergunta seguinte.
— Não sei — disse Mortimer.
— Vive numa igreja arruinada no alto da montanha — esclareceu a jovem. — Mas alguém o avisou do que sucede, e Merrick deixará o seu refúgio para vir liquidá-lo, assassino.
Leo pareceu ruminar aquilo.
— Merrick não tem nada contra mim. Matámos «raiders» mexicanos, há alguns anos, os dois juntos, com o capitão Corrigan. Não me venha com histórias. Além disso, nunca tive medo de Merrick.
— Mas ele é 'Mão de Deus! — respondeu a jovem dando às palavras uma ênfase que as converteu numa frase significativa.
— Não ligues à pequena — disse Bart. — Que venha esse tal Merrick e veremos o que acontece.
— Merrick virá. Quando menos o esperem — disse a jovem no, mesmo tom.
— Caramba, com os demónios! Pois que venha — disse Leo,. — E agora vamos beber um copo, à saúde do velho Paul Merrick, que se fez «mata-pecados». Tu, homem, serve-nos de beber — acrescentou dirigindo-se a Ross.
— Tu não vais... — exclamou a jovem. Mas já o noivo se dirigia para o balcão a cumprir a ordem. Eileen sentiu náuseas em face daquela cobardia. Deu meia volta e saiu para a rua. Entretanto, Leo gritava por Consuelo, a bailarina, para que «mexesse as malditas pernas» diante deles.
— Foi demasiado longe, Zimmermann — disse o ancião. — Está a ser procurada pela justiça e eu vou detê-lo em nome da Lei.
— Homem, não me diga! — exclamou Bart com sincero assombro. — Você?
— Gene, evacua a sala. A tiro se for preciso — disse Leo sem afastar os olhos do xerife.
— Rua, todos! — gritou Gene, apontando as armas à assistência. — Que é isto? Um motim? Rua, já disse!
Alguns homens saíram. A jovem, de pé na neve, gritou:
— Cobardes! Bastava que um de vocês começasse a disparar! Eles não podiam matar todos! Cobardes! Nem parecem homem!
Mas o terror apoderara-se de todos eles. Excepto o xerife e Mortimer, todos acabaram por sair precipitadamente. A jovem, com o lindo rosto em fogo, entrou na taberna.
— Vá-se embora, «miss» Traven — disse Leo sem deixar de olhar para o xerife O'Malley — não, quero que alguma bala, dessas que se perdem, vá acertar em si.
— Considere-se detido — repetiu o xerife.
— Chris, por favor, não pode fazer isso.! — gritou Eileen.
— Não seja louco — disse Mortimer por sua vez. — Todas as vantagens estão do lado dele.
— Olhe, xerife, eu respeito os velhos — disse Leo. — Não quero matá-lo, creia. O senhor faz lembrar-me o meu pai. Vá-se embora e não fale mais no assunto.
— Tenho de prendê-lo — repetiu firmemente o xe-rife. — Faltei ao meu dever não o fazendo antes. Mas agora digo-lhe que se considere detido, que ficam detidos os três e que vou sacar o meu revólver.
— Não, Chris! — gritou Eileen, aterrorizada. O seu olhar encontrou o do noivo. Este encolheu levemente os ombros num gesto que expressava bem claramente que não podia fazer nada.
— Não quero fazer-lhe mal, xerife. Mais vale ir-se embora.
O xerife levou a mão ao coldre. Logo, da anca de Zimmermann brotou um resplendor alaranjado e novamente a sala foi atroada pelo estrondo de um disparo.
A mão do xerife caiu ao longo do corpo, inerte. A bala partira-lhe o braço.
— Digo-lhe que não quero fazer-lhe mal, xerife —disse Leo, sem perder a calma. — Vá tratar disso.
— Deus o castigue, Zimmerrnann! — disse dificilmente o ancião. A esposa do xerife apareceu a correr, e precipitou-se com um agudo lamento para o marido.
— Vamos, levem-no que não quero fazer-lhe mal — insistiu Zimmermann. Um momento depois, «mrs.» O'Malley com a ajuda de um homem, levava o xerife. Pelas faces do velho servidor da Lei corriam lágrimas de humilhação e de impotência.
Eileen voltou-se para Leo.
— Chamar-lhe assassino, a si, não tem significado. Você é... você é... um monstro. Mas a mão de Deus não está longe de si, criminoso, degenerado.
— Cala-te, Ei — murmurou Mortimer, pondo a mão sobre o braço da jovem. Ela, porém, sacudiu-o, depois de lhe lançar um olhar de desprezo.
— Que quer dizer com isso, «miss» Traven? — perguntou Leo, mudando a posição do charuto.
— Há um homem que acabará consigo — disse ela orgulhosamente. Mentia e naquele momento não saberia explicar porquê. Mentia porque se sentia necessitada de proceder assim.
— Quem? — perguntou Leo. E então, pela primeira vez desde que a jovem o vira, havia cinco dias horríveis, sorriu exibindo os seus grandes e amarelentos dentes de cavalo. — Quem?
— Paul Merrick — respondeu ela serenamente.
Uma ruga apareceu na fronte de Zimmermann.
— Pode chamar-se mentirosa a uma senhora, Bart? — perguntou.
— Não, não é de um cavalheiro — respondeu o irmão. Mas agora três pares de olhos examinavam Eileen Traven com mais atenção, que anteriormente.
— Pois então não lhe chamo mentirosa, mas o caso é que está a mentir — disse Leo. — Que tinha Merrick a ver com isto?
— Vive na montanha — respondeu ela. Uma luzinha começara a cintilar na sua cabeça e adquiria a pouco e pouco proporções de claridade.
— Aquilo é verdade? — perguntou Leo, voltando-se para Mortimer. Este anuiu com a cabeça.
— E que faz ele lá? — voltou a perguntar o pistoleiro.
— Converteu-se numa espécie de «mata-pecados».
— Onde vive exatamente? — foi a pergunta seguinte.
— Não sei — disse Mortimer.
— Vive numa igreja arruinada no alto da montanha — esclareceu a jovem. — Mas alguém o avisou do que sucede, e Merrick deixará o seu refúgio para vir liquidá-lo, assassino.
Leo pareceu ruminar aquilo.
— Merrick não tem nada contra mim. Matámos «raiders» mexicanos, há alguns anos, os dois juntos, com o capitão Corrigan. Não me venha com histórias. Além disso, nunca tive medo de Merrick.
— Mas ele é 'Mão de Deus! — respondeu a jovem dando às palavras uma ênfase que as converteu numa frase significativa.
— Não ligues à pequena — disse Bart. — Que venha esse tal Merrick e veremos o que acontece.
— Merrick virá. Quando menos o esperem — disse a jovem no, mesmo tom.
— Caramba, com os demónios! Pois que venha — disse Leo,. — E agora vamos beber um copo, à saúde do velho Paul Merrick, que se fez «mata-pecados». Tu, homem, serve-nos de beber — acrescentou dirigindo-se a Ross.
— Tu não vais... — exclamou a jovem. Mas já o noivo se dirigia para o balcão a cumprir a ordem. Eileen sentiu náuseas em face daquela cobardia. Deu meia volta e saiu para a rua. Entretanto, Leo gritava por Consuelo, a bailarina, para que «mexesse as malditas pernas» diante deles.
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