PAS587. Uma bala entre os olhos

— Zimmermann!
A voz soara no alto da escada. Leo, ao ouvi-la, ficou completamente quieto.
— Zimmermann, estou aqui.
Leo foi voltando lentamente a cabeça. Nas escadas estava uma figura alta, musculosa, vestida. com uma jaqueta índia, de pele. Era um homem moreno, de cabelo muito curto e o
— Olá, Paul — disse Leo.
— Quem é esse? — perguntou Bart, perdendo aquele tom lamentoso que o caracterizava.
— Leo, tens feito muito estrago inutilmente — disse Merrick, descendo mais um degrau. — E isso são coisas que se pagam mais tarde ou mais cedo.
Havia uma espécie de tensão elétrica entre os dois homens. Os espectadores podiam quase senti-la. Uma tensão que parecia nascer do choque de duas personalidades poderosas em luta. O xerife perguntou a si próprio como é que aqueles homens tinham podido cruzar os seus caminhos sem tropeçar um com o outro. Parecia impossível.
— Não te metas nisto, Paul — disse Leo, piscando os olhos. — Isto não te diz respeito.
— Enganas-te. Há dois dias ter-te-ia dito: «Sai de Santa Rita e não te lembres de voltar». Agora digo que vou caçar-te.
— Bom, pois experimenta — disse Leo. — Os meus irmãos têm dois rifles e estão a apontar para ti. E eu tenho... isto!
Ao mesmo tempo que uivava a última palavra sacou os dois revólveres e disparou. Então o xerife teve ocasião de verificar como uma vida sã, na montanha, caçando ursos e alces, torna ágil e forte um homem.
Merrick dera um salto e as balas de Leo Zimmermann cravaram-se no sítio onde ele estivera um instantes antes. Caiu agachado como um gato — saltara sobre o corrimão — e naquela postura difícil começou a disparar.
A primeira bala recebeu-a Leo entre os olhos. Caiu para trás, arrastando uma cadeira na queda. Nesse momento, o rifle de Bart entrava já em ação. A poderosa bala da «Winchester» rachou uma mesa sem atingir o seu objetivo.
Tudo aquilo ocorreu num espaço de tempo não superior a três segundos. Merrick não deixara de disparar, de maneira que as detonações e os estalidos da madeira pareciam simultâneos. Bart encolheu-se, deixando cair o rifle, com uma intensa expressão de dor no rosto. E então Gene começou a uivar e dar saltos como se tivesse enlouquecido.
— Assassino! Assassino! — berrava. E depois, impensadamente, atirou para o chão o rifle que não utilizara e atirou-se à garganta de Merrick.
Este esperava-o já de pé. Deu-lhe um soco que o atirou aos tropeções até ao outro extremo da sala, onde ficou encolhido, feito numa bola gemebunda.
— Podem encarcerá-lo — disse Merrick de sobrolho franzido. — Lançou um olhar em redor. — Caso encerrado.
— Obrigado, Merrick — disse o xerife com os olhos brilhantes. — Que bom trabalho!
— Agradeça a «miss» Traven — respondeu Merrik, dirigindo-se para a porta.
E saiu. Lá fora nevava intensamente.

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