PAS295. A redenção do assassino

 Fleming começou a andar lentamente na direção do «cow-boy». Não podia admitir ainda que aquele jovem, merecedor do seu afeto durante as semanas de viagem, fosse o assassino que procurava há meses.
Frank viu-o e piscou-lhe um olho, sem deixar de tocar o instrumento. Marcava o ritmo da valsa, batendo com o pé esquerdo no sobrado de madeira.
Naquele momento, John Fleming desejou, do fundo da alma, ter-se equivocado outra vez.
Subitamente, Frank afastou a harmónica dos lábios e arrojou-se sobre Fleming ao mesmo tempo que gritava:
- Cuidado, John!
Soou um tiro por trás do detetive e este voltou-se dando ao gatilho.
Nathan Goldstein recebeu o projétil na mão e deixou cair a arma, enquanto soltava uma maldição. Winters perdeu o equilíbrio, mas Fleming susteve-o, agarrando-lhe a cintura com o braço esquerdo.
- O outro revólver, Goldstein! – gritou John. – Atira-o ao chão e empurra os dois com a bota.
O capataz cumpriu a ordem. O rosto contraiu-se-lhe num esgar de dor.
O xerife de Abilene entrou no Salão e olhou com estranheza para um lado e para outro.
Fleming socorria Winters. Este sorria, mas sabia que estava mortalmente ferido. Recebera no estômago a bala destinada ao seu amigo.
- Deixa-me no solo, John… por favor… mas ampara-me a cabeça…
E depois, quando estava como queria, disse:
- Tinha-te avisado… Não devias descuidar-te… Goldstein é perigoso…
O «detetive» sentiu um nó na garganta e não pôde articular palavra.
Winters exalou um gemido e contraiu-se. Na sua fronte começaram a aparecer gotas de suor.
- John… quero contar-te uma coisa…
- Tens tempo – exclamou Fleming. – Agora o importante é que te veja um médico.
O ferido sorriu novamente.
- Não há remédio… Morro… Isto acabou-se… Por isso, quero descarregar a minha consciência…
- Cala-te, Frank…
- Não poderia… Há pouco mais de um ano… matei dois homens… aqui, em Abilene… Ganharam-me dinheiro… ao poker… Desesperei-me e… oh! Como isto dói!... Quis recuperar… roubando… Não era minha intenção matar… mas as coisas puseram-se feias e… tive de… fazê-lo!
E tinha ele cavalgado milhares de milhas para chegar aquilo! Ali tinha o seu homem, o homem que valia para ele dez mil dólares de recompensa.
Frank Winters não o sabia, mas ele podia dizer-lho. Não era honrado? Confissão por confissão.
- Ouve, Frank…
Mas a Frank chamara-o o Senhor e cerrou os olhos, marchando da terra sem conhecer o segredo do seu amigo.
(Coleção Búfalo, nº 12)

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