PAS356. Na senda da violência
Depois de deixar o cavalo na estrebaria, foi lavar-se e cear, após o que se encaminhou para o mesmo estabelecimento, onde estivera de tarde, disposto a beber e a experimentar a sorte, jogando as cartas.
A abarrotar de clientela, o saloon estava saturado de fumo, que velava a luz não muito brilhante dos candeeiros de petróleo e o surdo rumor das conversações parecia o zumbido de uma colmeia.
Ronald avançou vagarosamente para o balcão, tendo de abrir a custo caminho por entre a multidão. Mas, ao chegar ali, alguém lhe tocou no ombro, fazendo-o voltar.
Viu, então, na sua frente Harry, o cavaleiro que acompanhara a jovem rancheira.
— O senhor e eu temos umas contas pendentes. Lembra-se?
Ronald encolheu os ombros, levemente irónico.
— Quando o senhor o diz... Mas não lhe parece que poderíamos esperar um pouco? Custou-me tanto chegar até aqui... e...
— Quê? Pois precisa de estimulantes para criar coragem? Esta tarde parecia mais arrogante...
O aventureiro concordou, fazendo um gesto de fadiga.
— Talvez, sim! O meu amigo está a ganhar...
Harry encaminhou-se para a porta sem retorquir. Ronald foi atrás dele. O outro já o esperava na rua.
— Sabe que não me agrada muito a sua «fachada»? — proferiu Harry.
Ronald soltou uma gargalhada seca.
— Foi só para me dizer essa idiotice que me fez sair? Ou julga que o desgosto vai matar-me?
— Cobarde! Queres que te cruze a cara para empunhares o revólver?
Apesar de ser já noite fechada, ainda andavam muitas pessoas na rua, a mais central, motivo porque a cena depressa chamou a atenção dos mirones que se agrupavam nos passeios de ambos os lados.
— Não o aconselho a que o tente— disse Ronald, com a maior calma. — Não tenho nada contra si, mas se tem empenha em matar-me, não precisa mais do que arejar a sua «artilharia».
Harry tinha bebido, embora não estivesse embriagado; mas o álcool, unido à recordação da humilhação sofrida e do atrevimento do forasteiro, parecia havê-lo exaltado bastante, pelo que, rangendo os dentes' sacou com um rápido movimento o «Colt» que lhe pendia do lado direito.
Ronald pareceu não se ter movido. Pelo menos, ninguém viu. Mas, como um relâmpago, da sua mão saiu um pequeno clarão, ouviu-se uma detonação que pareceu estremecer toda a rua, e o agressivo mocetão deu uma volta trágica e caiu de borco, no solo, sem ter chegado a disparar.
Uma violenta agitação, entre os espectadores que estavam no passeio do lado esquerdo despertou a atenção do forasteiro, que viu surgir bruscamente por entre eles uni homem corpulento, que saltou rapidamente para a rua, inclinando-se para Harry. E ouviu-o exclamar com um rugido, no qual havia tal entoação, que o pôs imediatamente em guarda pois pressagiava complicações:
— Morto!
A personagem endireitou-se e avançou para ele apertando raivosamente com a mão direita a coronha dum revólver. Então, à luz de uma lanterna pendente sobre a porta do hotel onde estava hospedado, Ronald viu o brilho de uma estrela presa no lado esquerdo do seu casaco. O xerife parou a cerca de dois metros.
— Você vai responder por isto— murmurou em uma voz que tremia de mal contida cólera.
— Foi ele quem provocou este lance— responder Ronald com a maior calma. — Toda a gente presenciou o caso e ser-lhe-á fácil confirmar as minha palavras.
O xerife olhou com desprezo para o passeio e todos os curiosos, em quem fixou o olhar, responderam com um movimento de cabeça, afirmativo, sua muda interrogação, embora parecesse que lhes constrangia fazê-lo. Perante essa confirmação, xerife abateu os ombros, como vencido.
— Querem levá-lo para casa? Alguns homens destacaram-se dum grupo e, levantando o morto, pelas pernas e pelos sovacos, afastaram-se seguidos pelo xerife.
— É seu pai!
Ronald sorriu friamente, fitando o informador, que fazia parte dum grupo de curiosos.
— Que tenho eu com isso? Ele procurou o que eu lhe dei! O cargo de seu pai não lhe serviu de grande coisa.
E, voltando-se bruscamente, encaminhou-se para hotel, enquanto refletia acerca do ocorrido, não muito seguro de quais poderiam ser as consequências daquilo com relação aos seus planos futuros.
A abarrotar de clientela, o saloon estava saturado de fumo, que velava a luz não muito brilhante dos candeeiros de petróleo e o surdo rumor das conversações parecia o zumbido de uma colmeia.
Ronald avançou vagarosamente para o balcão, tendo de abrir a custo caminho por entre a multidão. Mas, ao chegar ali, alguém lhe tocou no ombro, fazendo-o voltar.
Viu, então, na sua frente Harry, o cavaleiro que acompanhara a jovem rancheira.
— O senhor e eu temos umas contas pendentes. Lembra-se?
Ronald encolheu os ombros, levemente irónico.
— Quando o senhor o diz... Mas não lhe parece que poderíamos esperar um pouco? Custou-me tanto chegar até aqui... e...
— Quê? Pois precisa de estimulantes para criar coragem? Esta tarde parecia mais arrogante...
O aventureiro concordou, fazendo um gesto de fadiga.
— Talvez, sim! O meu amigo está a ganhar...
Harry encaminhou-se para a porta sem retorquir. Ronald foi atrás dele. O outro já o esperava na rua.
— Sabe que não me agrada muito a sua «fachada»? — proferiu Harry.
Ronald soltou uma gargalhada seca.
— Foi só para me dizer essa idiotice que me fez sair? Ou julga que o desgosto vai matar-me?
— Cobarde! Queres que te cruze a cara para empunhares o revólver?
Apesar de ser já noite fechada, ainda andavam muitas pessoas na rua, a mais central, motivo porque a cena depressa chamou a atenção dos mirones que se agrupavam nos passeios de ambos os lados.
— Não o aconselho a que o tente— disse Ronald, com a maior calma. — Não tenho nada contra si, mas se tem empenha em matar-me, não precisa mais do que arejar a sua «artilharia».
Harry tinha bebido, embora não estivesse embriagado; mas o álcool, unido à recordação da humilhação sofrida e do atrevimento do forasteiro, parecia havê-lo exaltado bastante, pelo que, rangendo os dentes' sacou com um rápido movimento o «Colt» que lhe pendia do lado direito.
Ronald pareceu não se ter movido. Pelo menos, ninguém viu. Mas, como um relâmpago, da sua mão saiu um pequeno clarão, ouviu-se uma detonação que pareceu estremecer toda a rua, e o agressivo mocetão deu uma volta trágica e caiu de borco, no solo, sem ter chegado a disparar.
Uma violenta agitação, entre os espectadores que estavam no passeio do lado esquerdo despertou a atenção do forasteiro, que viu surgir bruscamente por entre eles uni homem corpulento, que saltou rapidamente para a rua, inclinando-se para Harry. E ouviu-o exclamar com um rugido, no qual havia tal entoação, que o pôs imediatamente em guarda pois pressagiava complicações:
— Morto!
A personagem endireitou-se e avançou para ele apertando raivosamente com a mão direita a coronha dum revólver. Então, à luz de uma lanterna pendente sobre a porta do hotel onde estava hospedado, Ronald viu o brilho de uma estrela presa no lado esquerdo do seu casaco. O xerife parou a cerca de dois metros.
— Você vai responder por isto— murmurou em uma voz que tremia de mal contida cólera.
— Foi ele quem provocou este lance— responder Ronald com a maior calma. — Toda a gente presenciou o caso e ser-lhe-á fácil confirmar as minha palavras.
O xerife olhou com desprezo para o passeio e todos os curiosos, em quem fixou o olhar, responderam com um movimento de cabeça, afirmativo, sua muda interrogação, embora parecesse que lhes constrangia fazê-lo. Perante essa confirmação, xerife abateu os ombros, como vencido.
— Querem levá-lo para casa? Alguns homens destacaram-se dum grupo e, levantando o morto, pelas pernas e pelos sovacos, afastaram-se seguidos pelo xerife.
— É seu pai!
Ronald sorriu friamente, fitando o informador, que fazia parte dum grupo de curiosos.
— Que tenho eu com isso? Ele procurou o que eu lhe dei! O cargo de seu pai não lhe serviu de grande coisa.
E, voltando-se bruscamente, encaminhou-se para hotel, enquanto refletia acerca do ocorrido, não muito seguro de quais poderiam ser as consequências daquilo com relação aos seus planos futuros.
(Coleção Colorado, nº 6)
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