PAS378. Mr. «Funeral» Smith
Sentado sobre um velho barril de whisky, e com o seu chapéu negro de abas largas bem ajustado à cabeça, o homem parecia absorvido nos avermelhados resplendores do disco solar, prestes a desaparecer para além do Snake River, por detrás dos pontiagudos montes ainda com restos de neve nos cumes. Sob a aba do chapéu, os seus olhos cinzento-azulados tinham reflexos metálicos. A elegante labita negra caía-lhe sobre as pernas, e debaixo dela, fora da vista, mas percetíveis, marcavam-se os vultos de dois coldres. As calças às riscas, denotando longo uso, enfiava-se nos canos das botas também bastante usadas e poeirentas, adornadas com duas grandes esporas de aço polido. Recortado pelos amenos raios do crepúsculo, o seu rosto seco e tostado evidenciava energia e firmeza irredutíveis.
Mister Fred Smith, nome por que era conhecido e respeitado na muito turbulenta cidade de Gooding, Idaho, não era certamente homem que se impressionasse com muitas coisas, ainda que estas sucedessem de modo brutal, inesperado e demoníaco, que parecia norma daquela cidade, desde que as quadrilhas dos «desesperados» da fronteira e outros grupos semelhantes haviam decidido torná-la objeto dos seus «favores». Na realidade, o sangue e a morte pareciam fazer parte integrante da rotina daquelas amplas e semisselvagens terras de Idaho, tal como o Sol nascia e se ocultava, os ventos sopravam e se acalmavam, e as neves e as chuvas caíam impetuosamente para depois cessarem.
Mister Fred Smith, nome por que era conhecido e respeitado na muito turbulenta cidade de Gooding, Idaho, não era certamente homem que se impressionasse com muitas coisas, ainda que estas sucedessem de modo brutal, inesperado e demoníaco, que parecia norma daquela cidade, desde que as quadrilhas dos «desesperados» da fronteira e outros grupos semelhantes haviam decidido torná-la objeto dos seus «favores». Na realidade, o sangue e a morte pareciam fazer parte integrante da rotina daquelas amplas e semisselvagens terras de Idaho, tal como o Sol nascia e se ocultava, os ventos sopravam e se acalmavam, e as neves e as chuvas caíam impetuosamente para depois cessarem.
E mister Fred tinha demonstrado convincentemente que podia viver e fazer-se respeitar numa comunidade em que a vida humana não tinha mais valor que o do chumbo necessário para apaga-la. Talvez por isso, via-se agora forçado a considerar um convite muito pouco agradável: o de tomar sobre os ombros o cargo de fazer cumprir a Lei naquele lugar, onde até então ela pouco se fizera sentir, e onde ninguém parecia necessitar dela.
Mister Fred Smith parecia ser a pessoa mais indicada para tão espinhosa tarefa, no entender dos escassos cidadãos de Gooding a quem interessava que a Lei tivesse ali um representante. Provavelmente, e dado que não conheciam absolutamente nada do seu passado, tinha-os levado a tal iniciativa o facto de, nos três meses que mister Smith levara de permanência na cidade, dobrado número de homens rápidos a manejar o «colt» terem tomado o caminho do bem nutrido cemitério local, como resultado do seu empenho em verificar até onde chegavam a paciência e a pontaria do homem silencioso e concentrado, que nunca tinha nada que dizer e estava sempre com os olhos fixos onde os outros menos esperavam.
Estas qualidades, e as vestes negras que usava invariavelmente, tinham-lhe trazido uma alcunha muito mais pessoal que o nome bastante corriqueiro dado por ele no hotel, no dia em que chegara, Deus sabia donde. Chamavam-lhe «Funeral» Smith.
E mister «Funeral» Smith tinha de decidir antes do pôr do Sol se aceitava ou não a estrela prateada. Mister Smith fitou-o, fitou os outros, pôs-se lentamente de pé, e exalou um forte suspiro.
— Continuam a pensar que devo ser eu quem substitua Fender?
— Absolutamente. Não há ninguém na cidade que nos mereça maior confiança.
— Não sabem nada de mim. Como podem apostar numa pessoa que desconhecem completamente?
— Não nos importa o que seja. O que nos interessa é ter um representante da Lei que saiba para que servem os revólveres, e você já provou estar bem identificado com isso. Pagar-lhe-emos cem dólares por mês, casa e munições, e ainda um prémio por cada bandido ou indesejável que mande para o outro mundo, independentemente do que se pagar pelas suas cabeças.
— E quanto a ajudantes?
— Falámos sobre isso, e achamos que tem razão. Pode contratar até três, a sessenta dólares mensais por cabeça. Não nos meteremos nisso. Ficará com inteira liberdade de escolher os que lhe agradarem. Mister Smith pareceu fixar o olhar num ponto vago, para além das longínquas montanhas. Depois fitou o grupo de homens pendente dele.
— Está bem. Aceito — disse por fim, pausadamente. E dir-se-ia que a resposta fora arrancada com grande esforço.
(Coleção Colt, nº 11)
Mister Fred Smith parecia ser a pessoa mais indicada para tão espinhosa tarefa, no entender dos escassos cidadãos de Gooding a quem interessava que a Lei tivesse ali um representante. Provavelmente, e dado que não conheciam absolutamente nada do seu passado, tinha-os levado a tal iniciativa o facto de, nos três meses que mister Smith levara de permanência na cidade, dobrado número de homens rápidos a manejar o «colt» terem tomado o caminho do bem nutrido cemitério local, como resultado do seu empenho em verificar até onde chegavam a paciência e a pontaria do homem silencioso e concentrado, que nunca tinha nada que dizer e estava sempre com os olhos fixos onde os outros menos esperavam.
Estas qualidades, e as vestes negras que usava invariavelmente, tinham-lhe trazido uma alcunha muito mais pessoal que o nome bastante corriqueiro dado por ele no hotel, no dia em que chegara, Deus sabia donde. Chamavam-lhe «Funeral» Smith.
E mister «Funeral» Smith tinha de decidir antes do pôr do Sol se aceitava ou não a estrela prateada. Mister Smith fitou-o, fitou os outros, pôs-se lentamente de pé, e exalou um forte suspiro.
— Continuam a pensar que devo ser eu quem substitua Fender?
— Absolutamente. Não há ninguém na cidade que nos mereça maior confiança.
— Não sabem nada de mim. Como podem apostar numa pessoa que desconhecem completamente?
— Não nos importa o que seja. O que nos interessa é ter um representante da Lei que saiba para que servem os revólveres, e você já provou estar bem identificado com isso. Pagar-lhe-emos cem dólares por mês, casa e munições, e ainda um prémio por cada bandido ou indesejável que mande para o outro mundo, independentemente do que se pagar pelas suas cabeças.
— E quanto a ajudantes?
— Falámos sobre isso, e achamos que tem razão. Pode contratar até três, a sessenta dólares mensais por cabeça. Não nos meteremos nisso. Ficará com inteira liberdade de escolher os que lhe agradarem. Mister Smith pareceu fixar o olhar num ponto vago, para além das longínquas montanhas. Depois fitou o grupo de homens pendente dele.
— Está bem. Aceito — disse por fim, pausadamente. E dir-se-ia que a resposta fora arrancada com grande esforço.
(Coleção Colt, nº 11)
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