PAS384. Violação
Fred Topek disse em voz baixa:
— Por aqui.
Os três cavalos foram habilmente conduzidos pelos seus cavaleiros, e moviam-se na escuridão como autênticos fantasmas, sem que os cascos fizessem o menor ruído sobre a erva húmida. Por indicação de Fred, os seus dois irmãos desviaram o rumo das montadas. O lugar para onde se dirigiam era sem dúvida um bosque cerrado, que ficava a umas dez milhas de Denver, bosque que na escuridão da noite parecia o lugar mais afastado e mais solitário do mundo. Michael riu nervoso.
— A rapariga já nem se mexe, hem?
— Antes assim.
Realmente, Katia estava amarrada, imóvel, como um fardo, à sela de Fred Topek.
Lutara desesperadamente para se libertar antes de sair de Denver, quando ainda tinha esperança de receber auxílio. Mas Fred Topek, depois de lhe tapar a boca com uma mão batera-lhe selvaticamente, com fúria, até quase a fazer perder os sentidos. E agora a dez milhas da cidade, Katia vira a inutilidade de continuar a lutar. Só a esperança que alguém tivesse seguido o rasto dos cavalos a confortava.
Realmente, os três cavalos bem carregados deixavam profundas pegadas na erva húmida e essas pegadas seriam seguidas pelos que a viessem socorrer. Mas talvez então fosse demasiado tarde... Demasiado tarde para tudo, exceto para morrer.
Chegaram ao princípio do bosque por onde corria um riacho. Fred Topek deu uma gargalhada. Em vez de atravessar o riacho e entrar no bosque, começou a seguir o curso da corrente, de maneira que os cavalos não deixassem pegadas. Ainda a rir, Fred Topek olhou para Anthony que era o que estava mais perto de si. Perguntou:
— Se tu nos perseguisses e seguisses o rasto até aqui, que julgarias, Anthony?
— Era muito simples: que se tinham escondido no bosque.
— É isso mesmo que pensará alguém que nos siga. E procurar-nos-á no bosque toda noite. Entretanto nós estamos a quatro ou cinco milhas, depois de subir o riacho.
Katia ouviu perfeitamente aquelas palavras e só então compreendeu que estava perdida. Ninguém daria pelo engano. O bosque parecia um refúgio tão propício que ninguém deixaria de o revistar. E quando visse que não estava lá ninguém seria já tarde de mais. Compreendeu tão bem as intenções dos homens como se lesse nos seus pensamentos. Teve um estremecimento de horror. Tentou libertar-se, tentou lutar outra vez mas a força brutal de Fred Topek tornava-a impotente. O pistoleiro gritou:
— Quieta!
A mão direita abateu-se várias vezes sobre, os lábios e depois sobre a cabeça da rapariga que começou a ver tudo andar à roda. Um último murro fê-la desmaiar.
Quando recuperou os sentidos sentiu na boca o gosto do sangue, mas o mais importante não era isso. Os cavalos tinham parado o que significava que tinham chegado ao termo da viagem.
Abriu os olhos, e viu que estavam num grande prado. O riacho tinha ficado para trás. A luz da lua dava um brilho fantasmagórico às coisas. Fred Topek atirou-a para o chão como se atira um fardo. Mas Katia Simmons não se magoou porque a erva estava macia e húmida. Todo o prado cheirava a frescura, a liberdade, a vida. E no entanto fora aquele lugar que os três irmãos Topek tinham escolhido para a sua morte. Desceram dos cavalos calmamente. Katia sentia a sua impotência, sentia-se perdida. Um tremor percorria-lhe o corpo. Tinha vontade de chorar, como quando era pequena. Foi Fred Topek que se aproximou dela, olhando-a com o seu olhar de réptil.
— Eu — disse com voz pastosa. — Primeiro eu.
Os seus dois irmãos ficaram parados, olhando-a também. Katia lembrou-se de Johnny Temple, lembrou-se que a tinha salvo noutra situação semelhante. Lembrou-se de que lhe tinha dado os títulos de propriedade dumas campas. Os homens que tinham tentado abusar dela tinham morrido e conforme dissera Johnny «nunca mais tornariam a aproximar-se duma mulher indefesa». Fred Topek aproximou-se mais. Os seus olhos tinham o brilho frio e metálico do aço. Os lábios de Katia tremiam de desespero.
—Johnny... — articulou. — Johnny, porque não vens? Johnny...
Fred Topek deu uma risada.
— Por quem chamas? Por Fulton?
— Chamo o homem que destruiu a vossa quadrilha... O homem que vos destruirá também.
O mais velho dos Topek tornou a rir.
— Ainda queres ameaçar? Ainda não calculas o que te espera? Katia tentou abafar um soluço, enquanto os lábios se contorciam numa careta de agonia.
— Não se atreverão... Não se atre...
Fred Topek esbofeteou-a com raiva.
— Ajudem-me, vocês! — gritou para os irmãos. — Temos de a deixar de maneira que nem Fulton a conheça!
Atiraram-se os três ao mesmo tempo à rapariga. Seus punhos cerrados caíam como uma chuva mortífera no seu rosto, no seu corpo. Enquanto os lábios lhe sangravam, Katia só pôde balbuciar:
— Johnny... Johnny...
Foi uma agonia horrível, uma agonia sem nome. Katia Simmons teria preferido morrer, morrer mil vezes, mas os Topek queriam que vivesse. Queriam-na viva porque era uma linda mulher. Soluçando, Katia perdeu os sentidos.
— Por aqui.
Os três cavalos foram habilmente conduzidos pelos seus cavaleiros, e moviam-se na escuridão como autênticos fantasmas, sem que os cascos fizessem o menor ruído sobre a erva húmida. Por indicação de Fred, os seus dois irmãos desviaram o rumo das montadas. O lugar para onde se dirigiam era sem dúvida um bosque cerrado, que ficava a umas dez milhas de Denver, bosque que na escuridão da noite parecia o lugar mais afastado e mais solitário do mundo. Michael riu nervoso.
— A rapariga já nem se mexe, hem?
— Antes assim.
Realmente, Katia estava amarrada, imóvel, como um fardo, à sela de Fred Topek.
Lutara desesperadamente para se libertar antes de sair de Denver, quando ainda tinha esperança de receber auxílio. Mas Fred Topek, depois de lhe tapar a boca com uma mão batera-lhe selvaticamente, com fúria, até quase a fazer perder os sentidos. E agora a dez milhas da cidade, Katia vira a inutilidade de continuar a lutar. Só a esperança que alguém tivesse seguido o rasto dos cavalos a confortava.
Realmente, os três cavalos bem carregados deixavam profundas pegadas na erva húmida e essas pegadas seriam seguidas pelos que a viessem socorrer. Mas talvez então fosse demasiado tarde... Demasiado tarde para tudo, exceto para morrer.
Chegaram ao princípio do bosque por onde corria um riacho. Fred Topek deu uma gargalhada. Em vez de atravessar o riacho e entrar no bosque, começou a seguir o curso da corrente, de maneira que os cavalos não deixassem pegadas. Ainda a rir, Fred Topek olhou para Anthony que era o que estava mais perto de si. Perguntou:
— Se tu nos perseguisses e seguisses o rasto até aqui, que julgarias, Anthony?
— Era muito simples: que se tinham escondido no bosque.
— É isso mesmo que pensará alguém que nos siga. E procurar-nos-á no bosque toda noite. Entretanto nós estamos a quatro ou cinco milhas, depois de subir o riacho.
Katia ouviu perfeitamente aquelas palavras e só então compreendeu que estava perdida. Ninguém daria pelo engano. O bosque parecia um refúgio tão propício que ninguém deixaria de o revistar. E quando visse que não estava lá ninguém seria já tarde de mais. Compreendeu tão bem as intenções dos homens como se lesse nos seus pensamentos. Teve um estremecimento de horror. Tentou libertar-se, tentou lutar outra vez mas a força brutal de Fred Topek tornava-a impotente. O pistoleiro gritou:
— Quieta!
A mão direita abateu-se várias vezes sobre, os lábios e depois sobre a cabeça da rapariga que começou a ver tudo andar à roda. Um último murro fê-la desmaiar.
Quando recuperou os sentidos sentiu na boca o gosto do sangue, mas o mais importante não era isso. Os cavalos tinham parado o que significava que tinham chegado ao termo da viagem.
Abriu os olhos, e viu que estavam num grande prado. O riacho tinha ficado para trás. A luz da lua dava um brilho fantasmagórico às coisas. Fred Topek atirou-a para o chão como se atira um fardo. Mas Katia Simmons não se magoou porque a erva estava macia e húmida. Todo o prado cheirava a frescura, a liberdade, a vida. E no entanto fora aquele lugar que os três irmãos Topek tinham escolhido para a sua morte. Desceram dos cavalos calmamente. Katia sentia a sua impotência, sentia-se perdida. Um tremor percorria-lhe o corpo. Tinha vontade de chorar, como quando era pequena. Foi Fred Topek que se aproximou dela, olhando-a com o seu olhar de réptil.
— Eu — disse com voz pastosa. — Primeiro eu.
Os seus dois irmãos ficaram parados, olhando-a também. Katia lembrou-se de Johnny Temple, lembrou-se que a tinha salvo noutra situação semelhante. Lembrou-se de que lhe tinha dado os títulos de propriedade dumas campas. Os homens que tinham tentado abusar dela tinham morrido e conforme dissera Johnny «nunca mais tornariam a aproximar-se duma mulher indefesa». Fred Topek aproximou-se mais. Os seus olhos tinham o brilho frio e metálico do aço. Os lábios de Katia tremiam de desespero.
—Johnny... — articulou. — Johnny, porque não vens? Johnny...
Fred Topek deu uma risada.
— Por quem chamas? Por Fulton?
— Chamo o homem que destruiu a vossa quadrilha... O homem que vos destruirá também.
O mais velho dos Topek tornou a rir.
— Ainda queres ameaçar? Ainda não calculas o que te espera? Katia tentou abafar um soluço, enquanto os lábios se contorciam numa careta de agonia.
— Não se atreverão... Não se atre...
Fred Topek esbofeteou-a com raiva.
— Ajudem-me, vocês! — gritou para os irmãos. — Temos de a deixar de maneira que nem Fulton a conheça!
Atiraram-se os três ao mesmo tempo à rapariga. Seus punhos cerrados caíam como uma chuva mortífera no seu rosto, no seu corpo. Enquanto os lábios lhe sangravam, Katia só pôde balbuciar:
— Johnny... Johnny...
Foi uma agonia horrível, uma agonia sem nome. Katia Simmons teria preferido morrer, morrer mil vezes, mas os Topek queriam que vivesse. Queriam-na viva porque era uma linda mulher. Soluçando, Katia perdeu os sentidos.
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