PAS385. Um punhal a enterrar-se num corpo de mulher
Katia Simmons tinha-se acabado de vestir quando Johnny entrou, sem bater.
— Olá, Katia.
A jovem soltou um grito.
— Johnny... Vai-te embora! Vai, por amor de Deus!
— Vim buscar-te, Katia.
Ela deixou-se cair de joelhos, soluçando. Johnny tentou dizer-lhe qualquer coisa que a consolasse, mas não encontrou palavras.
— Katia...
Ela levantou o rosto, com os olhos marejados de lágrimas.
— Porque vieste, Johnny? Sabes que não posso olhar para ti. Que nunca mais poderei olhar para homem nenhum!
— Pelo menos terás que ver três, Katia.
Ela não respondeu.
— A mim e aos Topek, quando estiverem banhados em sangue.
— Johnny, vai-te...
— Sabes? Já encomendei duas campas juntas, no cemitério de Denver.
— Endoideceste, Johnny. Estás sozinho numa cidade maldita, onde todos são teus inimigos.
Johnny sorriu.
— Melhor, assim, quando disparar não há enganos possíveis.
— Johnny, não queiras morrer aqui. É melhor aquele vale do Arizona, onde bebem água barrenta. Pelo menos, então éramos. éramos...
Não se atreveu a continuar ou não soube encontrar a palavra exata. Rompeu num pranto outra vez.
— Então éramos diferentes — disse John — Eu era um pistoleiro e tu uma rapariga que aspirava a voltar um dia, às ruínas do seu rancho. Agora somos diferentes mas há uma coisa que ainda não mudou em ti: continuas ser a única mulher de quem gostei.
Katia estremeceu.
— Não me fales assim, Johnny! Não sou digna de ti!
— Porquê?
Nesse momento, uma ligeira corrente de ar fez estremecer os cortinados, mas nenhum dos dois o notou.
— Johnny, vai-te embora daqui.
— Só se me acompanhares.
— Sentes compaixão por mim e vieste dizer-me que ainda sou uma mulher, mas isso não é verdade. A minha vida acabou. Tentou afastar-se, mas viu-se cingida por uns braços fortes que a obrigaram a voltar-se. Viu muito perto de si os lábios e os olhos do rapaz, aqueles lábios e aqueles olhos que tinham sido a primeira ilusão da sua vida. Mas agora tudo era diferente. Johnny falou com voz profunda, grave, arrancando a cada palavra urna inflexão profunda. Não eram os seus lábios que falavam, mas o seu coração.
— Foste tu que escolheste Denver, Katia. Esta cidade onde em poucas horas, uma pessoa pode tornar-se milionária... ou morrer. Porquê? Porque te tornaste proprietária dum «saloon» que fez alterar a tua vida?
Ela desviou o seu olhar do dele.
— Queria ser rica.
— Magnífico desejo. Nem que isso fosse à custa de te tornares a maldita rainha da cidade. Os lábios de Katia tremiam.
— Johnny, fi-lo por ti.
— Mentes. E de que te serve mentir agora?
— Nunca falei tão verdade. Tu eras para mim um vagabundo que me ajudou — prosseguiu Katia — um homem perseguido pela Lei, a quem eu devia mais do que a própria vida.
— Não te percebo, Katia.
— Pensei que um dia nos voltaríamos a encontrar e que necessitarias da minha ajuda. Só se fosse uma mulher poderosa te poderia auxiliar, Johnny. Cada dólar que entrava no «saloon», cada nova pedra no edifício, me aproximavam de ti. E quando por fim voltaste... Fez uma pausa suspirando e deixando cair os braços ao longo do corpo:
— Que estranha situação, Johnny! De nada servia eu ser uma mulher rica? Pois se tu tinhas ordem para me eliminar... Eras um representante da Lei e eu, uma delinquente. Os meus sonhos desvaneceram-se...
Johnny apertou-a com mais força ainda, quase a magoá-la.
— Porque te prometeste a Fulton?
— Que importância tem isso agora? Já não sou a mesma mulher para ti!
— Responde à minha pergunta.
— Não somos noivos, no verdadeiro sentido da palavra, embora pareça o contrário. Ele exigiu que eu me casasse com ele, se quisesse continuar nesta cidade.
— E tu que respondeste?
— Encolhi os ombros.
— E se dois meses mais tarde, eu te encontrasse casada com Fulton?
— Nunca chegaríamos a isso, Johnny. Sou uma mulher de recursos e tentaria qualquer coisa. Suspirou.
— E agora sei que não me casarei com ninguém.
— Katia, não tiveste culpa de nada do que aconteceu.
— Não quero a tua compaixão, Johnny. Ele sorriu secamente.
— Acreditas que um antigo pistoleiro pense nisso?
— Qualquer sacrifício da tua parte, ser-me-ia impossível aceitar. Devo afastar-me de ti, Johnny...
— Ainda não, Katia.
E preparou-se para a beijar. As feições de Johnny Temple eram agora mais humanas, mais doces. Mas de repente, estremeceu. Voltou-se e viu Anthony Topek que se preparava para lhe atirar o seu punhal enquanto ria sarcasticamente.
Johnny levou a mão ao seu «colt» mas compreendeu que nunca chegaria a tempo. O punhal acabava de sair das mãos do assassino. Era o fim...
Katia soltou um grito, ao ver voar na direção de Johnny a brilhante folha de aço. E meteu-se à sua frente, procurando salvar Johnny a troco da sua própria vida. Johnny não o conseguiu evitar, tão rápido foi o movimento de Katia. Soltou um grito selvagem ao ver o punhal enterrar-se no corpo de Katia Simmons.
— Olá, Katia.
A jovem soltou um grito.
— Johnny... Vai-te embora! Vai, por amor de Deus!
— Vim buscar-te, Katia.
Ela deixou-se cair de joelhos, soluçando. Johnny tentou dizer-lhe qualquer coisa que a consolasse, mas não encontrou palavras.
— Katia...
Ela levantou o rosto, com os olhos marejados de lágrimas.
— Porque vieste, Johnny? Sabes que não posso olhar para ti. Que nunca mais poderei olhar para homem nenhum!
— Pelo menos terás que ver três, Katia.
Ela não respondeu.
— A mim e aos Topek, quando estiverem banhados em sangue.
— Johnny, vai-te...
— Sabes? Já encomendei duas campas juntas, no cemitério de Denver.
— Endoideceste, Johnny. Estás sozinho numa cidade maldita, onde todos são teus inimigos.
Johnny sorriu.
— Melhor, assim, quando disparar não há enganos possíveis.
— Johnny, não queiras morrer aqui. É melhor aquele vale do Arizona, onde bebem água barrenta. Pelo menos, então éramos. éramos...
Não se atreveu a continuar ou não soube encontrar a palavra exata. Rompeu num pranto outra vez.
— Então éramos diferentes — disse John — Eu era um pistoleiro e tu uma rapariga que aspirava a voltar um dia, às ruínas do seu rancho. Agora somos diferentes mas há uma coisa que ainda não mudou em ti: continuas ser a única mulher de quem gostei.
Katia estremeceu.
— Não me fales assim, Johnny! Não sou digna de ti!
— Porquê?
Nesse momento, uma ligeira corrente de ar fez estremecer os cortinados, mas nenhum dos dois o notou.
— Johnny, vai-te embora daqui.
— Só se me acompanhares.
— Sentes compaixão por mim e vieste dizer-me que ainda sou uma mulher, mas isso não é verdade. A minha vida acabou. Tentou afastar-se, mas viu-se cingida por uns braços fortes que a obrigaram a voltar-se. Viu muito perto de si os lábios e os olhos do rapaz, aqueles lábios e aqueles olhos que tinham sido a primeira ilusão da sua vida. Mas agora tudo era diferente. Johnny falou com voz profunda, grave, arrancando a cada palavra urna inflexão profunda. Não eram os seus lábios que falavam, mas o seu coração.
— Foste tu que escolheste Denver, Katia. Esta cidade onde em poucas horas, uma pessoa pode tornar-se milionária... ou morrer. Porquê? Porque te tornaste proprietária dum «saloon» que fez alterar a tua vida?
Ela desviou o seu olhar do dele.
— Queria ser rica.
— Magnífico desejo. Nem que isso fosse à custa de te tornares a maldita rainha da cidade. Os lábios de Katia tremiam.
— Johnny, fi-lo por ti.
— Mentes. E de que te serve mentir agora?
— Nunca falei tão verdade. Tu eras para mim um vagabundo que me ajudou — prosseguiu Katia — um homem perseguido pela Lei, a quem eu devia mais do que a própria vida.
— Não te percebo, Katia.
— Pensei que um dia nos voltaríamos a encontrar e que necessitarias da minha ajuda. Só se fosse uma mulher poderosa te poderia auxiliar, Johnny. Cada dólar que entrava no «saloon», cada nova pedra no edifício, me aproximavam de ti. E quando por fim voltaste... Fez uma pausa suspirando e deixando cair os braços ao longo do corpo:
— Que estranha situação, Johnny! De nada servia eu ser uma mulher rica? Pois se tu tinhas ordem para me eliminar... Eras um representante da Lei e eu, uma delinquente. Os meus sonhos desvaneceram-se...
Johnny apertou-a com mais força ainda, quase a magoá-la.
— Porque te prometeste a Fulton?
— Que importância tem isso agora? Já não sou a mesma mulher para ti!
— Responde à minha pergunta.
— Não somos noivos, no verdadeiro sentido da palavra, embora pareça o contrário. Ele exigiu que eu me casasse com ele, se quisesse continuar nesta cidade.
— E tu que respondeste?
— Encolhi os ombros.
— E se dois meses mais tarde, eu te encontrasse casada com Fulton?
— Nunca chegaríamos a isso, Johnny. Sou uma mulher de recursos e tentaria qualquer coisa. Suspirou.
— E agora sei que não me casarei com ninguém.
— Katia, não tiveste culpa de nada do que aconteceu.
— Não quero a tua compaixão, Johnny. Ele sorriu secamente.
— Acreditas que um antigo pistoleiro pense nisso?
— Qualquer sacrifício da tua parte, ser-me-ia impossível aceitar. Devo afastar-me de ti, Johnny...
— Ainda não, Katia.
E preparou-se para a beijar. As feições de Johnny Temple eram agora mais humanas, mais doces. Mas de repente, estremeceu. Voltou-se e viu Anthony Topek que se preparava para lhe atirar o seu punhal enquanto ria sarcasticamente.
Johnny levou a mão ao seu «colt» mas compreendeu que nunca chegaria a tempo. O punhal acabava de sair das mãos do assassino. Era o fim...
Katia soltou um grito, ao ver voar na direção de Johnny a brilhante folha de aço. E meteu-se à sua frente, procurando salvar Johnny a troco da sua própria vida. Johnny não o conseguiu evitar, tão rápido foi o movimento de Katia. Soltou um grito selvagem ao ver o punhal enterrar-se no corpo de Katia Simmons.
Comentários
Postar um comentário