PAS389. O segredo da colina
Jenny sentia-se furiosa contra si mesma, vendo que não tinha tido o poder suficiente para fazer falar aquele homem. Estava convencida de que com um pouco menos de altivez, por um pouco que as tivesse esforçado por ser amável, Charly teria dito pela certa o que ia fazer no refúgio do velho Row.
Havia outro meio para retê-lo. Era mais perigoso, mas ia melhor com o seu carácter. Esse recurso era irritá-lo, feri-lo no mais profundo. Não lhe seria difícil. Apesar da serenidade que Charly tinha demonstrado, a jovem tinha-se dado conta de que picava-o em vivo.
— Falhou-lhe a manobra, senhor Garner. Sinto muito.
Quando Jenny disse isto, Charly já estava metendo o alazão pelo caminho cercado de rochas. Não se voltou sequer.
— Depois de tudo, talvez seja melhor — prosseguiu a rapariga, em tom de cómica compulsão. — O meu avô, se chega ao caso, também sabe castigar, talvez com mais dureza que os Rodgers.
Um rugido escapou-se da garganta de Charly. Jenny viu que tinha conseguido o seu propósito mais depressa do que esperava. Mas nesse momento arrependeu-se daquele triunfo. Foi ao ver voltar-se o homem.
O rosto de Charly tinha-se transformado. Louco de fúria, os seus olhos despediam centelhas. O seu peito permanecia ofegante, como se necessitasse de maior quantidade de ar para livrar-se duma ameaçadora asfixia.
— Sabes o que fizeste, boneca?
Não lhe deu tempo a que ela respondesse. Quando a rapariga se deu conta, viu-se no ar, arrancada da sela por um dos poderosos braços de Charly.
Viu-se trasladada para a cavalgadura de Garner. Ali ficou, atravessada como um fardo qualquer, entre a sela e o pescoço do animal, sentindo-se apertada por uma mão do homem.
No momento em que ia a gritar, o cavalo arrancou, como que possuído da mesma fúria do dono. Como um vento feroz alcançaram o alto da colina, desceram a vertente contrária, e a todo o galope lançaram-se pela planície para um lugar próximo, do qual se via um rio.
Ali atrás, o poldro de Jenny corria seguindo o outro cavalo, como que tendo asas para voar assim.
Saltou, ou melhor, atirou a rapariga. Depois, saltou ele.
Jenny ficou caída no chão, e parecia que ia a romper em soluços. Mas só foi um instante. Ao olhar em volta e reconhecendo o sítio, teve outro arranque de soberba. Ergueu-se tão alta como era, e com os olhos cheios de ira, gritou:
— Sabe onde se encontra? Na minha fazenda! Olhe para trás.
Ao longe divisava-se um grupo de vaqueiros. Talvez os tivessem visto.
— Agora terá o que merece
— Mas não antes que tu — replicou Charly.
E num rápido movimento, agarrou-lhe o pulso e puxou-a com força.
— Segue-me, se não queres que te leve de rastos! Ao princípio, ela, desconcertada por ver-lhe a mesma atitude, apesar de saber que se encontrava no feudo dos Keyes, seguiu-o. Mas ao meio da colina, parou.
— Além dum malvado, é um louco. Que pretende? Não vê que vêm para aqui?
E era verdade. Agora estava bem claro que o grupo de cavaleiros se dirigia para a colina.
— Não são estas as terras que querem os Rodgers? Não pretende saber porque Row não queria que lhas cedessem? Nesta colina, está a resposta.
— Já não me interessa! Solte-me!
— Já é um pouco tarde.
À força levou-a até acima. Os últimos passos deu-os levando-a nos braços.
--Afaste esses arbustos e olhe o que há por baixo deles. — ordenou Charly, com voz rouca.
Embriagava-a naquele momento. Sabia que a sua pulsação não era como o velho Row queria, mas não lhe importava.
Jenny, como hipnotizada, fez o que ele lhe indicava. Apenas olhou para a pedra, voltou-se para Charly.
— Uma sepultura?
— A de tua mãe.
O dia começava a acabar, Um clarão de tom avermelhado assomava da longínqua cordilheira, e esse tom projetava-se por cinta dos pastos mais distantes, dando à paisagem, dentro da sua policromia, um tom uniforme de cólera ou tristeza. Jenny tinha-se posto de pé.
— Minha mãe? Você está louco!
--Não tenho tempo para discutir. Grava na tua memória esse nome e pergunta a teu avô quem era Noska Ghadock. Talvez se mostre pouco explícito. Então recorre ao velho Row; se é que ainda tens confiança nele.
Começou a descer a vertente. Ela permaneceu uns, momentos como que aturdida.
Havia outro meio para retê-lo. Era mais perigoso, mas ia melhor com o seu carácter. Esse recurso era irritá-lo, feri-lo no mais profundo. Não lhe seria difícil. Apesar da serenidade que Charly tinha demonstrado, a jovem tinha-se dado conta de que picava-o em vivo.
— Falhou-lhe a manobra, senhor Garner. Sinto muito.
Quando Jenny disse isto, Charly já estava metendo o alazão pelo caminho cercado de rochas. Não se voltou sequer.
— Depois de tudo, talvez seja melhor — prosseguiu a rapariga, em tom de cómica compulsão. — O meu avô, se chega ao caso, também sabe castigar, talvez com mais dureza que os Rodgers.
Um rugido escapou-se da garganta de Charly. Jenny viu que tinha conseguido o seu propósito mais depressa do que esperava. Mas nesse momento arrependeu-se daquele triunfo. Foi ao ver voltar-se o homem.
O rosto de Charly tinha-se transformado. Louco de fúria, os seus olhos despediam centelhas. O seu peito permanecia ofegante, como se necessitasse de maior quantidade de ar para livrar-se duma ameaçadora asfixia.
— Sabes o que fizeste, boneca?
Não lhe deu tempo a que ela respondesse. Quando a rapariga se deu conta, viu-se no ar, arrancada da sela por um dos poderosos braços de Charly.
Viu-se trasladada para a cavalgadura de Garner. Ali ficou, atravessada como um fardo qualquer, entre a sela e o pescoço do animal, sentindo-se apertada por uma mão do homem.
No momento em que ia a gritar, o cavalo arrancou, como que possuído da mesma fúria do dono. Como um vento feroz alcançaram o alto da colina, desceram a vertente contrária, e a todo o galope lançaram-se pela planície para um lugar próximo, do qual se via um rio.
Ali atrás, o poldro de Jenny corria seguindo o outro cavalo, como que tendo asas para voar assim.
Saltou, ou melhor, atirou a rapariga. Depois, saltou ele.
Jenny ficou caída no chão, e parecia que ia a romper em soluços. Mas só foi um instante. Ao olhar em volta e reconhecendo o sítio, teve outro arranque de soberba. Ergueu-se tão alta como era, e com os olhos cheios de ira, gritou:
— Sabe onde se encontra? Na minha fazenda! Olhe para trás.
Ao longe divisava-se um grupo de vaqueiros. Talvez os tivessem visto.
— Agora terá o que merece
— Mas não antes que tu — replicou Charly.
E num rápido movimento, agarrou-lhe o pulso e puxou-a com força.
— Segue-me, se não queres que te leve de rastos! Ao princípio, ela, desconcertada por ver-lhe a mesma atitude, apesar de saber que se encontrava no feudo dos Keyes, seguiu-o. Mas ao meio da colina, parou.
— Além dum malvado, é um louco. Que pretende? Não vê que vêm para aqui?
E era verdade. Agora estava bem claro que o grupo de cavaleiros se dirigia para a colina.
— Não são estas as terras que querem os Rodgers? Não pretende saber porque Row não queria que lhas cedessem? Nesta colina, está a resposta.
— Já não me interessa! Solte-me!
— Já é um pouco tarde.
À força levou-a até acima. Os últimos passos deu-os levando-a nos braços.
--Afaste esses arbustos e olhe o que há por baixo deles. — ordenou Charly, com voz rouca.
Embriagava-a naquele momento. Sabia que a sua pulsação não era como o velho Row queria, mas não lhe importava.
Jenny, como hipnotizada, fez o que ele lhe indicava. Apenas olhou para a pedra, voltou-se para Charly.
— Uma sepultura?
— A de tua mãe.
O dia começava a acabar, Um clarão de tom avermelhado assomava da longínqua cordilheira, e esse tom projetava-se por cinta dos pastos mais distantes, dando à paisagem, dentro da sua policromia, um tom uniforme de cólera ou tristeza. Jenny tinha-se posto de pé.
— Minha mãe? Você está louco!
--Não tenho tempo para discutir. Grava na tua memória esse nome e pergunta a teu avô quem era Noska Ghadock. Talvez se mostre pouco explícito. Então recorre ao velho Row; se é que ainda tens confiança nele.
Começou a descer a vertente. Ela permaneceu uns, momentos como que aturdida.
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