PAS398. Uma utilidade para o vagabundo
O sheriff saiu ao seu encontro, sorrindo afável. Conhecia a jovem desde garota, e tinha-lhe uma grande amizade. Perguntou-lhe:
— A que devo a tua visita, Gladys?
— A uma nojenta questão.
— Suponho que não me vens participar outra notícia de roubo. Estes atuaram no rancho de Harry Radford.
— Não, nesta questão não fomos prejudicados. A nojenta questão refere-se precisamente a Harry Radford.
E explicou o que se tinha passado. O sheriff indignou--se perante a conduta do rancheiro, mas a jovem insistiu:
— Peço-lhe que não diga nada a meu pai. Radford é um mau inimigo, o papá enfurecia-se e não quero que se defronte com ele.
— Não te preocupes, pequena. Mas deves ter cuidado, pois, tu própria o disseste, Harry Radford é um mau inimigo. Nunca gostei desse homem apesar de se ter comportado até agora de forma impecável.
— Não se alarme, sei defender-me.
E deixou o revólver sobre a mesa. O sheriff examinou-o com um sarcástico sorriso e comentou:
— Radford não me explicou isto. Tenho curiosidade em ouvir a sua explicação.
— Aceite a sua recusa.
— Fá-lo-ei para te ser agradável, embora gostasse de lhe partir a cara pela sua maneira de proceder.
Gladys saiu do escritório. Agora, depois de ter desabafado com o sheriff sentia-se mais tranquila. Teria que ter cuidado, pois estava convencida de que a ameaça feita por Radford não fora em vão e tentaria vingar-se.
Dirigiu-se para a loja, para comprar o que lhe fazia falta. Recordou a última vez que esteve no povoado com o mesmo propósito, e pediu a ajuda de «Calamidade» Jim, com a intenção de livrar-se da nojenta presença de Pete Línton. Isto deu-lhe uma ideia: se encontrasse o vagabundo, este poderia ser-lhe da mesma utilidade.
Sim, «Calamidade» Jim podia acompanhá-la, e desta forma seria possível iludir toda a possibilidade de Radford tirar a desforra. O jovem evitaria qualquer perigoso encontro.
Isto era o mais sensato que podia fazer, aferrando-se com grande afã aquela ideia. Mas não pôde conter um gesto de mau humor ao não ver «Calamidade» Jim apoiado ao poste. O vagabundo não se encontrava no seu habitual lugar, e os seus olhos contemplaram com tristeza aquele local, como se encontrasse a falta de um objeto querido.
E não devia ser assim, pois foram muitas as vezes que desejou não vê-lo mais naquela atitude característica, apoiado com negligência, alheio a tudo o que se passava à sua volta. Um homem jovem como ele devia empregar o tempo em algo de útil.
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