PAS402. O médico e a serviçal
Grace apareceu e disse
- Senhor Garner. Está aqui um homem ferido que precisa de si com urgência
Bert largou o livro, soltando uma praga. Grace tinha desaparecido, sem lhe dar tempo a responder e Clifford observou interessado, as reações de Garner. Era curioso, muito curioso mesmo, que a esposa desse ao marido o respeitoso título de «senhor», da mesma maneira que Herbert se dirigia a ela, com a autoridade de um patrão, para com uma criada com muitos anos de casa.
— Está i visto que nao há maneira de uma pessoa estar tranquila, nem sequer no deserto, onde nao devia haver ninguém a nao ser as serpentes cascavéis — murmurou Bert, levantando-se.
Clifford viu-o desaparecer pela porta da cozinha. Simpatizava com ele. Admirava-o pela sua aguda e clarividente inteligência. Gostava de observar o seu tom grave e repousado, os seus ares de grande senhor. Devia estar bastante doente, a julgar pela pálida transparência da sua tez, os pómulos salientes e o seu queixo proeminente. E nao devia ter ainda trinta anos, apesar de já ter cabe-los brancos. A sua figura era, nao obstante, digna e cheia de distinção natural.
«Um autêntico cavalheiro» pensava Clifford. — Pobre homem, tao novo e com um pé na sepultura.
Clifford pensou a seguir em Grace, e involuntariamente, estabeleceu a correspondente diferença entre um e outra.
Grace, loira e resplandecente como um raio de sol, delgada embora forte e bem proporcionada, ao gosto próprio de Clifford, era uma bonita rapariga. Apesar disso nao «dizia bem» com Herbert. Nao era uma verdadeira senhora.
Clifford tinha tido ocasiões de sobra para observar as mãos da jovem senhora Garner. Eram umas mãos largas, fortes e ásperas. Mãos de criada, coma eram de serva as suas deferências para com o marido, a distância respeitosa do seu trato. Uma larga convivência com pessoas bem-educadas tinham-na tornado bem-educada também. Mas esta educação nao era natural, como no marido.
Naquela tarde, sentado na varanda, Clifford imaginou a provável aventura romântica do casal. Um médico distinto, tuberculoso, enamorado da sua criada, casa com ela contra a vontade paterna... e como recurso, foge para o Oeste, com o pretexto da sua doença.
Era esta provavelmente., a história dos Garner, embora Clifford nunca viesse talvez a saber se seria autêntica.
- Senhor Garner. Está aqui um homem ferido que precisa de si com urgência
Bert largou o livro, soltando uma praga. Grace tinha desaparecido, sem lhe dar tempo a responder e Clifford observou interessado, as reações de Garner. Era curioso, muito curioso mesmo, que a esposa desse ao marido o respeitoso título de «senhor», da mesma maneira que Herbert se dirigia a ela, com a autoridade de um patrão, para com uma criada com muitos anos de casa.
— Está i visto que nao há maneira de uma pessoa estar tranquila, nem sequer no deserto, onde nao devia haver ninguém a nao ser as serpentes cascavéis — murmurou Bert, levantando-se.
Clifford viu-o desaparecer pela porta da cozinha. Simpatizava com ele. Admirava-o pela sua aguda e clarividente inteligência. Gostava de observar o seu tom grave e repousado, os seus ares de grande senhor. Devia estar bastante doente, a julgar pela pálida transparência da sua tez, os pómulos salientes e o seu queixo proeminente. E nao devia ter ainda trinta anos, apesar de já ter cabe-los brancos. A sua figura era, nao obstante, digna e cheia de distinção natural.
«Um autêntico cavalheiro» pensava Clifford. — Pobre homem, tao novo e com um pé na sepultura.
Clifford pensou a seguir em Grace, e involuntariamente, estabeleceu a correspondente diferença entre um e outra.
Grace, loira e resplandecente como um raio de sol, delgada embora forte e bem proporcionada, ao gosto próprio de Clifford, era uma bonita rapariga. Apesar disso nao «dizia bem» com Herbert. Nao era uma verdadeira senhora.
Clifford tinha tido ocasiões de sobra para observar as mãos da jovem senhora Garner. Eram umas mãos largas, fortes e ásperas. Mãos de criada, coma eram de serva as suas deferências para com o marido, a distância respeitosa do seu trato. Uma larga convivência com pessoas bem-educadas tinham-na tornado bem-educada também. Mas esta educação nao era natural, como no marido.
Naquela tarde, sentado na varanda, Clifford imaginou a provável aventura romântica do casal. Um médico distinto, tuberculoso, enamorado da sua criada, casa com ela contra a vontade paterna... e como recurso, foge para o Oeste, com o pretexto da sua doença.
Era esta provavelmente., a história dos Garner, embora Clifford nunca viesse talvez a saber se seria autêntica.
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