CNT005_P02. Encontro de insolências
Louise olhou para o homem que estava na sua frente e franziu o rosto em ar desdenhoso. A seguir segurou na carta que ele lhe entregou e antes de a abrir, perguntou:
— O senhor vive em Nova Iorque, não é verdade?
— Sim, porquê? — respondeu Zark Kelly, pois não era outro, o recém-chegado.
— Basta olhar para as suas roupas. Fato e botas novas... próprias de quem não trabalha e vive à custa dos outros. Eu desprezo os homens da cidade!
— Obrigado! — agradeceu Kelly com um sorriso irónico. — Entretanto, era melhor ler a carta... em vez de dizer asneiras!
Louise corou de indignação e levou a mão ao coldre que lhe pendia do cinturão.
— Oiça seu «fantoche» — sibilou. — Isto aqui não é Nova Iorque. Se não viesse da parte do meu pai... fazia-o engolir essas palavras. Assim, esqueço o incidente.
— E faz bem esquecê-lo... porque estou quase a perder a paciência e não tarda muito que lhe dê um par de açoites bem puxados!
— Eu...— e Louise, em bicos dos pés, fula, procurou mas não conseguiu arranjar palavras que exprimissem toda a sua cólera. — Eu...
Kelly, divertido com a fúria da rapariga, continuou:
— Oiça, menina. Em Nova Iorque as mulheres não usam pistolas à cintura, a servirem de adornos, nem dizem tantos disparates em tão poucos minutos. São mais educadas e têm o dom precioso da feminilidade. As calças fizeram-se para os homens... Por isso, é natural que não goste deste ambiente
— RUA!!
Por momentos, Zark ficou maravilhado com o aspecto da rapariga. Transformada pelo furor, estava linda. Os olhos azuis brilhavam de fixos, os cabelos louros caíam-lhe sobre as faces afogueadas, e o colo, tremia, ao compasso de uma respiração opressa.
— Rua, não ouviu? Ou prefere que chame os homens do rancho?
— Talvez seja melhor acalmar-se e ler a carta de seu pai.
— Quero lá saber da carta! — E Louise arrojou o envelope para um canto.— Mandei-o para a rua... e não me faça sair fora de mim!
— Sair fora de si? Dá-me vontade de rir ouvir uma mulher empregar essa frase. É como se uma galinha quisesse cantar como um galo...
— É demais! Vai arrepender-se de ter brincado comigo... e de haver saído de Nova Iorque. Vou dar ordem aos meus homens para o atirarem ao bebedoiro do gado, e obrigarem-no a um banho forçado. Vou humilhá-lo, ouviu?
— Perfeitamente. Graças a Deus não sou surdo.
— Oh! — Completamente transtornada, por encontrar resistência e calma num homem, coisa a que não estava habituada, Louise saiu para a rua e chamou alguns vaqueiros.
Pouco depois, voltou a entrar, rodeada por cinco homens. Apontou para Zark Kelly e gritou:
— Agarrem nesse peralvilho e atirem-no à água.
Kelly não se alterou, nem mostrou qualquer indício de aborrecimento. Viu que os vaqueiros iam cumprir a tarefa com prazer, e isso deu-lhe uma ideia. Deixou-os aproximar, e com uma rapidez desconcertante, atingiu o primeiro com um potente soco nos maxilares. Ao segundo, obrigou-o a dobrar-se com um «curto» no estômago e fê-lo cair com um «martelo» na cabeça. Os outros três pararam, mas não tiveram tempo de refletir.
Kelly caiu sobre eles e aproveitou-se da surpresa para os deixar inconscientes no solo. No fim, só ele ficou de pé. À sua volta, caídos cada um para seu lado, estavam os cinco vaqueiros. Louise não sabia que dizer nem que fazer. Viu um sorriso de troça aflorar aos lábios do nova-iorquino, e isso fê-la perder todo o senso de prudência. Puxou pelo «colt» e apontou-o...
Mas, Zark Kelly sem deixar de sorrir sob a ameaça do cano da arma, começou a aproximar-se, passo a passo, até que chegou junto dela. Então, com delicadeza, tirou-lhe o «colt» da mão, e afagando-lhe o queixo com a coronha, murmurou:
— Oiça, Louise. Deus não cria as mulheres para estas coisas... e sim para constituírem um lar e dedicarem-se aos filhos. E depois, sabe, é pena que manche os seus lábios encantadores com frases tão rudes e pouco dignas, e dê outro brilho aos seus olhos, que não seja o brilho do amor... E agora, adeus. Se quiser encontrar-me, procure por mim no «saloon».
Louise viu Zark Kelly sair, enquanto os vaqueiros voltavam a si. Espantada, rendida à vontade forte daquele homem extraordinário, ficou a pensar: porque não teria ela apertado o gatilho e disparado sobre... aquele... aquele... — Desistiu de encontrar um nome que se ajustasse à atitude do nova-iorquino, ao mesmo tempo que sentia, pela primeira vez, a angústia, e o cruel complexo de inferioridade...
— O senhor vive em Nova Iorque, não é verdade?
— Sim, porquê? — respondeu Zark Kelly, pois não era outro, o recém-chegado.
— Basta olhar para as suas roupas. Fato e botas novas... próprias de quem não trabalha e vive à custa dos outros. Eu desprezo os homens da cidade!
— Obrigado! — agradeceu Kelly com um sorriso irónico. — Entretanto, era melhor ler a carta... em vez de dizer asneiras!
Louise corou de indignação e levou a mão ao coldre que lhe pendia do cinturão.
— Oiça seu «fantoche» — sibilou. — Isto aqui não é Nova Iorque. Se não viesse da parte do meu pai... fazia-o engolir essas palavras. Assim, esqueço o incidente.
— E faz bem esquecê-lo... porque estou quase a perder a paciência e não tarda muito que lhe dê um par de açoites bem puxados!
— Eu...— e Louise, em bicos dos pés, fula, procurou mas não conseguiu arranjar palavras que exprimissem toda a sua cólera. — Eu...
Kelly, divertido com a fúria da rapariga, continuou:
— Oiça, menina. Em Nova Iorque as mulheres não usam pistolas à cintura, a servirem de adornos, nem dizem tantos disparates em tão poucos minutos. São mais educadas e têm o dom precioso da feminilidade. As calças fizeram-se para os homens... Por isso, é natural que não goste deste ambiente
— RUA!!
Por momentos, Zark ficou maravilhado com o aspecto da rapariga. Transformada pelo furor, estava linda. Os olhos azuis brilhavam de fixos, os cabelos louros caíam-lhe sobre as faces afogueadas, e o colo, tremia, ao compasso de uma respiração opressa.
— Rua, não ouviu? Ou prefere que chame os homens do rancho?
— Talvez seja melhor acalmar-se e ler a carta de seu pai.
— Quero lá saber da carta! — E Louise arrojou o envelope para um canto.— Mandei-o para a rua... e não me faça sair fora de mim!
— Sair fora de si? Dá-me vontade de rir ouvir uma mulher empregar essa frase. É como se uma galinha quisesse cantar como um galo...
— É demais! Vai arrepender-se de ter brincado comigo... e de haver saído de Nova Iorque. Vou dar ordem aos meus homens para o atirarem ao bebedoiro do gado, e obrigarem-no a um banho forçado. Vou humilhá-lo, ouviu?
— Perfeitamente. Graças a Deus não sou surdo.
— Oh! — Completamente transtornada, por encontrar resistência e calma num homem, coisa a que não estava habituada, Louise saiu para a rua e chamou alguns vaqueiros.
Pouco depois, voltou a entrar, rodeada por cinco homens. Apontou para Zark Kelly e gritou:
— Agarrem nesse peralvilho e atirem-no à água.
Kelly não se alterou, nem mostrou qualquer indício de aborrecimento. Viu que os vaqueiros iam cumprir a tarefa com prazer, e isso deu-lhe uma ideia. Deixou-os aproximar, e com uma rapidez desconcertante, atingiu o primeiro com um potente soco nos maxilares. Ao segundo, obrigou-o a dobrar-se com um «curto» no estômago e fê-lo cair com um «martelo» na cabeça. Os outros três pararam, mas não tiveram tempo de refletir.
Kelly caiu sobre eles e aproveitou-se da surpresa para os deixar inconscientes no solo. No fim, só ele ficou de pé. À sua volta, caídos cada um para seu lado, estavam os cinco vaqueiros. Louise não sabia que dizer nem que fazer. Viu um sorriso de troça aflorar aos lábios do nova-iorquino, e isso fê-la perder todo o senso de prudência. Puxou pelo «colt» e apontou-o...
Mas, Zark Kelly sem deixar de sorrir sob a ameaça do cano da arma, começou a aproximar-se, passo a passo, até que chegou junto dela. Então, com delicadeza, tirou-lhe o «colt» da mão, e afagando-lhe o queixo com a coronha, murmurou:
— Oiça, Louise. Deus não cria as mulheres para estas coisas... e sim para constituírem um lar e dedicarem-se aos filhos. E depois, sabe, é pena que manche os seus lábios encantadores com frases tão rudes e pouco dignas, e dê outro brilho aos seus olhos, que não seja o brilho do amor... E agora, adeus. Se quiser encontrar-me, procure por mim no «saloon».
Louise viu Zark Kelly sair, enquanto os vaqueiros voltavam a si. Espantada, rendida à vontade forte daquele homem extraordinário, ficou a pensar: porque não teria ela apertado o gatilho e disparado sobre... aquele... aquele... — Desistiu de encontrar um nome que se ajustasse à atitude do nova-iorquino, ao mesmo tempo que sentia, pela primeira vez, a angústia, e o cruel complexo de inferioridade...
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