PAS446. O homem que não voltou à sua cidade

O homem da estrela no peito cavalgava lentamente, com a vista fixa quase permanentemente no chão.
Seguia um rasto.
Ia no encalço duns fugitivos que haviam cometido um crime.
A estrela de latão cintilava em seu peito e os seus olhos brilhavam também de ira, sempre que recordava o assassinato cometido.
O sol resplandecia nas alturas e a sua luz avivava o rasto deixado pelos criminosos ao fugirem, bem como o cano do rifle que ele levava.
Um reflexo de sol fez brilhar repentinamente o cano da arma. E esse brilho, que feriu as pupilas do sheriff, fê-lo endireitar-se mais no selim e levar instintivamente a mão até à culatra da sua arma.
Não chegou porém a tocar-lhe. Ao mesmo tempo que o sol se refletira nela, um outro relâmpago brilhou durante um décimo de segundo.
A detonação repercutiu-se em largos ecos pelas colinas, até se extinguir totalmente. Depois... profundo silêncio.
Pouco depois, ouviram-se uns passos cautelosos. O assassino abeirou-se do sheriff, prostrado, de peito para o chão. Nas costas, uma mancha encarnada, alastrava-se paulatinamente.
Com um dos pés, o criminoso fez voltar aquele corpo inanimado. O sheriff no entanto, ainda respirava.
Olhou o seu assassino através duma densa nuvem vermelha. No meio dessa nuvem, divisou um olho negro: o do cano dum rifle.
A boca da arma incendiou-se subitamente, retorcendo--se o corpo do representante da Lei numa derradeira convulsão.
A detonação assustou uns pássaros que haviam poisado numas ramagens próximas. Deitaram a voar, afastando-se do lugar do crime. Ouviu-se distintamente o bater das suas asas durante uns momentos até se perderem na vastidão.

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