PAS501. Preparação do sacrifício
Uma pessoa pode ser valente e sentir medo. Julgar-se forte e chorar. Odiar com paixão e acabar amando. Mas, ninguém naquele momento duvidasse do que Budy King dizia em sussurros, porque o velho proscrito punha a alma em cada sílaba. Qualquer coisa muito parecida com admiração comoveu Thompson e fê-lo tremer. Talvez o pistoleiro chegasse a pensar que a causa seria o firme revólver, mas nada disse. Esperava, com a testa a transpirar e cruel decisão nos lábios. Esperava como sempre fizera: dimanando dele implacável perigo.
— Vá, então — murmurou Thompson. — Creio... creio que nos equivocámos ao julgá-lo.
— Obrigado, doutor. — O revólver, tal como havia surgido, voltou ao coldre. — Deseje-me sorte.
— Se a minha ajuda pode...
— Adeus. Feche a porta. E quando eu morrer... diga a Jess que fui feliz, servindo-lhe de alguma coisa.
Saiu para o exterior como só o poderia fazer um raio de lua ou um sopro de vento morno. Pegado à parede, sem pressa, caminhou rua abaixo enquanto um sorriso indefinido que jamais o abandonaria neste mundo, ia surgindo nos seus lábios duros e sem cor. Ali, ao ar livre, apreciava-se melhor a iminência do amanhecer. Era uma gigantesca rosa no céu, para a lado do Este, dissipando o negrume intensificado pelas massas de nuvens.
O sol de Kansas iniciava a sua luta surda e não tardaria em brilhar, fraco a princípio e tórrido depois. Estava já longe da casa do veterinário. Estugou o passo e as suas esporas, com alegre sonoridade, tilintaram no silêncio da povoação adormecida, de escuras casas, e no fresco ambiente matinal que ainda mantinha o orvalho nos catos e nas artemísias do deserto próximo.
«COUNTY SALOON»
Viu o letreiro, sujo pelo descuido e estragado pelos anos. Grande e com a pintura meio caída. Dentro da taberna, estavam os homens que ele ia procurar. Antes de se resolver a atravessar o portal, dirigiu um olhar para trás de si: Nada. Rua vazia de vida, solitária, perdendo-se na bruma do fundo. Jess Sylvan ainda dormia, enquanto Thompson, sacudido pela impressão da evidência, talvez tivesse repetido já uma dúzia de vezes que os cidadãos de Yegua City passariam à história pela sua idiotice.
Era o momento de se lançar na peleja, como vinte anos atrás quando o seu nome causava calafrios no norte do Kansas. Tirou os revólveres e tomou-lhes o peso um segundo. Depois, introduzindo-os nos coldres, empurrou a porta e entrou no «County Saloon.» Budy King voltava a ser Budy King. Mais velho, mais cansado, mas tão perigoso como sempre.
Seis indivíduos ocupavam a taberna Sete, para falar exactamente, embora o sétimo estivesse representado por Pltchman, e esse não contava para nada nos seus propósitos.
— Vá, então — murmurou Thompson. — Creio... creio que nos equivocámos ao julgá-lo.
— Obrigado, doutor. — O revólver, tal como havia surgido, voltou ao coldre. — Deseje-me sorte.
— Se a minha ajuda pode...
— Adeus. Feche a porta. E quando eu morrer... diga a Jess que fui feliz, servindo-lhe de alguma coisa.
Saiu para o exterior como só o poderia fazer um raio de lua ou um sopro de vento morno. Pegado à parede, sem pressa, caminhou rua abaixo enquanto um sorriso indefinido que jamais o abandonaria neste mundo, ia surgindo nos seus lábios duros e sem cor. Ali, ao ar livre, apreciava-se melhor a iminência do amanhecer. Era uma gigantesca rosa no céu, para a lado do Este, dissipando o negrume intensificado pelas massas de nuvens.
O sol de Kansas iniciava a sua luta surda e não tardaria em brilhar, fraco a princípio e tórrido depois. Estava já longe da casa do veterinário. Estugou o passo e as suas esporas, com alegre sonoridade, tilintaram no silêncio da povoação adormecida, de escuras casas, e no fresco ambiente matinal que ainda mantinha o orvalho nos catos e nas artemísias do deserto próximo.
«COUNTY SALOON»
Viu o letreiro, sujo pelo descuido e estragado pelos anos. Grande e com a pintura meio caída. Dentro da taberna, estavam os homens que ele ia procurar. Antes de se resolver a atravessar o portal, dirigiu um olhar para trás de si: Nada. Rua vazia de vida, solitária, perdendo-se na bruma do fundo. Jess Sylvan ainda dormia, enquanto Thompson, sacudido pela impressão da evidência, talvez tivesse repetido já uma dúzia de vezes que os cidadãos de Yegua City passariam à história pela sua idiotice.
Era o momento de se lançar na peleja, como vinte anos atrás quando o seu nome causava calafrios no norte do Kansas. Tirou os revólveres e tomou-lhes o peso um segundo. Depois, introduzindo-os nos coldres, empurrou a porta e entrou no «County Saloon.» Budy King voltava a ser Budy King. Mais velho, mais cansado, mas tão perigoso como sempre.
Seis indivíduos ocupavam a taberna Sete, para falar exactamente, embora o sétimo estivesse representado por Pltchman, e esse não contava para nada nos seus propósitos.
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