PAS532. A morte ameaça entre duas paixões
— Quer deixar de fazer papel de parva, sentar-se e deixar de me apontar a arma, Alina?
O dedo estava tenso sobre o gatilho do «Colt», e todavia as palavras brotaram da boca de Crystal com absoluta tranquilidade.
— Vamos, querida, sente-se -- acrescentou.
— Vai tentar convencer-me, miss Dumeine? — replicou ela tratando-a pelo nome de solteira com toda .a maldade.
— Nada disso — disse Crystal sentando-se num dos cadeirões. — Estou simplesmente a tentar que não cometa outra parvoíce. Acho que já cometeu um muito grande, quando abandonou Pack Evans, o melhor homem que já pisou o Oeste. Vamos, sente-se, Alina e não faça mais disparates!
Falava com aprumo, num tom convincente, tranquila, fitando-a nos olhos sem receio algum. Alisa, bem contra sua vontade, sentiu-se admirada. Baixou o «Colt» lentamente, embora não deixasse de o ter apontado na direção dela, e sentou-se na sua frente.
— Estou à espera, Crystal Dumeine — disse com acentuada hostilidade. -- Ande, convença-me e poupar-se-á o tiro.
— Não tenho que convencê-la de nada. Você convencer-se-á sozinha.
— De que me vou convencer? Julga que não sei que você se casou com Pack Evans? Um homem que nunca devia ser para si... e por isso vou matá-la.
Crystal sorriu docemente.
— E não pensou, Alisa, que se pode ter enganado no quarto?
— Enganar-me no quarto? Que diabo quer dizer?
— Simplesmente que devia entrar no outro ao lado. Esse é o quarto de seu marido, mistress Evans.
Alina pôs-se em pé pálida como uma morta e com o cano do «Colt» apontou a porta que ficava atrás de Crystal.
— Quer dizer que...?
Interrompendo-a com um gesto, Crystal deu meia volta e abriu a porta de par em par.
— Entre se quer, Alina — disse friamente.
A loura e explosiva Alisa avançou uns passos e parou :na ombreira da porta. Uma única olhadela foi suficiente para compreender que aquele era o quarto duma pessoa solteira e que não havia ne-nhuma peça de vestuário masculino entre as femi-ninas que se encontravam num pequeno armário cuja porta estava aberta.
Voltou-se como uma víbora, encarando Crystal.
— Que diabo significa isto, miss Dumeine?
— Ainda não compreendeu, mistress Evans? Confesso que a julgava mais esperta. O seu esposo não se casou comigo a bordo do «Nephente» nem em nenhuma outra parte. Foi... uma farsa, embora os seus beijos não o fossem. Sim, Alina Evans! Beijou-me, embora depois daquela noite não o tivesse voltado a fazer, coisa que lastimo profundamente. Você não o merece. Por isso já sabe. Pack Evans não cometeu nenhum delito de bigamia, pelo menos comigo. Compreende? Por isso você não tem que vir com ameaças de morte nem nada parecido. — Crystal levou a mão ao seio e tirou como por artes mágicas um pequeno «Derringer» de cano curto. A arma estava apontada ao peito de Alina, antes que esta tivesse podido fazer qualquer coisa para o evitar. — Podia tê-la morto muito antes de ter entrado, mas não o quis fazer. Reservo esse prazer a Pack. Ele é a única pessoa que tem o direito de a matar, Mina. E não sabe com quanto prazer e ansiedade espero isso!
— Que quer dizer? Porque me há-de matar o meu marido?
— Que pode ele fazer senão matá-la, Alina? Você e esse Richardson do inferno enganaram a família dele, levando-os à ruína em pouco tempo. E tudo por sua causa, Alina. Os seus sogros, os pais de Jack, confiavam na nora e seguiram os conselhos dela, conselhos que por sua vez você recebeu de Jess Richardson, até que chegaram à ruína, morrendo pouco tempo depois. Sim, querida, você merece uma bala. É pena que Pack não me tenha dado licença para ser eu a matá-la ! Estou desejando fazer isso. Acredite que é assim, mistress Evans.
Crystal guardou o «Derringer» no seio, e esperou pela resposta de Alina. Esta não tardou três segundos.
— Isso é mentira, miss Dumeine! — replicou. — É uma infame e enorme mentira para me perder. Eu não fiz nada disso que diz, e se o fiz fui enganada por Richardson...
— Realmente? Então porque o seguiu? Porque abandonou o seu marido meses antes de voltar da guerra? Ande, querida, e conte-lhe isso a ele, se antes de a ouvir não lhe meter na cabeça uma bala que lhe faça saltar os miolos.
— Porque tem esse interesse em que ele me mate?
— Não sabe? Não sabe realmente? Pois eu vou dizer-lhe, mistress Evans. Desejo que a mate, porque este pirilampo do rio, também se apaixonou por ele, compreende? Com um amor muito mais puro que o seu, se é que alguma vez o amou verdadeiramente.
— Quer dizer que?...
— Exactamente o que está a pensar, mistress Evans. Estou apaixonada pelo seu marido e não desejo perdê-lo. Mas antes, como não quero manchar a minha consciência com uma mentira, dir--lhe-ei que entre ele e eu não houve nada além duns simples beijos, produto das circunstâncias. Agora somos sócios no barco, e seremos no rancho que penso adquirir, conjuntamente com um saloon, quando esse porco de Jess Richardson estiver na sua companhia, Alina Evans, no inferno!, que é onde vocês devem estar.
Alina não replicou imediatamente àquela chuva de palavras. Ficou parada na frente de Crystal, fitando-a nos olhos, enquanto guardava o «Colt» que ainda sustinha na mão. Assim se passaram alguns minutos que a Crystal pareceram séculos, até que finalmente Alina interrompeu este silêncio:
— Enfim, querida — disse. — Vou dar-lhe uma alegria.
Agora foi Crystal quem ficou surpreendida.
— Que quer dizer? — perguntou.
— Vejo que também não me compreende, miss Dumeine — replicou Alina em tom mordaz. —Vou dar-lhe uma alegria. Vou fazer com que Pack me meta uma bala na cabeça. Por isso, quer indicar-me onde posso encontrar o meu marido?
Crystal Dumeine moveu as pestanas em sinal de perplexidade e em seguida respondeu com voz perturbada:
— Disse-lhe que o quarto dele é ao lado deste. Vá ao corredor e procure-o.
— Está bem, querida rival. Vou sair. Se passados uns minutos ouvir através da parede um grande ruído, corra para o lado dele e abrigue-o nos seus amorosos braços. Far-lhe-á falta, principalmente se o sheriff vier fazer perguntas indiscretas.
Com um sorriso trocista, Alina Evans recuou até à porta, enquanto Crystal a olhava assombrada. Tinha tentado apavorá-la com as suas palavras, e agora era ela a surpreendida, a apavorada.
— Um momento, mistress Evans—chamou quando Alina já tinha a mão no puxador da porta.
Ela ergueu uma das bonitas e finas sobrancelhas e replicou:
— Vai oferecer-me uns quantos milhares de dólares para que lhe deixe o caminho livre, miss Dumeine? Não se preocupe; Pack fará isso, e sem necessidade de que você, jogadora de batota, tenha que desembolsar um único centavo. Quer dizer, sim. Desejo, é a minha última vontade, que me compre uma coroa de flores.
Com um sorriso trocista, Alina abriu a porta e começou a andar para trás sem a perder de vista. Assim que saiu, qualquer coisa lhe caiu na cabeça, fazendo-a cair Quase em seguida, Crystal empunhou o «Derringer» e avançou para a porta. Chegou a tempo de ouvir um coro de maldições e depois a voz desconhecida dum homem.
--- Caramba, Ó Hara! Esta não é Crystal Dumeine. Esta é...
Crystal não quis ouvir mais. Saiu do quarto com a arma na mão e disparou contra o vulto. Com um grito de agonia, Mac Graham rolou no soalho, enquanto O'Hara e os outros dois largavam o corpo inerte de Alina e levavam as mãos às armas.
O dedo estava tenso sobre o gatilho do «Colt», e todavia as palavras brotaram da boca de Crystal com absoluta tranquilidade.
— Vamos, querida, sente-se -- acrescentou.
— Vai tentar convencer-me, miss Dumeine? — replicou ela tratando-a pelo nome de solteira com toda .a maldade.
— Nada disso — disse Crystal sentando-se num dos cadeirões. — Estou simplesmente a tentar que não cometa outra parvoíce. Acho que já cometeu um muito grande, quando abandonou Pack Evans, o melhor homem que já pisou o Oeste. Vamos, sente-se, Alina e não faça mais disparates!
Falava com aprumo, num tom convincente, tranquila, fitando-a nos olhos sem receio algum. Alisa, bem contra sua vontade, sentiu-se admirada. Baixou o «Colt» lentamente, embora não deixasse de o ter apontado na direção dela, e sentou-se na sua frente.
— Estou à espera, Crystal Dumeine — disse com acentuada hostilidade. -- Ande, convença-me e poupar-se-á o tiro.
— Não tenho que convencê-la de nada. Você convencer-se-á sozinha.
— De que me vou convencer? Julga que não sei que você se casou com Pack Evans? Um homem que nunca devia ser para si... e por isso vou matá-la.
Crystal sorriu docemente.
— E não pensou, Alisa, que se pode ter enganado no quarto?
— Enganar-me no quarto? Que diabo quer dizer?
— Simplesmente que devia entrar no outro ao lado. Esse é o quarto de seu marido, mistress Evans.
Alina pôs-se em pé pálida como uma morta e com o cano do «Colt» apontou a porta que ficava atrás de Crystal.
— Quer dizer que...?
Interrompendo-a com um gesto, Crystal deu meia volta e abriu a porta de par em par.
— Entre se quer, Alina — disse friamente.
A loura e explosiva Alisa avançou uns passos e parou :na ombreira da porta. Uma única olhadela foi suficiente para compreender que aquele era o quarto duma pessoa solteira e que não havia ne-nhuma peça de vestuário masculino entre as femi-ninas que se encontravam num pequeno armário cuja porta estava aberta.
Voltou-se como uma víbora, encarando Crystal.
— Que diabo significa isto, miss Dumeine?
— Ainda não compreendeu, mistress Evans? Confesso que a julgava mais esperta. O seu esposo não se casou comigo a bordo do «Nephente» nem em nenhuma outra parte. Foi... uma farsa, embora os seus beijos não o fossem. Sim, Alina Evans! Beijou-me, embora depois daquela noite não o tivesse voltado a fazer, coisa que lastimo profundamente. Você não o merece. Por isso já sabe. Pack Evans não cometeu nenhum delito de bigamia, pelo menos comigo. Compreende? Por isso você não tem que vir com ameaças de morte nem nada parecido. — Crystal levou a mão ao seio e tirou como por artes mágicas um pequeno «Derringer» de cano curto. A arma estava apontada ao peito de Alina, antes que esta tivesse podido fazer qualquer coisa para o evitar. — Podia tê-la morto muito antes de ter entrado, mas não o quis fazer. Reservo esse prazer a Pack. Ele é a única pessoa que tem o direito de a matar, Mina. E não sabe com quanto prazer e ansiedade espero isso!
— Que quer dizer? Porque me há-de matar o meu marido?
— Que pode ele fazer senão matá-la, Alina? Você e esse Richardson do inferno enganaram a família dele, levando-os à ruína em pouco tempo. E tudo por sua causa, Alina. Os seus sogros, os pais de Jack, confiavam na nora e seguiram os conselhos dela, conselhos que por sua vez você recebeu de Jess Richardson, até que chegaram à ruína, morrendo pouco tempo depois. Sim, querida, você merece uma bala. É pena que Pack não me tenha dado licença para ser eu a matá-la ! Estou desejando fazer isso. Acredite que é assim, mistress Evans.
Crystal guardou o «Derringer» no seio, e esperou pela resposta de Alina. Esta não tardou três segundos.
— Isso é mentira, miss Dumeine! — replicou. — É uma infame e enorme mentira para me perder. Eu não fiz nada disso que diz, e se o fiz fui enganada por Richardson...
— Realmente? Então porque o seguiu? Porque abandonou o seu marido meses antes de voltar da guerra? Ande, querida, e conte-lhe isso a ele, se antes de a ouvir não lhe meter na cabeça uma bala que lhe faça saltar os miolos.
— Porque tem esse interesse em que ele me mate?
— Não sabe? Não sabe realmente? Pois eu vou dizer-lhe, mistress Evans. Desejo que a mate, porque este pirilampo do rio, também se apaixonou por ele, compreende? Com um amor muito mais puro que o seu, se é que alguma vez o amou verdadeiramente.
— Quer dizer que?...
— Exactamente o que está a pensar, mistress Evans. Estou apaixonada pelo seu marido e não desejo perdê-lo. Mas antes, como não quero manchar a minha consciência com uma mentira, dir--lhe-ei que entre ele e eu não houve nada além duns simples beijos, produto das circunstâncias. Agora somos sócios no barco, e seremos no rancho que penso adquirir, conjuntamente com um saloon, quando esse porco de Jess Richardson estiver na sua companhia, Alina Evans, no inferno!, que é onde vocês devem estar.
Alina não replicou imediatamente àquela chuva de palavras. Ficou parada na frente de Crystal, fitando-a nos olhos, enquanto guardava o «Colt» que ainda sustinha na mão. Assim se passaram alguns minutos que a Crystal pareceram séculos, até que finalmente Alina interrompeu este silêncio:
— Enfim, querida — disse. — Vou dar-lhe uma alegria.
Agora foi Crystal quem ficou surpreendida.
— Que quer dizer? — perguntou.
— Vejo que também não me compreende, miss Dumeine — replicou Alina em tom mordaz. —Vou dar-lhe uma alegria. Vou fazer com que Pack me meta uma bala na cabeça. Por isso, quer indicar-me onde posso encontrar o meu marido?
Crystal Dumeine moveu as pestanas em sinal de perplexidade e em seguida respondeu com voz perturbada:
— Disse-lhe que o quarto dele é ao lado deste. Vá ao corredor e procure-o.
— Está bem, querida rival. Vou sair. Se passados uns minutos ouvir através da parede um grande ruído, corra para o lado dele e abrigue-o nos seus amorosos braços. Far-lhe-á falta, principalmente se o sheriff vier fazer perguntas indiscretas.
Com um sorriso trocista, Alina Evans recuou até à porta, enquanto Crystal a olhava assombrada. Tinha tentado apavorá-la com as suas palavras, e agora era ela a surpreendida, a apavorada.
— Um momento, mistress Evans—chamou quando Alina já tinha a mão no puxador da porta.
Ela ergueu uma das bonitas e finas sobrancelhas e replicou:
— Vai oferecer-me uns quantos milhares de dólares para que lhe deixe o caminho livre, miss Dumeine? Não se preocupe; Pack fará isso, e sem necessidade de que você, jogadora de batota, tenha que desembolsar um único centavo. Quer dizer, sim. Desejo, é a minha última vontade, que me compre uma coroa de flores.
Com um sorriso trocista, Alina abriu a porta e começou a andar para trás sem a perder de vista. Assim que saiu, qualquer coisa lhe caiu na cabeça, fazendo-a cair Quase em seguida, Crystal empunhou o «Derringer» e avançou para a porta. Chegou a tempo de ouvir um coro de maldições e depois a voz desconhecida dum homem.
--- Caramba, Ó Hara! Esta não é Crystal Dumeine. Esta é...
Crystal não quis ouvir mais. Saiu do quarto com a arma na mão e disparou contra o vulto. Com um grito de agonia, Mac Graham rolou no soalho, enquanto O'Hara e os outros dois largavam o corpo inerte de Alina e levavam as mãos às armas.
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