PAS553. «Pokerface», o morto-vivo
Não soube quanto tempo se manteve prostrado, mas pareceu-lhe ouvir pessoas andarem à, sua volta.
Foi-as distinguido pouco a pouco e encontrou-se no mesmo estado em que se encontrava agora, absolutamente incapaz de sentir, de compreender o que o cercava. Todas as manifestações de vitalidade estavam suspensas, amortecidas. O coração não acelerava as suas pulsações por motivo algum.
Ouviu algumas vozes considerá-lo como morto por diversas vezes.
E quando, a despeito de tudo isso, conseguiu pôr-se em pé, ele próprio teve a sensação de que se movia como um autómato; que, se praticava actos idênticos aos das outras pessoas, era porque o hábito o levava a isso e não porque a natureza lho impusesse.
Não dormia. Apenas se estendia na cama e ficava sem pensar, mas com a consciência nítida do que se passava à sua volta. Passava dias inteiros sem comer fazia-o naturalmente, levado pelo hábito.
Supondo-o adormecido, ouviu certa ocasião o médico que o examinara, referir-se ao seu caso.
— Não sofre dúvida que tem a morte dentro do corpo — disse ele, explicando o assunto a outras pessoas — mas não é por qualquer forma possível determinar o tempo que vai demorar a agonia. Todo o seu organismo está em completo estado de letargo, uma espécie de paralisia psíquica, como nós, os médicos a classificamos, em consequência do «choque anímico» sofrido.
O médico prosseguiu a conversa. Cristopher ouviu por diversas vezes proferir palavras que não compreendia... «Traumatismo psíquico»... «Hipertensão reversível»... «Espasmo dos vasos cerebrais»... «Estigma de Von Berkman»...
— Morrerá, necessariamente, num prazo relativamente curto, apagando-se pouco a pouco, a não ser que algum fenómeno desconhecido obrigue a sua natureza a reagir, ainda que muito debilmente. Pode afirmar-se que a única coisa que nele se mantém viva é a ideia fixa que o domina: o sentimento da vingança».
Era a realidade. Cristhoper sentia-se prisioneiro dentro do seu próprio corpo, nessa espantosa situação de permanente pesadelo. A única coisa que vagamente sentia era a repugnante sensação da carne barbaramente retalhada dos entes que mais ardentemente amara.
Levantou-se e saiu do hospital para onde o tinham conduzido. Instintivamente, com o escasso dinheiro que trazia consigo, uma vez que os assassinos o tinham despojado das suas economias, adquiriu dois «Colts» 45.
E começou a alucinante busca do homem a que chamavam Bill. Era um inveterado jogador de cartas, que a partir daquele momento nunca mais saiu das tavolagens. Começaram a chamá-lo «Pokerface» (Cara de Poker) e a temê-lo pela diabólica rapidez com que manejava as armas. Novo México, Arizona, Colorado, Utah. Uma imensa galeria de caras que a morte convertera em máscaras de papelão. E sempre com a ideia fixa de descobrir o tal sempre à espera de que alguém pronunciasse aquele nome.
Foi-as distinguido pouco a pouco e encontrou-se no mesmo estado em que se encontrava agora, absolutamente incapaz de sentir, de compreender o que o cercava. Todas as manifestações de vitalidade estavam suspensas, amortecidas. O coração não acelerava as suas pulsações por motivo algum.
Ouviu algumas vozes considerá-lo como morto por diversas vezes.
E quando, a despeito de tudo isso, conseguiu pôr-se em pé, ele próprio teve a sensação de que se movia como um autómato; que, se praticava actos idênticos aos das outras pessoas, era porque o hábito o levava a isso e não porque a natureza lho impusesse.
Não dormia. Apenas se estendia na cama e ficava sem pensar, mas com a consciência nítida do que se passava à sua volta. Passava dias inteiros sem comer fazia-o naturalmente, levado pelo hábito.
Supondo-o adormecido, ouviu certa ocasião o médico que o examinara, referir-se ao seu caso.
— Não sofre dúvida que tem a morte dentro do corpo — disse ele, explicando o assunto a outras pessoas — mas não é por qualquer forma possível determinar o tempo que vai demorar a agonia. Todo o seu organismo está em completo estado de letargo, uma espécie de paralisia psíquica, como nós, os médicos a classificamos, em consequência do «choque anímico» sofrido.
O médico prosseguiu a conversa. Cristopher ouviu por diversas vezes proferir palavras que não compreendia... «Traumatismo psíquico»... «Hipertensão reversível»... «Espasmo dos vasos cerebrais»... «Estigma de Von Berkman»...
— Morrerá, necessariamente, num prazo relativamente curto, apagando-se pouco a pouco, a não ser que algum fenómeno desconhecido obrigue a sua natureza a reagir, ainda que muito debilmente. Pode afirmar-se que a única coisa que nele se mantém viva é a ideia fixa que o domina: o sentimento da vingança».
Era a realidade. Cristhoper sentia-se prisioneiro dentro do seu próprio corpo, nessa espantosa situação de permanente pesadelo. A única coisa que vagamente sentia era a repugnante sensação da carne barbaramente retalhada dos entes que mais ardentemente amara.
Levantou-se e saiu do hospital para onde o tinham conduzido. Instintivamente, com o escasso dinheiro que trazia consigo, uma vez que os assassinos o tinham despojado das suas economias, adquiriu dois «Colts» 45.
E começou a alucinante busca do homem a que chamavam Bill. Era um inveterado jogador de cartas, que a partir daquele momento nunca mais saiu das tavolagens. Começaram a chamá-lo «Pokerface» (Cara de Poker) e a temê-lo pela diabólica rapidez com que manejava as armas. Novo México, Arizona, Colorado, Utah. Uma imensa galeria de caras que a morte convertera em máscaras de papelão. E sempre com a ideia fixa de descobrir o tal sempre à espera de que alguém pronunciasse aquele nome.
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