PAS567. Razões para duas meninas não passearem sozinhas pelos campos
Mais propriamente para distrair a sua nova amiga, Eleonor O'Brien propôs a Minetake dar um passeio a cavalo e visitar, de passagem, a cabana que Maloney lhes havia oferecido. A manhã, soalheira e alegre, apesar de uma ligeira aragem que soprava do Norte, era propícia para a projetada excursão. Tony Mitchell tê-las-ia acompanhado de boa vontade, mas não o fez para não deixar o posto abandonado.
Montadas em magníficos animais, propriedade de Eleonor, as duas raparigas afastaram-se de Rapid City, prometendo estar de volta antes do meio-dia.
Eleonor O'Brien falou a Minetake da sua vida, dos seus amores com Richard Maloney e da leve oposição que o pai fazia às suas relações com o «rural». Segundo a sua opinião, o motivo de tal oposição residia no facto de Maloney não possuir outros meios de fortuna senão os braços e o coração.
Não contou, porém, a Minetake a absurda paixão que «Faro» Robinson nutria por ela e a insistência de sua tia Martha em favor do bandido. Sobre essas coisas tão íntimas e aborrecidas, preferiu guardar um prudente silêncio.
— Não te importes com o facto de Richard ser pobre — disse-lhe Minetake. — Se o amas como dizes, luta denodadamente pela tua felicidade e faz ver a teu pai que o dinheiro não conta em assuntos amorosos. Eu, no teu caso, não faria disso um problema.
Cavalgaram uns segundos em silêncio, contemplando a maravilhosa paisagem.
— Compreendo que sou uma tonta, Minetake — murmurou, por fim, a filha de O'Brien. — Mas é que me sei incapaz de dar o menor desgosto a meu pai... Se não fosse pelo grande amor que lhe tenho, já me teria casado com Dick. Já atingi a maioridade e posso fazê-lo se assim o entender.
— E o que pensa o teu noivo?
— Richard é bom e sumamente compreensivo. Deixou o assunto nas minhas mãos, convencido de que, por fim, o papá consentirá. Eu também penso o mesmo. Ele espera falar-lhe um destes dias... Mas... conta-me alguma coisa acerca de ti, Minetake. De ti e de Tony. Como vos conhecestes? Porque vieste até tão longe?
A filha de «Urso Prateado» explicou à sua amiga tudo quanto esta desejava saber, concluindo com a odisseia da fuga e lamentando a partida que haviam pregado a seu pai. Não obstante, afirmou:
— Mas amo Tony sobre todas as coisas e casar-me-ei com ele.
— Mas, Minetake, eu também quero muito a Dick. Daria a minha vida por ele. No entanto, falta-me a tua força de vontade. Esperemos até ver o que acontece quando ele falar com meu pai.
— Oxalá tenhais sorte. Desejo-vo-la sinceramente. No pouco tempo que te conheço, dei-me conta de que és digna de encontrar a verdadeira felicidade.
Haviam chegado à cabana. Desmontaram à porta, prenderam os cavalos e penetraram no interior da humilde construção.
— Isto está bastante bom, hem? — disse Eleonor. — De princípio não tereis grandes comodidades, mas sei que Tony é habilidoso e com o tempo porá a casa em condições. Além disso, a paisagem é magnífica.
— Agrada-te?
— Muito, Minetake. Não encontro palavras para te exprimir a minha admiração. Pena que o pobre «Pecos» Burt não possa estar convosco!
— É verdade. Acredita que lamentei a sua morte como se se tratasse de um verdadeiro irmão.
Saíram e sentaram-se sobre a erva fresca, à sombra da construção. Do bosque vizinho chegava até elas um agradável sussurro, e alguns pássaros, aninhados no beiral do telhado, lançavam para o ar os seus alegres trinados. Tudo estava impregnado de uma grande paz e serenidade. No entanto, a paz e a serenidade eram enganosas. Um perigo espreitava as duas jovens.
Eleonor O'Brien foi a primeira a dar fé dele. Havia voltado a cabeça para arrancar uma margarida e viu os homens que se aproximavam. Ao seu grito, Minetake voltou também a cabeça e levantou-se disposta a apanhar uma pedra para se defender. Mas os bandidos caíram-lhe em cima e prenderam-lhe os braços.
— Miseráveis! — arquejou a jovem índia. — Que procurais aqui? Vós sois os que fugiram da prisão!
— Como o adivinhaste, pequena? — perguntou um dos foragidos com ironia.
«Faro» Robinson adiantou-se, ignorando Minetake. Todo o seu interesse ia para a pessoa de Eleonor O'Brien.
— Voltamo-nos a ver, Eleonor, e desta vez no meu terreno.
— O que te propões fazer?
— Cansei-me de esperar, querida. Tenho a tua imagem gravada no cérebro com os contornos desenhados a fogo, e é-me impossível arrancá-la. Tu e a tua amiga virão comigo.
Fez um gesto aos restantes bandoleiros. Tratava-se, efetivamente, do grupo de fugitivos. «Faro» Robinson havia-os libertado e todos, sem exceção, haviam decidido fazer parte da nova quadrilha criada por ele. Amarraram os cavalos junto aos das raparigas e penetraram na cabana, levando Minetake.
— É um atropelo de que, apesar de tudo, o julgava incapaz — sussurrou a filha de O'Brien.
«Faro» Robinson cravou de novo as pupilas amareladas no rosto ligeiramente sufocado da jovem.
— Tu és obstinada, mas eu não o sou menos. Veremos por fim quem vence. Que viste em Richard Maloney que eu não tenha?
— Ele é um homem honrado!
O foragido levantou a mão e deixou-a cair com força sobre a face de Eleonor. Naquele momento, dentro da cabana, soou o alarido de um dos homens de Robinson, seguido por um grito de Minetake.
— Que aconteceu, rapazes? -- inquiriu o cabecilha em voz alta.
— Esta ferazinha morena mordeu-me — explicou um deles. — Eu, para me defender, vi-me obrigado a dar-lhe uma bofetada.
O homem que falara havia entretanto surgido à janela.
— Estão uns para os outros! — murmurou a filha de O'Brien, com os olhos húmidos.
«Faro» Robinson ignorou o comentário da jovem.
— Deixai-vos de brincadeiras e amordaçai-a convenientemente ordenou. Sairemos em seguida para o esconderijo.
— Vocês são infames — prosseguiu Eleonor, compreendendo o que havia acontecido com a amiga.
O cabecilha não replicou. Agarrou a jovem pela mão, arrastou-a para o cavalo e em menos de um minuto manietou-a de tal forma que não pudesse escapar. Os restantes bandidos fizeram o mesmo com Minetake, e, pouco depois, com ambas as mulheres prisioneiras, galopavam rumo ao Sul, para o esconderijo que os foragidos tinham nos Termos...
Montadas em magníficos animais, propriedade de Eleonor, as duas raparigas afastaram-se de Rapid City, prometendo estar de volta antes do meio-dia.
Eleonor O'Brien falou a Minetake da sua vida, dos seus amores com Richard Maloney e da leve oposição que o pai fazia às suas relações com o «rural». Segundo a sua opinião, o motivo de tal oposição residia no facto de Maloney não possuir outros meios de fortuna senão os braços e o coração.
Não contou, porém, a Minetake a absurda paixão que «Faro» Robinson nutria por ela e a insistência de sua tia Martha em favor do bandido. Sobre essas coisas tão íntimas e aborrecidas, preferiu guardar um prudente silêncio.
— Não te importes com o facto de Richard ser pobre — disse-lhe Minetake. — Se o amas como dizes, luta denodadamente pela tua felicidade e faz ver a teu pai que o dinheiro não conta em assuntos amorosos. Eu, no teu caso, não faria disso um problema.
Cavalgaram uns segundos em silêncio, contemplando a maravilhosa paisagem.
— Compreendo que sou uma tonta, Minetake — murmurou, por fim, a filha de O'Brien. — Mas é que me sei incapaz de dar o menor desgosto a meu pai... Se não fosse pelo grande amor que lhe tenho, já me teria casado com Dick. Já atingi a maioridade e posso fazê-lo se assim o entender.
— E o que pensa o teu noivo?
— Richard é bom e sumamente compreensivo. Deixou o assunto nas minhas mãos, convencido de que, por fim, o papá consentirá. Eu também penso o mesmo. Ele espera falar-lhe um destes dias... Mas... conta-me alguma coisa acerca de ti, Minetake. De ti e de Tony. Como vos conhecestes? Porque vieste até tão longe?
A filha de «Urso Prateado» explicou à sua amiga tudo quanto esta desejava saber, concluindo com a odisseia da fuga e lamentando a partida que haviam pregado a seu pai. Não obstante, afirmou:
— Mas amo Tony sobre todas as coisas e casar-me-ei com ele.
— Mas, Minetake, eu também quero muito a Dick. Daria a minha vida por ele. No entanto, falta-me a tua força de vontade. Esperemos até ver o que acontece quando ele falar com meu pai.
— Oxalá tenhais sorte. Desejo-vo-la sinceramente. No pouco tempo que te conheço, dei-me conta de que és digna de encontrar a verdadeira felicidade.
Haviam chegado à cabana. Desmontaram à porta, prenderam os cavalos e penetraram no interior da humilde construção.
— Isto está bastante bom, hem? — disse Eleonor. — De princípio não tereis grandes comodidades, mas sei que Tony é habilidoso e com o tempo porá a casa em condições. Além disso, a paisagem é magnífica.
— Agrada-te?
— Muito, Minetake. Não encontro palavras para te exprimir a minha admiração. Pena que o pobre «Pecos» Burt não possa estar convosco!
— É verdade. Acredita que lamentei a sua morte como se se tratasse de um verdadeiro irmão.
Saíram e sentaram-se sobre a erva fresca, à sombra da construção. Do bosque vizinho chegava até elas um agradável sussurro, e alguns pássaros, aninhados no beiral do telhado, lançavam para o ar os seus alegres trinados. Tudo estava impregnado de uma grande paz e serenidade. No entanto, a paz e a serenidade eram enganosas. Um perigo espreitava as duas jovens.
Eleonor O'Brien foi a primeira a dar fé dele. Havia voltado a cabeça para arrancar uma margarida e viu os homens que se aproximavam. Ao seu grito, Minetake voltou também a cabeça e levantou-se disposta a apanhar uma pedra para se defender. Mas os bandidos caíram-lhe em cima e prenderam-lhe os braços.
— Miseráveis! — arquejou a jovem índia. — Que procurais aqui? Vós sois os que fugiram da prisão!
— Como o adivinhaste, pequena? — perguntou um dos foragidos com ironia.
«Faro» Robinson adiantou-se, ignorando Minetake. Todo o seu interesse ia para a pessoa de Eleonor O'Brien.
— Voltamo-nos a ver, Eleonor, e desta vez no meu terreno.
— O que te propões fazer?
— Cansei-me de esperar, querida. Tenho a tua imagem gravada no cérebro com os contornos desenhados a fogo, e é-me impossível arrancá-la. Tu e a tua amiga virão comigo.
Fez um gesto aos restantes bandoleiros. Tratava-se, efetivamente, do grupo de fugitivos. «Faro» Robinson havia-os libertado e todos, sem exceção, haviam decidido fazer parte da nova quadrilha criada por ele. Amarraram os cavalos junto aos das raparigas e penetraram na cabana, levando Minetake.
— É um atropelo de que, apesar de tudo, o julgava incapaz — sussurrou a filha de O'Brien.
«Faro» Robinson cravou de novo as pupilas amareladas no rosto ligeiramente sufocado da jovem.
— Tu és obstinada, mas eu não o sou menos. Veremos por fim quem vence. Que viste em Richard Maloney que eu não tenha?
— Ele é um homem honrado!
O foragido levantou a mão e deixou-a cair com força sobre a face de Eleonor. Naquele momento, dentro da cabana, soou o alarido de um dos homens de Robinson, seguido por um grito de Minetake.
— Que aconteceu, rapazes? -- inquiriu o cabecilha em voz alta.
— Esta ferazinha morena mordeu-me — explicou um deles. — Eu, para me defender, vi-me obrigado a dar-lhe uma bofetada.
O homem que falara havia entretanto surgido à janela.
— Estão uns para os outros! — murmurou a filha de O'Brien, com os olhos húmidos.
«Faro» Robinson ignorou o comentário da jovem.
— Deixai-vos de brincadeiras e amordaçai-a convenientemente ordenou. Sairemos em seguida para o esconderijo.
— Vocês são infames — prosseguiu Eleonor, compreendendo o que havia acontecido com a amiga.
O cabecilha não replicou. Agarrou a jovem pela mão, arrastou-a para o cavalo e em menos de um minuto manietou-a de tal forma que não pudesse escapar. Os restantes bandidos fizeram o mesmo com Minetake, e, pouco depois, com ambas as mulheres prisioneiras, galopavam rumo ao Sul, para o esconderijo que os foragidos tinham nos Termos...
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