PAS608. Os avanços da civilização
Lorde Patrick, sem poder pronunciar uma palavra, seguia com emoção os movimentos daquela jovem que ele havia insultado. Pela primeira vez, depois de longos anos, lorde Patrick sentiu as lágrimas a inundarem-lhe o rosto.
Abraçou-se ao filho, seguindo os movimentos da Iuta.
Heddy, seguida, de oito cavaleiros, surgiu como um furacão diante de Leclair, os seus braços moveram-se com extraordinária rapidez e perto de vinte homens caíram crivados de chumbo.
— Essa mulher é um demónio! — gritou o rancheiro gordo.
A luta prosseguiu. Bergson projectou-se contra os guerreiros índios com dez homens. Estrondos violentos cobriram o espaço e perto de trinta guerreiros foram sacudidos das seus cavalos.
— O velho do chapéu de palha é um monstro! — gritou uma mulher magra.
«Lobo Vermelho» deixou escapar uma praga e correu ao encontro de Bergson com os seus guerreiros. Mas Bergson, o terrível Bergson, queria provar àquele mundo de imbecis aquilo que fora. Ergueu-se sobre o cavalo e o seu corpo dobrou-se para a frente, enquanto os seus «Colts» vomitavam morte.
Dezenas de guerreiros rolaram para o solo crivados de chumbo.
«Lobo Vermelho», com um ombro a escorrer sangue, recuou entre os homens que lhe restavam para depois projectar-se para a frente com fúria diabólica.
A multidão paralisada seguia emocionada o terrível duelo de morte.
Heddy continuava a suprimir o bando de Leclair; da sela do seu cavalo, surgiam com rapidez de relâmpago «Colts» carregados que despejava sem interrupção.
Leclair, furioso, procurava defender-se para não ver perecido o seu poder diante da multidão que o adorava.
— Ah! Como me faz falta uma arma — lamentou Roberto.
— Tenho fé de que tudo terminará com a nossa vitória — respondeu lorde Patrick, sem perder de vista a jovem.
«Lobo Vermelho», de lança em riste, parecia um leão entre os seus guerreiros.
Por fim, uma descarga de Bergson atirou-o do cavalo abaixo. Tentou erguer-se mas as forças abandonaram-no e ficou sem, movimento.
Os seus guerreiros, vendo-o, morto, puseram-se em debandada.
Então, Bergson correu a auxiliar Heddy que parecia um fantasma no meio da refrega.
E o duelo prosseguiu cada vez mais sanguinolento. Mas os homens de Heddy, treinados para enfrentar grandes atiradores, não se deixavam abater, apesar de Leclair apresentar um número maior.
Por fim, Leclair e Heddy ficaram frente a frente. Heddy abandonou o cavalo e avançou para o seu terrível adversário. Leclair, que se havia apossado do cavalo de um índio, desmontou também.
O povo mal respirava. Roberto tremia, apesar de ter toda a confiança na sua amada.
Heddy e Leclair fitaram-se com ódio, bem patente. Ambos eram morenos, ambos eram possuidores de olhos negros e cabelos negros, ambos eram portadores daquela expressão selvagem que no momento da luta os tornava parecidos.
— Não desejava que morresses cedo, Leclair — disse Heddy, avançando para ele.
— Estás convencida disso?
— Tenho a certeza, Leclair. Bem te avisámos.
À distância, Bergson estava alheio ao que se passava. Todo o seu espírito se encontrava em. derrubar o bando de Leclair, que continuava a resistir.
— Veremos quem fica.
— Quero ver o caminho de ferro a atravessar Oregon e seguir o seu curso, Leclair. Estou farta de diligências.
Os dois foram avançando um para o outro.. A distância foi encurtando. Correu um segundo. Heddy, firme, tinha o corpo um pouco inclinado. Leclair, lateralmente dobrado para a esquerda. Os seus olhares não se despregavam.
Mais meio segundo e...
Roanpeu um estrondo ensurdecedor. Ouviram-se gritos na multidão. Roberto caiu sem forças nos braços do pai, depois precipitou-se como um louco para o lugar sinistro que o fumo da pólvora encobria.
O fumo foi-se extinguindo, lentamente; viu-se Leclair cambalear e cair nos braços de um homem que havia acorrido naquele instante.
Firme, com expressão de desprezo nos lábios, Heddy guardou os «Colts». Roberto, com louca alegria, tomou-a nos braços.
O homem que segurava Leclair, quase sem vida, fixou Heddy, com aborrecimento.
— Disse-te que não fizesses fogo contra ele.
— Um bandido tem de ter a sua conta, Bergson.
Bergson sacudiu a cabeça com tristeza.
— É um bandido, mas é teu irmão. Nunca devias ser tu a matá-lo.
Heddy olhou o velho, assombrada.
— Meu irmão?
— Teu irmão, Heddy.
Todos que haviam acorrido, incluindo lorde Patrick, estavam impressionados com o sucedido.
Heddy desfez-se do abraço de Roberto, deu um passo e atirou com os «Colts» ao chão. Depois, perante o olhar comovido de todos abraçou o corpo ensanguentado daquele que era seu irmão e que o trágico destino fizera que viesse sucumbir em suas mãos.
O olhar de Leclair, quase a apagar-se, fixou Heddy, um pouco assombrado.
— Tony — pronunciou Bergson. — Ela é tua irmã. Heddy é tua irmã. Não vês que são parecidos?
Tony, ou Leclair, ergueu o olhar para quem o segurava e falava. Um ligeiro estremecimento sacudiu o seu corpo tingido de sangue e quase a ser entregue aos horrores da sepultura.
— Bergson! Tio Bergson!
— Meu filho — murmurou o velho com lágrimas nos olhos.
Heddy, aquela mulher que havia momentos dera provas de um poder infernal, soluçava como uma criança desprotegida.
— É minha irmã? — interrogou o moribundo,
— É filha de «sir» Gordon, teu pai.
O infeliz fechou os olhos. A cabeça tombou no peito de Heddy e, uma golfada de sangue brotou de três buracos feitos no-peito.
Voltou a reabrir os olhos e deteve-os em Heddy. E sorriu. A seguir uma nuvem de tristeza tingiu o seu rosto:
— Pequei muito — disse a custo. — Tio Bergson, quis fazer alguma coisa de mim, mas eu andava doido pelo «Colt».
Depois voltou a sorrir e o mesmo sorriso foi desaparecendo conforme o rosto empalidecia.
Foi o último sorriso, aquele sorriso belo de Leclair ou Tony Gordon.
De entre a multidão pôde ouvir-se uma voz comovida:
— Leclair morreu.
O corpo moveu-se num último estertor e ficou rígido nos braços de Bergson, Heddy e Roberto.
A glória daquele jovem que se havia erguido com rapidez, afundara-se da mesma maneira. De odiado e adorado, passara a despertar compaixão.
Bergson fez sinal para quatro dos seus homens, para que transportassem o corpo sem vida de Leclair.
Heddy aproximou-se de lorde Patrick.
— Milorde, seu filho pode continuar com o caminho de ferro. Custou a vida de meu irmão o progresso da Civilização em Oregon.
E sem dar tempo de lorde Patrick pronunciar uma palavra, Heddy montou o seu cavalo e afastou-se abrindo caminho entre a multidão que a olhava com respeito e admiração.
Lorde Patrick olhou para o filho que também se mantinha triste. Depois afastaram-se.
No recinto livre, divisavam-se os dois «Colts» de Heddy, adormecidos no sangue de Leclair, seu irmão, como documento indestrutível' do preço da civilização em Oregon.
O caminho estava livre para lorde Roberto. Podia continuar com o caminho de ferro. Lorde Patrick podia introduzir novos métodos governamentais, baseados na civilização de todos os povos.
«Lobo Vermelho» e Leclair já não existiam.
Abraçou-se ao filho, seguindo os movimentos da Iuta.
Heddy, seguida, de oito cavaleiros, surgiu como um furacão diante de Leclair, os seus braços moveram-se com extraordinária rapidez e perto de vinte homens caíram crivados de chumbo.
— Essa mulher é um demónio! — gritou o rancheiro gordo.
A luta prosseguiu. Bergson projectou-se contra os guerreiros índios com dez homens. Estrondos violentos cobriram o espaço e perto de trinta guerreiros foram sacudidos das seus cavalos.
— O velho do chapéu de palha é um monstro! — gritou uma mulher magra.
«Lobo Vermelho» deixou escapar uma praga e correu ao encontro de Bergson com os seus guerreiros. Mas Bergson, o terrível Bergson, queria provar àquele mundo de imbecis aquilo que fora. Ergueu-se sobre o cavalo e o seu corpo dobrou-se para a frente, enquanto os seus «Colts» vomitavam morte.
Dezenas de guerreiros rolaram para o solo crivados de chumbo.
«Lobo Vermelho», com um ombro a escorrer sangue, recuou entre os homens que lhe restavam para depois projectar-se para a frente com fúria diabólica.
A multidão paralisada seguia emocionada o terrível duelo de morte.
Heddy continuava a suprimir o bando de Leclair; da sela do seu cavalo, surgiam com rapidez de relâmpago «Colts» carregados que despejava sem interrupção.
Leclair, furioso, procurava defender-se para não ver perecido o seu poder diante da multidão que o adorava.
— Ah! Como me faz falta uma arma — lamentou Roberto.
— Tenho fé de que tudo terminará com a nossa vitória — respondeu lorde Patrick, sem perder de vista a jovem.
«Lobo Vermelho», de lança em riste, parecia um leão entre os seus guerreiros.
Por fim, uma descarga de Bergson atirou-o do cavalo abaixo. Tentou erguer-se mas as forças abandonaram-no e ficou sem, movimento.
Os seus guerreiros, vendo-o, morto, puseram-se em debandada.
Então, Bergson correu a auxiliar Heddy que parecia um fantasma no meio da refrega.
E o duelo prosseguiu cada vez mais sanguinolento. Mas os homens de Heddy, treinados para enfrentar grandes atiradores, não se deixavam abater, apesar de Leclair apresentar um número maior.
Por fim, Leclair e Heddy ficaram frente a frente. Heddy abandonou o cavalo e avançou para o seu terrível adversário. Leclair, que se havia apossado do cavalo de um índio, desmontou também.
O povo mal respirava. Roberto tremia, apesar de ter toda a confiança na sua amada.
Heddy e Leclair fitaram-se com ódio, bem patente. Ambos eram morenos, ambos eram possuidores de olhos negros e cabelos negros, ambos eram portadores daquela expressão selvagem que no momento da luta os tornava parecidos.
— Não desejava que morresses cedo, Leclair — disse Heddy, avançando para ele.
— Estás convencida disso?
— Tenho a certeza, Leclair. Bem te avisámos.
À distância, Bergson estava alheio ao que se passava. Todo o seu espírito se encontrava em. derrubar o bando de Leclair, que continuava a resistir.
— Veremos quem fica.
— Quero ver o caminho de ferro a atravessar Oregon e seguir o seu curso, Leclair. Estou farta de diligências.
Os dois foram avançando um para o outro.. A distância foi encurtando. Correu um segundo. Heddy, firme, tinha o corpo um pouco inclinado. Leclair, lateralmente dobrado para a esquerda. Os seus olhares não se despregavam.
Mais meio segundo e...
Roanpeu um estrondo ensurdecedor. Ouviram-se gritos na multidão. Roberto caiu sem forças nos braços do pai, depois precipitou-se como um louco para o lugar sinistro que o fumo da pólvora encobria.
O fumo foi-se extinguindo, lentamente; viu-se Leclair cambalear e cair nos braços de um homem que havia acorrido naquele instante.
Firme, com expressão de desprezo nos lábios, Heddy guardou os «Colts». Roberto, com louca alegria, tomou-a nos braços.
O homem que segurava Leclair, quase sem vida, fixou Heddy, com aborrecimento.
— Disse-te que não fizesses fogo contra ele.
— Um bandido tem de ter a sua conta, Bergson.
Bergson sacudiu a cabeça com tristeza.
— É um bandido, mas é teu irmão. Nunca devias ser tu a matá-lo.
Heddy olhou o velho, assombrada.
— Meu irmão?
— Teu irmão, Heddy.
Todos que haviam acorrido, incluindo lorde Patrick, estavam impressionados com o sucedido.
Heddy desfez-se do abraço de Roberto, deu um passo e atirou com os «Colts» ao chão. Depois, perante o olhar comovido de todos abraçou o corpo ensanguentado daquele que era seu irmão e que o trágico destino fizera que viesse sucumbir em suas mãos.
O olhar de Leclair, quase a apagar-se, fixou Heddy, um pouco assombrado.
— Tony — pronunciou Bergson. — Ela é tua irmã. Heddy é tua irmã. Não vês que são parecidos?
Tony, ou Leclair, ergueu o olhar para quem o segurava e falava. Um ligeiro estremecimento sacudiu o seu corpo tingido de sangue e quase a ser entregue aos horrores da sepultura.
— Bergson! Tio Bergson!
— Meu filho — murmurou o velho com lágrimas nos olhos.
Heddy, aquela mulher que havia momentos dera provas de um poder infernal, soluçava como uma criança desprotegida.
— É minha irmã? — interrogou o moribundo,
— É filha de «sir» Gordon, teu pai.
O infeliz fechou os olhos. A cabeça tombou no peito de Heddy e, uma golfada de sangue brotou de três buracos feitos no-peito.
Voltou a reabrir os olhos e deteve-os em Heddy. E sorriu. A seguir uma nuvem de tristeza tingiu o seu rosto:
— Pequei muito — disse a custo. — Tio Bergson, quis fazer alguma coisa de mim, mas eu andava doido pelo «Colt».
Depois voltou a sorrir e o mesmo sorriso foi desaparecendo conforme o rosto empalidecia.
Foi o último sorriso, aquele sorriso belo de Leclair ou Tony Gordon.
De entre a multidão pôde ouvir-se uma voz comovida:
— Leclair morreu.
O corpo moveu-se num último estertor e ficou rígido nos braços de Bergson, Heddy e Roberto.
A glória daquele jovem que se havia erguido com rapidez, afundara-se da mesma maneira. De odiado e adorado, passara a despertar compaixão.
Bergson fez sinal para quatro dos seus homens, para que transportassem o corpo sem vida de Leclair.
Heddy aproximou-se de lorde Patrick.
— Milorde, seu filho pode continuar com o caminho de ferro. Custou a vida de meu irmão o progresso da Civilização em Oregon.
E sem dar tempo de lorde Patrick pronunciar uma palavra, Heddy montou o seu cavalo e afastou-se abrindo caminho entre a multidão que a olhava com respeito e admiração.
Lorde Patrick olhou para o filho que também se mantinha triste. Depois afastaram-se.
No recinto livre, divisavam-se os dois «Colts» de Heddy, adormecidos no sangue de Leclair, seu irmão, como documento indestrutível' do preço da civilização em Oregon.
O caminho estava livre para lorde Roberto. Podia continuar com o caminho de ferro. Lorde Patrick podia introduzir novos métodos governamentais, baseados na civilização de todos os povos.
«Lobo Vermelho» e Leclair já não existiam.
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