PAS615. Segredo de mulher
Já era noite quando chegou às cercanias da granja de Ethel Conway. Da orla do bosque viu que havia luz na janela e portanto Ethel estava em casa. Permaneceu uns instantes hesitando antes de atravessar a clareira. Ia a fazê-lo quando um cavalo relinchou perto dele.
Alan retrocedeu uns passos. Não havia dúvida que na casa de Ethel estava alguém. E o seu cavalo, ao sentir a presença do que Alan montava, tinha revelado isso perfeitamente.
Escondeu-se para poder observar.
De repente a porta abriu-se e uma figura recortou-se no umbral. Olhou para os lados onde tinha deixado o seu cavalo. Montou rapidamente e afastou-se n um galope desenfreado .
Mas aqueles breves segundos tinham sido suficiente para que Skenton pudesse identificar o desconhecido
Easy Long era quem acabava de abandonar a ca de Ethell!
A descoberta deixara-o atónito. Que fazia Long ali e porque tinha fugido tão precipitadamente?
A sua cabeça dava voltas para ver se era capaz compreender o que tinha acontecido. Esperou uns momentos para ver se Long regressaria.
A porta continuava entreaberta, e por isso podia ver Ethel apoiada nela chorando desconsoladamente.
— Ethel! — chamou Alan, suavemente, temendo sobressaltá-la.
A jovem levantou a cabeça, e olhou Skenton, como se ante ela tivesse aparecido um fantasma. Tinha o rosto congestionado e as lágrimas fluíam-lhe abundantemente dós olhos. `
Ao ver o jovem endireitou-se e tentou apagar os vestígios do seu desconsolo.
— Alan! — balbuciou, surpreendida, levando uma mão à garganta.
— Quem era o homem que acaba de sair daqui?
Ethel não respondeu. Continuava olhando para o jovem e nos seus olhos refletia-se ainda o temor de algo que enchia a sua alma.
— Não é preciso que o digas — continuou Skenton, avançando para ela. — Reconheci-o quando saía. Era Long, o homem que encontrei nas montanhas. O que é que fazia aqui?
— Veio... entrou uns minutos — murmurou Ethel confundida. — Contou-me que te tinha perdido...
— Conhecia-lo?
— Sim.
— Foi ele quem te fez chorar?
— Não, não — negou rapidamente, demasiado até para que Alan acreditasse. — Tinha medo... por tua causa. Temi que te tivesse acontecido alguma coisa.
Alan foi até a um extremo da divisão, onde uma porta encerrava o acesso à cozinha.
— Acho que me ocultas alguma coisa — disse ao voltar-se para Ethel. — É muito estranho encontrar Long aqui. Recordo-me agora que teve muito interesse em recuperar os documentos que Cassley tinha em seu poder.
— Vai-te embora daqui, Alan ---- suplicou-lhe Ethel, fazendo verdadeiros esforços para controlar o choro.
— Só eu tenho a culpa do que te está a suceder Ainda estás a tempo...
— Já é tarde para que eu saia daqui — ne Alan enquanto agarrava a mão de Ethel.
Ela esforçou-se para a retirar, mas Alan agarrou-a com força.
— Deixa-me, Alan — rogou-lhe Ethel, angustiada. Por aquilo que tens de mais querido, volta para a tua terra e esquece-te deste pesadelo.
— Não irei sem que tu me acompanhes.
Ela ficou olhando-o fixamente, enquanto negava com a cabeça em silêncio.
— Vim para te levar comigo — insistiu Alan. — Longe daqui levarás uma vida nova e eu trabalharei para os dois. Que nos importa que Cassley e os seus abutres disputem palmo a palmo a terra e todo o petróleo que há debaixo dela?
— Não... não me posso ir embora daqui.
— Mas o que é que o impede?
— Não posso — soluçou Ethel, retorcendo as mãos com desespero. Vai-te, rogo-te — suplicou ela. — Por aquilo que tens de mais querido.
— Não, não irei! — replicou Alan, fora de si — Ou vens comigo ou ficarei aqui até abandonares tudo isto de vez!
Ethel cobriu o rosto com ambas as mãos e começou a chorar. Alan aproximou-se dela e estreitou-a contra o peito. Sobressaltada, Ethel tentou livrar-se do cerco dos seus braços.
— Não, Alan! Por favor!
— O que é que se passa contigo?
— Deixa-me... é preciso que isto não vá para diante.
Alan olhou-a fixamente.
— Já compreendo — sorriu com amargura. E estou surpreendido por não ter compreendido há mais tempo. — Long é o obstáculo que se interpõe entre nós. Que significa ele para ti? Diz-me de uma vez! — disse-lhe agarrando-a por um braço e sacudindo-a com violência. — O que é Long? O teu noivo? O teu amante. Talvez?
— Não! --- gritou ela angustiada.
— Mentes! — gritou Alan, fora de si. — Estou-o lendo nos teus olhos! Não conseguirás enganar-me por mais que tentes!
— Não continues a torturar-me, Alan — suplicou Ethel, afogada em pranto. — Volta para o lugar donde vieste...
— Não irei sem saber o que Long significa para ti.
— Não insistas...
— Assim o farei! — exclamou com decisão. —Irei à sua procura e obrigá-lo-ei a confessar! Matá-lo-ei se isso for preciso!
— Não, não farás isso! — gritou, Ethel aterrada. Nunca mais poderia perdoar-te!
— Porquê? Fala de uma vez!
— Porque Long... eu... eu sou sua mulher — confessou debilmente inclinando a cabeça.
-- Sua mulher? — exclamou Alan, como se tivesse recebido um murro em pleno rosto.
Ethel assentiu, sem sequer olhar para a cara de Alan.
— Casámo-nos pouco depois de nos conhecermos — explicou com voz apagada. -- Chegou a Walburg em busca de trabalho e o pai deu-lho. Não sabíamos nada dele e parecia trabalhador e honrado. Foi a poucos dias...
Alan soltou o braço de Ethel e deixou que ela se apoiasse na mesa.
— Não tardei a saber que o procuravam. Tinha cometido vários roubos e estava condenado por ter morto várias pessoas. A descoberta deixou-me horrorizada. Então ele riu-se do meu temor. E desde aquele momento comecei a odiá-lo, a odiá-lo, a temê-lo. Teve que fugir, mas quando lhe era possível voltava para me ter sempre sob uma constante ameaça. Até que não regressou mais. Depois, de longe em longe, os seus desmandos iam marcando a sua passagem por diversos Estados. Cheguei a pedir a Deus que lhe cortasse aquela carreira de crimes e roubos. Mas ontem... Cassley veio ver-me e disse que ele tinha voltado.
Alan escutava-a em silêncio, pasmado. Num instante tinham-se esfumado todas as suas esperanças e via cair por terra a sua maior ilusão.
— E hoje... voltou à tua procura?
— Não — negou Ethel — mas disse que trará o dinheiro que for preçiso para pagar a Cassley e deste modo livrar-me das ameaças. Assim poderei vender as terras. Ele diz que valem muito, pois tu assim lho disseste, e com o produto da venda poderemos ir para muito longe e onde ninguém pergunte quem ele é.
— Já compreendo — murmurou Alan com amargura. — Agora já não precisas de mim.
— Não é isso — disse Ethel com calor. -- Agora já não me importa de confessar que é a ti que de verdade amei, mas ele é meu marido e encontro-me ligada a ele por laços que não posso romper.
Alan voltou-lhe as costas e dirigiu-se para a porta. Não se voltou para olhar Ethel, também não chegou até ele qualquer palavra de despedida. Somente escutou os esforços desesperados que Ethel fazia para dominar os soluços.
Abandonou a cabana e montou a cavalo, deixando que este fosse para onde lhe desse na vontade, sem ter um rumo fixo. A alma de Skenton parecia despedaçada pela dolorosa descoberta que acabava de fazer.
Um coiote uivou ao longe, para lá da planície e as montanhas responderam com o eco. A noite acabava de cair sobre Alan e tudo à sua volta parecia mergulhado num manto de trevas e solidão.
Alan retrocedeu uns passos. Não havia dúvida que na casa de Ethel estava alguém. E o seu cavalo, ao sentir a presença do que Alan montava, tinha revelado isso perfeitamente.
Escondeu-se para poder observar.
De repente a porta abriu-se e uma figura recortou-se no umbral. Olhou para os lados onde tinha deixado o seu cavalo. Montou rapidamente e afastou-se n um galope desenfreado .
Mas aqueles breves segundos tinham sido suficiente para que Skenton pudesse identificar o desconhecido
Easy Long era quem acabava de abandonar a ca de Ethell!
A descoberta deixara-o atónito. Que fazia Long ali e porque tinha fugido tão precipitadamente?
A sua cabeça dava voltas para ver se era capaz compreender o que tinha acontecido. Esperou uns momentos para ver se Long regressaria.
A porta continuava entreaberta, e por isso podia ver Ethel apoiada nela chorando desconsoladamente.
— Ethel! — chamou Alan, suavemente, temendo sobressaltá-la.
A jovem levantou a cabeça, e olhou Skenton, como se ante ela tivesse aparecido um fantasma. Tinha o rosto congestionado e as lágrimas fluíam-lhe abundantemente dós olhos. `
Ao ver o jovem endireitou-se e tentou apagar os vestígios do seu desconsolo.
— Alan! — balbuciou, surpreendida, levando uma mão à garganta.
— Quem era o homem que acaba de sair daqui?
Ethel não respondeu. Continuava olhando para o jovem e nos seus olhos refletia-se ainda o temor de algo que enchia a sua alma.
— Não é preciso que o digas — continuou Skenton, avançando para ela. — Reconheci-o quando saía. Era Long, o homem que encontrei nas montanhas. O que é que fazia aqui?
— Veio... entrou uns minutos — murmurou Ethel confundida. — Contou-me que te tinha perdido...
— Conhecia-lo?
— Sim.
— Foi ele quem te fez chorar?
— Não, não — negou rapidamente, demasiado até para que Alan acreditasse. — Tinha medo... por tua causa. Temi que te tivesse acontecido alguma coisa.
Alan foi até a um extremo da divisão, onde uma porta encerrava o acesso à cozinha.
— Acho que me ocultas alguma coisa — disse ao voltar-se para Ethel. — É muito estranho encontrar Long aqui. Recordo-me agora que teve muito interesse em recuperar os documentos que Cassley tinha em seu poder.
— Vai-te embora daqui, Alan ---- suplicou-lhe Ethel, fazendo verdadeiros esforços para controlar o choro.
— Só eu tenho a culpa do que te está a suceder Ainda estás a tempo...
— Já é tarde para que eu saia daqui — ne Alan enquanto agarrava a mão de Ethel.
Ela esforçou-se para a retirar, mas Alan agarrou-a com força.
— Deixa-me, Alan — rogou-lhe Ethel, angustiada. Por aquilo que tens de mais querido, volta para a tua terra e esquece-te deste pesadelo.
— Não irei sem que tu me acompanhes.
Ela ficou olhando-o fixamente, enquanto negava com a cabeça em silêncio.
— Vim para te levar comigo — insistiu Alan. — Longe daqui levarás uma vida nova e eu trabalharei para os dois. Que nos importa que Cassley e os seus abutres disputem palmo a palmo a terra e todo o petróleo que há debaixo dela?
— Não... não me posso ir embora daqui.
— Mas o que é que o impede?
— Não posso — soluçou Ethel, retorcendo as mãos com desespero. Vai-te, rogo-te — suplicou ela. — Por aquilo que tens de mais querido.
— Não, não irei! — replicou Alan, fora de si — Ou vens comigo ou ficarei aqui até abandonares tudo isto de vez!
Ethel cobriu o rosto com ambas as mãos e começou a chorar. Alan aproximou-se dela e estreitou-a contra o peito. Sobressaltada, Ethel tentou livrar-se do cerco dos seus braços.
— Não, Alan! Por favor!
— O que é que se passa contigo?
— Deixa-me... é preciso que isto não vá para diante.
Alan olhou-a fixamente.
— Já compreendo — sorriu com amargura. E estou surpreendido por não ter compreendido há mais tempo. — Long é o obstáculo que se interpõe entre nós. Que significa ele para ti? Diz-me de uma vez! — disse-lhe agarrando-a por um braço e sacudindo-a com violência. — O que é Long? O teu noivo? O teu amante. Talvez?
— Não! --- gritou ela angustiada.
— Mentes! — gritou Alan, fora de si. — Estou-o lendo nos teus olhos! Não conseguirás enganar-me por mais que tentes!
— Não continues a torturar-me, Alan — suplicou Ethel, afogada em pranto. — Volta para o lugar donde vieste...
— Não irei sem saber o que Long significa para ti.
— Não insistas...
— Assim o farei! — exclamou com decisão. —Irei à sua procura e obrigá-lo-ei a confessar! Matá-lo-ei se isso for preciso!
— Não, não farás isso! — gritou, Ethel aterrada. Nunca mais poderia perdoar-te!
— Porquê? Fala de uma vez!
— Porque Long... eu... eu sou sua mulher — confessou debilmente inclinando a cabeça.
-- Sua mulher? — exclamou Alan, como se tivesse recebido um murro em pleno rosto.
Ethel assentiu, sem sequer olhar para a cara de Alan.
— Casámo-nos pouco depois de nos conhecermos — explicou com voz apagada. -- Chegou a Walburg em busca de trabalho e o pai deu-lho. Não sabíamos nada dele e parecia trabalhador e honrado. Foi a poucos dias...
Alan soltou o braço de Ethel e deixou que ela se apoiasse na mesa.
— Não tardei a saber que o procuravam. Tinha cometido vários roubos e estava condenado por ter morto várias pessoas. A descoberta deixou-me horrorizada. Então ele riu-se do meu temor. E desde aquele momento comecei a odiá-lo, a odiá-lo, a temê-lo. Teve que fugir, mas quando lhe era possível voltava para me ter sempre sob uma constante ameaça. Até que não regressou mais. Depois, de longe em longe, os seus desmandos iam marcando a sua passagem por diversos Estados. Cheguei a pedir a Deus que lhe cortasse aquela carreira de crimes e roubos. Mas ontem... Cassley veio ver-me e disse que ele tinha voltado.
Alan escutava-a em silêncio, pasmado. Num instante tinham-se esfumado todas as suas esperanças e via cair por terra a sua maior ilusão.
— E hoje... voltou à tua procura?
— Não — negou Ethel — mas disse que trará o dinheiro que for preçiso para pagar a Cassley e deste modo livrar-me das ameaças. Assim poderei vender as terras. Ele diz que valem muito, pois tu assim lho disseste, e com o produto da venda poderemos ir para muito longe e onde ninguém pergunte quem ele é.
— Já compreendo — murmurou Alan com amargura. — Agora já não precisas de mim.
— Não é isso — disse Ethel com calor. -- Agora já não me importa de confessar que é a ti que de verdade amei, mas ele é meu marido e encontro-me ligada a ele por laços que não posso romper.
Alan voltou-lhe as costas e dirigiu-se para a porta. Não se voltou para olhar Ethel, também não chegou até ele qualquer palavra de despedida. Somente escutou os esforços desesperados que Ethel fazia para dominar os soluços.
Abandonou a cabana e montou a cavalo, deixando que este fosse para onde lhe desse na vontade, sem ter um rumo fixo. A alma de Skenton parecia despedaçada pela dolorosa descoberta que acabava de fazer.
Um coiote uivou ao longe, para lá da planície e as montanhas responderam com o eco. A noite acabava de cair sobre Alan e tudo à sua volta parecia mergulhado num manto de trevas e solidão.
Comentários
Postar um comentário