PAS654. O pistoleiro perde a lucidez
— Bebe, «Frisco»! Anda, rapaz! Bebe mais! — ria Walter Rocky, oferecendo outra garrafa desarrolhada ao pistoleiro.
Belle implorou.
— Deixem-no! Não vêem que já não sabe o que faz nem o que lhe fazem?
— Isso está bem, pequena—comentou Rocky. — precisamente o que nós queremos... Que não saiba o que faz, nem o que se lhe faz, nem o que se passa.
O outro pistoleiro, Madoc, coçou atrás da orelha.
-- Ouve, Rocky, e se nós também bebêssemos um trago? Eu não creio que o rapaz possa preocupar-nos. Está completamente embriagado.
— Não é má ideia — admitiu Walter Rocky. — Bebé, traz uma dessas garrafas.
Como flutuando nas brumas de um pesadelo, «Frisco» agitava-se no leito. O seu corpo estremecia. Em algum ponto do cérebro, conservava a lucidez, mas os nervos não respondiam às ordens da sua vontade embotada.
Através do seu infernal mal-estar, apesar de a bebedeira e de a apatia do seu espírito, com toda a clareza, começou a compreender o «porquê» daqueles homens estarem ali; «porque» não lhe tiravam a vista de cima; «porque» lhe haviam feito beber garrafa atrás de garrafa, sob a ameaça das armas, até cair vencido pelo álcool.
Estavam ali para o vigiar, para impedir que se pusesse em contacto com o xerife. O riso bailou-lhe nos lábios, mas não foi mais do que um abafado gorgolejo, um estertor da garganta... Dave Van Doren havia suspeitado parte da verdade.
Todos sabiam que ninguém era mais rápido do que «Frisco». -Os seus polegares, acionando o percutor dos «Colts», cuspiam chumbo e fogo como relâmpagos.
Salvar uma vez o xerife e permitir-lhe que continuasse com vida novamente... era demasiado para Van Doren. E Walter Rocky estava ali, com Madoc, para lhe impedir uma nova debilidade.
«Debilidade»?
«Frisco» sentiu fogo no peito. Sim... fora isso o que tivera. Porque, em anteriores ocasiões, havia matado sem hesitar, obedecendo aos Van Doren e cobrando o dinheiro prometido.
«Debilidade ?»
Que lhe havia dito Cumberlan? Dissera-lhe que ao fim de cinquenta anos ninguém se lembraria de homens como eles... mas que se deveria, precisamente a eles, o avanço da civilização e da... da Lei. Um objetivo!
Um objetivo na vida! Era isso o que Cumberlan havia alcançado! Em contrapartida... ele...
Sentiu o céu-da-boca seco e passou a língua pelos lábios.
— Queres mais uísque, «Frisco»? -- perguntou Madoc, ironicamente.
Aquelas palavras chegaram-lhe de muito longe.
A lucidez do seu cérebro era cada vez mais intensa.
Mentalmente, viu Chuck. Sim; viu-o sair do escritório e caminhar confiadamente pelo meio da rua. Era manhã cedo e toda a gente dormia ainda em Dodge. Descansando. Todos... exceto uns quantos madrugadores, sentados aqui e ali, ao longo da rua, olhando fixamente para o xerife à espera do sinal... do momento oportuno...
O apito de uma locomotiva fenderia o ar matinal.
O comboio preparar-se-ia para entrar na estação de Dodge...
«As estrelas no céu...»
De todos os lados brotariam os disparos. E Chuck, surpreendido, sem poder defender-se, cairia contra o pó e contra as pedras...
Depois, os seus matadores correriam à estação... para arrebatarem a vida a Jeff Bompard.
E aquele plano havia sido maquinado por ele!
Quis levantar-se, mas nenhum músculo, nenhum nervo obedeceu à desesperada decisão da sua vontade. Uma nuvem apagou todas as imagens do seu pensamento e, lentamente, como se mergulhasse num poço, foi perdendo a consciência, a lucidez, os sentidos.
Belle implorou.
— Deixem-no! Não vêem que já não sabe o que faz nem o que lhe fazem?
— Isso está bem, pequena—comentou Rocky. — precisamente o que nós queremos... Que não saiba o que faz, nem o que se lhe faz, nem o que se passa.
O outro pistoleiro, Madoc, coçou atrás da orelha.
-- Ouve, Rocky, e se nós também bebêssemos um trago? Eu não creio que o rapaz possa preocupar-nos. Está completamente embriagado.
— Não é má ideia — admitiu Walter Rocky. — Bebé, traz uma dessas garrafas.
Como flutuando nas brumas de um pesadelo, «Frisco» agitava-se no leito. O seu corpo estremecia. Em algum ponto do cérebro, conservava a lucidez, mas os nervos não respondiam às ordens da sua vontade embotada.
Através do seu infernal mal-estar, apesar de a bebedeira e de a apatia do seu espírito, com toda a clareza, começou a compreender o «porquê» daqueles homens estarem ali; «porque» não lhe tiravam a vista de cima; «porque» lhe haviam feito beber garrafa atrás de garrafa, sob a ameaça das armas, até cair vencido pelo álcool.
Estavam ali para o vigiar, para impedir que se pusesse em contacto com o xerife. O riso bailou-lhe nos lábios, mas não foi mais do que um abafado gorgolejo, um estertor da garganta... Dave Van Doren havia suspeitado parte da verdade.
Todos sabiam que ninguém era mais rápido do que «Frisco». -Os seus polegares, acionando o percutor dos «Colts», cuspiam chumbo e fogo como relâmpagos.
Salvar uma vez o xerife e permitir-lhe que continuasse com vida novamente... era demasiado para Van Doren. E Walter Rocky estava ali, com Madoc, para lhe impedir uma nova debilidade.
«Debilidade»?
«Frisco» sentiu fogo no peito. Sim... fora isso o que tivera. Porque, em anteriores ocasiões, havia matado sem hesitar, obedecendo aos Van Doren e cobrando o dinheiro prometido.
«Debilidade ?»
Que lhe havia dito Cumberlan? Dissera-lhe que ao fim de cinquenta anos ninguém se lembraria de homens como eles... mas que se deveria, precisamente a eles, o avanço da civilização e da... da Lei. Um objetivo!
Um objetivo na vida! Era isso o que Cumberlan havia alcançado! Em contrapartida... ele...
Sentiu o céu-da-boca seco e passou a língua pelos lábios.
— Queres mais uísque, «Frisco»? -- perguntou Madoc, ironicamente.
Aquelas palavras chegaram-lhe de muito longe.
A lucidez do seu cérebro era cada vez mais intensa.
Mentalmente, viu Chuck. Sim; viu-o sair do escritório e caminhar confiadamente pelo meio da rua. Era manhã cedo e toda a gente dormia ainda em Dodge. Descansando. Todos... exceto uns quantos madrugadores, sentados aqui e ali, ao longo da rua, olhando fixamente para o xerife à espera do sinal... do momento oportuno...
O apito de uma locomotiva fenderia o ar matinal.
O comboio preparar-se-ia para entrar na estação de Dodge...
«As estrelas no céu...»
De todos os lados brotariam os disparos. E Chuck, surpreendido, sem poder defender-se, cairia contra o pó e contra as pedras...
Depois, os seus matadores correriam à estação... para arrebatarem a vida a Jeff Bompard.
E aquele plano havia sido maquinado por ele!
Quis levantar-se, mas nenhum músculo, nenhum nervo obedeceu à desesperada decisão da sua vontade. Uma nuvem apagou todas as imagens do seu pensamento e, lentamente, como se mergulhasse num poço, foi perdendo a consciência, a lucidez, os sentidos.
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