KNS074. Epílogo.

Roy estava só, acabando de atar à sela o seu saco de viagem. Tinha querido evitar as despedidas e por isso nada dissera aos seus amigos, que estavam então com o gado nas pastagens. Ia-se embora furtivamente, como se fugisse, e efetivamente era uma fuga.
Um leve rumor fê-lo voltar a cabeça, e viu Arabella.
— Vais-te embora.
Não era uma pergunta, mas sim uma afirmação.
Roy acabou de prender a última correia e tirou o chapéu sem saber que fazer ou que dizer.
— Não julgava que fosses um cobarde, Royal Donovan.
Com súbita violência, ele atirou o chapéu para o chão e, aproximando-se da rapariga, segurou-a rudemente pelos ombros.
— Que queres tu, Arabella?... — perguntou, em voz rouca. — Sim, amo-te! Amo-te tanto que não posso ver--te feita tonta com Dave Enders ou com qualquer outro desses rapazes que te fazem a corte e com um dos quais acabarás por te casar. Por isso me vou embora. Mas antes...
Apertou-a contra o peito e beijou-a desesperadamente nos lábios, aqueles lábios que andavam a enlouquecê-lo desde que os tinha visto.
— Tu mesma o quiseste... — rouquejou, soltando-a.
Voltou-se, apanhou o chapéu e, tomando as rédeas de «Dark», encaminhou-se para a porta dos estábulos.
—Roy!
Não quis ouvir. Cerrou os dentes e continuou a caminhar.
Então ouviu os passos precipitados dela, e sentiu-se agarrado por um braço.
— Não te deixarei partir... — ouviu-a dizer.
Parou, rígido, sem olhar para ela..
— Não sou um caçador de dotes... — disse.
— Pateta!
Por fim fitou-a, bruscamente, corri a face crispada.
— Se praticares a loucura de casar comigo, procuraremos um lugar bom para construir uma cabana, e terás de trabalhar como uma negra, cuidando da casa, cozinhando, lavando, partindo lenha...
 Arabella, rodeou-lhe o pescoço com os braços, erguendo-se nos bicos dos pés.
— Será maravilhoso!... — suspirou, acariciando-lhe os lábios com o seu hálito.
— Os primeiros anos hão-de ser muito duros... -- insistiu ele, embora a sua voz já fosse menos áspera.
— Amo-te!
— Mas...
— Amo-te!... — repetiu ela, beijando-o de leve.
— Escuta, Arabella. É uma loucura o que...
— Sim?
Arabella fez pressão com as mãos sobre a nuca dele, para obrigá-lo a baixar a cabeça, e então beijou-o apaixonadamente.
 Roy esqueceu-se de todas as suas objeções e, enlaçando-a pela cintura estreita, abandonou-se àquele beijo, numa rendição total.
FIM 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PAS743. A história do homem que matou o melhor amigo

HBD013. Aventuras de Kit Carson publicadas em Portugal