CLF074. CAP VIII. Reencontro inesperado

— Não o entendo — terminou, pondo ponto final no relato que tinha feito ao seu amigo enquanto cavalgavam.
— Porque não sabes que foram os sioux que mataram o único filho de Semple — disse Travis pensativo. Essa foi possivelmente a razão por que a mulher fugiu com o outro. Odiava esta terra e os índios e creio que também o Exército. Pediu ao tenente que deixasse tudo e se fossem daqui, mas ele não quis. Ao chegares tu, com os teus ares da cidade, odiou-te por representares o que ele não será nunca. Mas agora, ao matares os sioux, todos te aceitaram como um igual, e Semple também. Compreendes agora?
— Sim.
Não é que o entendesse muito bem, mas havia demasiado calor para prolongar a conversa. Era a hora da sesta e os homens cavalgavam inclinados sobre as montadas, que tinham chegado quase ao limite das suas forças.
Rudger pensou que tinha conhecido muitas fadigas anteriormente, mas nada se comparava à de agora, que o fazia baixar os ombros como que ao peso de uma carga insuportável.
Existe o cansaço da carne e é suportável; há o cansaço dos ossos, mais cruel, mas pode ser sofrido; mas o cansaço final, o dos nervos e do cérebro, quando se sente que em qualquer momento se pode cair inconsciente da montada, essa tortura é pior, a menos suportável. Aquela fase do cansaço era a que estava sofrendo Duncan, a cavalo desde a madrugada do dia anterior quase sem interrupção. O rasto continuava firme como no primeiro instante e em breve fez uma pronunciada curva para Este. Rudger tratou de sacudir a fadiga e a sonolência, quando Travis o advertiu.
— Que pode significar isto? — perguntou.
— Não estou muito seguro, mas não gosto nada — grunhiu o seu amigo com um gesto preocupado. — Se seguirmos assim, iremos diretamente ao posto de Brown.
Duncan concordou alarmado.
— Julgas que tentaram enganar-nos para atacar o posto?
— Pode ser. Não te parece que devíamos enviar alguém buscar a companhia?
O jovem não duvidou. Não podia correr o risco se havia a mais ligeira possibilidade de que os índios se propunham atacar o posto comercial de Brown. Um rancheiro que se tinha estabelecido naquela formosa paragem onde o rio Smoky Hill descia das pradarias altas até ao enorme vale do Missouri, tendo com ele dois irmãos e quatro filhos, sua esposa, a esposa de um dos seus irmãos e dois filhos, além de sete netos, de seis anos o mais velho. Tinha também quatro vaqueiros contratados, e seguramente tinham-se lá refugiado alguns dos colonos das imediações, mas n5,0 bastavam eles para conter mais de uma centena de índios que calculavam que tinham nela frente.
Voltando-se sobre a sela olhou o explorador mais próximo. Um homem magro e barbudo, cujo rosto era urna máscara de pó amassado pelo suor e com cicatrizes húmidas que indicavam a boca e os olhos. Deu conta de que todos estavam nas mesmas condições e compreendeu que pior aspeto devia ele ter.
-- Queres voltar e tentar alcançar o capitão, Linus? — perguntou-lhe.
O homem mostrou os dentes, também sujos de pó.
— Claro! — disse. — Trá-lo-ei, companheiro; confia em mim.
— Bem vês que parecem querer atacar o posto de Brown. Diz-lhe assim.
— Fica descansado.
O homem fez voltar o cavalo e agitando o chapéu como despedida, afastou-se, rápido.
A proximidade de uma das granjas espalhadas pelo território, viram o fumo de muito longe, e ao chegar perto dela viram que tanto a casa corno o curral, eram outras tantas fogueiras imensas.
O pelotão fez alto, os homens baixaram das suas montadas e estes afastaram-se com as cabeças baixas; e o suor corria-lhes pelos flancos como pequenos riachos de água salpicada de pó.
Os exploradores examinaram detidamente os arredores e reuniram-se para trocar impressões, enquanto um deles segurava os cavalos.
— Não havia ninguém e os diabos vermelhos apenas pararam para pegar fogo às construções — resumiu Travis.— Deve haver umas duas horas que isto aconteceu.
— Julgas que deram conta de que são seguidos? — perguntou Duncan.
— Não. Não o creio. Ainda que suponha que não tardarão em descobri-lo.
— Parece ser certo que se dirigem para o posto, não?
— Disso, não tenho a menor dúvida.
— Então, que lhes parece se abandonássemos a pista que estamos a seguir e nos dirigíssemos para lá, diretamente?
Todos estiveram de acordo e, montando os cavalos, recomeçaram a marcha, desviando-se agora das marcas que estavam seguindo.
Três horas mais tarde, subiram uma pequena encosta que dominava o vale no meio do qual corria um fio prateado do Smoky Hill, e em frente deles e do rio apareciam umas sólidas construções. Era o posto de Brown! Ou o que restava dele.
Havia já algum tempo que ouviam os tiros e viam o fumo. Agora distinguiam com toda a clareza o círculo móvel que rodeava a maior das casas, e de todos os buracos saíam nuvenzinhas de fumo, enquanto as chamas consumiam as restantes habitações.
Os dez homens observavam o espetáculo, mantendo o brusco silêncio.
Duncan voltou-se para os seus companheiros e deu conta, com dolorosa clareza da sua completa impotência. Que podiam fazer eles, sozinhos, contra uma centena de arrojados e bem armados guerreiros vermelhos.
— E agora, que fazemos?— perguntou roucamente, com a absurda esperança de que aqueles veteranos lhe pudessem sugerir um plano de ação que permitisse afugentar os índios.
Mas todos se mantiveram em silêncio.
— Nada! Maldita sorte! Nada! — resmungou raivosamente Travis, ao fim de uma interminável pausa. — Só esperar. Esperar e rezar para que os nossos cheguem a tempo.
— Se ao menos pudéssemos estar lá, — murmurou em voz sumida um dos homens.
Aquilo fez conceber a Duncan alguma esperança. Efetivamente, se eles pudessem lá chegar, todos bem armados como estavam, e magníficos atiradores, aumentariam consideravelmente as possibilidades de resistir até à, chegada da coluna, de socorros.
Então fixou-se na curva do rio e no arvoredo que o marginava. Atuando com cuidado, ocultos pelo arvoredo, podiam chegar muito próximo da casa, e então...
— Porque não tentamos chegar lá? — perguntou. — Pelo rio poderíamos chegar sem sermos vistos.
As suas palavras não pareceram despertar muito interesse, e os outros exploradores nem sequer o olharam.
— Os índios não são parvos, Duncan — explicou Cameron, passada uma eternidade. Esperam-nos ali e devem ter o rio vigiado.
Mas Duncan não se resignava. Recordava o corpulento Brown, um homem ruidoso e alegre que estava sempre a rir. Os outros que viviam com ele e especialmente as mulheres e as crianças. Só lá tinha estado uma vez, mas agora podia evocar com clareza, o rosto de cada uma das pessoas. E também os corpos ensanguentados dos Milier.
Vendo o número de selvagens que atacavam a cabana, cujos gritos chegavam até eles bastante nítidos, Duncan compreendeu perfeitamente que os defensores não poderiam resistir a uma acometida séria. Por muitos colonos que lá se encontrassem refugiados, não podiam ser mais que uma vintena de homens, e tinham pela frente, mais de cento e vinte selvagens dos mais ferozes de todo o Noroeste.
— São sioux? — perguntou, distraído.
— Sioux, araphoes e cheyennes do Norte e do Sul — replicou também distraído, um dos veteranos colonizadores que sabia distinguir umas tribos das outras, pelos seus adornos e pinturas.
— O capitão Henely e o resto da companhia não podem chegar antes de amanhã — continuou, dando voz aos seus pensamentos.
— Ou talvez mais tarde — disse Travis.
-- Julgas que podem resistir, até lá?
— Não. Não o creio.
— E vamos permanecer aqui, de braços cruzados, vendo como degolam toda essa pobre gente?
Cameron voltou-se para ele com rosto desfigurado.
— E depois! Que podemos fazer? — gritou, fazendo gestos de uma forma desordenada. — Vamo-nos lançar os dez contra essa horda de selvagens e cuspir-lhes na cara?
Duncan nunca o tinha visto daquela maneira, mas não se surpreendeu. Havia motivos para que aquele homem ou o mais calmo perdesse as estribeiras. Sabia que teria sorrido tranquilamente e seria um dos primeiros a defender a cabana se tivesse possibilidades. Era o não poder fazer nada que lhe fazia proceder daquela maneira.
— Alguma coisa poderíamos tentar — insistiu de novo Duncan.
Travis olhou-o com os olhos injetados de raiva. Era difícil reconhecer o habitualmente calmo rapagão, naquele rosto transfigurado pela angústia e pela ira, e coberto por urna máscara de terra. Sobre a sua camisa empa-pada de suor, tinha-se aderido o pó, que se convertera em barro, desde as botas ao cha-péu. Mais parecia que se tinha rebolado na terra vermelha do caminho.
— Tu diriges esta expedição, Duncan — disse com voz enrouquecida, realizando um poderoso esforço para conter a cólera e a im-paciência. Dá as ordens.
— Isso é um disparate, Travis. Qualquer de vocês é muito mais capacitado. Precisamente , por isso, lhes peço conselho. Mas alguma coisa, temos que fazer.
Cameron estava fora de si e os seus nervos estalaram.
— Sim? Tu és muito esperto, muito valente e o melhor de todos. Não foi isso o que disseste ao capitão? E mataste três sioux; não? Com certeza que podes espantar esses cento e trinta. Não tens mais do que aparecer e gritar que estás aqui.
Duncan também estava alterado, e o seu melhor amigo carregava na velha ferida que acabou com a sua revolta, se é que a havia.
— Não sou nada disso que dizes, mas tão-pouco tenho água nas veias e não posso permanecer aqui cruzando os braços, vendo como assassinam essa pobre gente — gritou. — Se ninguém quer vir comigo, irei sozinho...
— Muito bem. Talvez te sintas mais feliz quando a tua linda cabeleira estiver colocada à cintura de um desses demónios.
— Um momento! — interveio um maduro e veterano colono.
— Todos estamos dispostos a tentar ajudar os Brown, se isso for possível. mas não permitiremos disparates. A tua aparição denunciar-nos-ia a todos, e não queremos ser caçados como coelhos, sem proveito para ninguém.
Duncan olhou-os a todos desesperadamente e o seu cérebro procurava um plano que os convencesse, e de repente, assaltou-o uma ideia fantástica, tão fantástica e descabida corno a sua mente.
— Multo bem! — disse. — Creio que poderemos espantar esses selvagens, pelo menos pelo tempo necessário até chegarmos à casa. Estão dispostos a ajudar-me?
Os nove exploradores olharam-no entre incrédulos, receosos e irritados.
— Que nos propões? — perguntou um.
— Que se passaria se os pele-vermelhas vissem levantar-se por estas colinas uma grande poeirada, e começassem a aparecer cavaleiros lançados a todo o galope sobre eles, gritando e disparando? — perguntou excitado.
As suas palavras vincaram nas faces dos exploradores urna expressão de incredulidade.
— Recuariam sem dúvida, velo menos até saberem o que é que lhes caía em cima — prosseguiu Rudger, já que todos ficaram calados.
— E essa poeirada? — perguntou Travis passada a sua perplexidade.
— Todos temos laços. Podemos retrocede: e arrancar arbustos que amarraremos e depois arrastaremos atrás de nós; levantarão muita poeira. Enquanto cavalgamos ir-nos-emos escalonando de modo que os índios nos vejam aparecer um a um, como se nos tivéssemos adiantado ao grosso da coluna. Abandonaremos os arbustos antes que possam ser vistos depois gritando e agitando os rifles, iremos direitos ao inimigo vermelho.
O mais completo silêncio se seguiu à explicação de Duncan, e durante ela, ouviram-se claramente os gritos e o tiroteio que continuavam a vir do rancho.
— Os índios verão a poeirada, a qual o alarmará — continuou Rudger, acaloradamente no seu esforço de comunicar aos companheiros o seu entusiasmo — e a seguir, verão aparecer o homem que se lançara direito eles. Atrás deste continuará a poeirada e surgirá outro, e outro e outro... somos dez. Um a um e com intervalos certos, o primeiro pode ter coberto o percurso antes que apareça o último, mas já então os índios terão deitado a fugir.
— E se não fugirem? — perguntou um sujeito de grande barba coberta de pó, tão coberta que parecia um profeta.
Duncan encolheu os ombros num gesto expressivo.
Pode dar resultado — disse Travis.
— Podemos tentá-lo! — concordou outro explorador.
— Ali há muitas mulheres e crianças. Para, mim, isso decide tudo — afirmou um terceiro.
Os homens olharam-se uns aos outros, e de repente Travis recuperou a sua alegria.
— Somos uma pandilha de loucos, dirigidos por um lunático — disse. — Que esperamos?
Os exploradores retrocederam até onde tinham deixado os cavalos. Levando-os pelas rédeas, afastaram-se um bocado.
— Bom; creio que já é bastante disse Travis.
-- Mãos à obra — disse Duncan.
Em toda aquela zona e nas proximidades do rio cresciam arbustos e mato em abundância, ainda que secos pela prolongada seca, de modo que os exploradores dispuseram de quantos precisavam e ataram-nos com os seus laços em grandes fardos.
— Prontos? — perguntou Rudger, quando todos já estavam sobre a cela.
Os homens responderam afirmativamente.
Todos estavam graves e nervosos naquele momento, e o jovem hesitou um momento em dar a ordem. Toda a responsabilidade do que pudesse acontecer, seria sua, e talvez não conseguisse mais do que levar aqueles valentes para a morte. Até eles chegava o estrondo do tiroteio e os gritos dos índios, e este facto fê-lo decidir-se. Tinha que o tentar pelo menos, pois do resultado dependia a vida de muitas mulheres e crianças. Então, subitamente, assaltou-o a segurança de que teriam êxito. Deus não podia abandoná-los.
— Em frente! — gritou, picando esporas.
Arrancaram a trote. A distância não era muita, mas as suas montadas estavam esgotadas e convinha reservar as forças que lhes restavam para o galope final.
Passados instantes voltou-se, comprovando, com alívio, que os arrastos levantavam tanto pó como se pela pradaria cavalgasse um esquadrão. Talvez mais.
Os homens tinham-se escalonado a uma distância de trinta a trinta e cinco metros uns dos outros.
Erguido sobre a sela e segurando na mão esquerda as rédeas e na direita o laço onde prendia o grande fardo, Duncan iniciou a ascensão da pequena colina e foi-se aproximando rapidamente.
Ao avistar a casa, soltou o laço, e desafundando o rifle, agitou-o sobre a cabeça lançando um grande alarido.
Como um meteoro, lançou-se pela ladeira oposta, gritando e volteando-se na sela como se desse alento ao resto dos homens que o seguiam.
O alarido e o tiroteio dos índios tinha cessado, agrupando-se estes em frente da casa.
Estavam a uns quinhentos metros e era um tiro demasiado longo para podê-lo fazer com pontaria sobre ele montando um cavalo lançado a todo o galope, mas mesmo assim, Rudger não duvidou um momento, e levando a «Sharp» à cara fez fogo contra as filas de índios.
Aqueles momentos eram decisivos. Se os peles-vermelhas permanecessem firmes um pouco mais...
Os defensores da casa tinham cessado o fogo também, como que paralisados pela surpresa e pela alegria, mas, como aqueles tiros os despertasse, começaram a fazer fogo das janelas e de todos os buracos.
Duncan olhou para trás e viu três companheiros, cavalgando e gritando. Logo a seguir, aparecia outro.
Naquele momento, um alarido agudo e prolongado saiu da enorme coluna índia, para voltarem as garupas e escapar a todo o galope.
Rudger tinha coberto então, metade do percurso que os separava dos inimigos, mas continuava a ser muito longe para disparar com êxito, preferindo assim, poupar as munições que mais tarde lhe podiam vir a fazer falta.
Momentos depois detinha o cavalo diante da porta da casa no mesmo instante que esta se abria. Desmontando de um salto, passou o rifle para a mão, e descarregou os alforges que passou para o homem da porta, recolhendo também os grandes cantis de que dispunha.
A diferença de luz ao entrar na casa, fez com que não visse mais que simples silhuetas.
— Pronto! — disse, avançando até ao balcão, onde depositou os cantis. — Cada um ao seu posto! SOMOS muito poucos e quando os índios derem pelo engano, voltarão à carga corno vespas enfurecidas.
Livre da sua carga, voltou a sair, no preciso momento em que chegava o primeiro dos seus companheiros, e, com o rifle empunhado, correu até à esquina do edifício.
Dali, pôde ver os índios que continuavam fugindo, mais do que aquilo que esperava. Ao que parece, não se tinham voltado ainda para verem se aparecia a coluna que causava toda aquela poeirada.
Ao voltar-se constatou que Travis, o último dos seus companheiros, estava já muito próximo, e sentiu um alívio tal, que as pernas lhe tremeram e teve de se encostar à parede de troncos para não cair.
O das barbas de profeta deixou-se cair da sela, ao mesmo tempo que dava um suspiro de alívio e alegria.
— Conseguiste, rapaz! — gritou. — És um tipo com mais barba do que eu, ainda que não se veja. Nem me importa já que não masques tabaco.
E cuspindo, como para comprovar a sua afirmação, entrou por sua vez na cabana.
Travis ao chegar, foi ao seu encontro.
— Duncan, rapaz! És genial!
O calmeirão saltou da sela e levantou uma poeirada ao bater nas costas do seu amigo.
— Diabos! — tossiu, sem poder respirar.
Sem fazer caso dele, Duncan pegou nos alforges e dirigiu-se para o rio com os cavalos!
Momentos depois estava de volta.
— Vamos, para dentro! — disse. — Os selvagens não tardarão em voltar.
Travis apanhou os cantis e foi com ele para a cabana.
— Todavia, ainda não deixaram de correr. — Riu-se. — Creio que tardarão em convencer-se de que lhe cortámos as penas.
Duncan pareceu tropeçar e parou, como se tivesse chocado com um muro invisível. Não é possível! — murmurou, no cúmulo de incredulidade e assombro.
Travis voltou-se surpreendido.
— Que tens, rapaz? — perguntou.
Mas Rudger nem sequer o ouviu. Ali, no alpendre, ante a porta da cabana, entre outras pessoas, ainda que não visse mais ninguém, e olhando-o com os olhos rasos de lágrimas, sorrindo ao mesmo tempo, de um modo curiosamente tímido e corno que atemorizado, encontrava-se Catherine Marigny.

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