PAS710. A mulher que procurava vingança
A aparição súbita do forasteiro, que eliminara Gerard O'Casey's no saloon de John Knight, esfriou, momentaneamente, o ambiente geral.
Aquele homem que dissera chamar-se «Furacão» sentiu-se alvo de todos os olhares, quando caminhou para o balcão.
— Uísque.
Knight não escondeu a sua má vontade em servir um cliente daquele género. Se outro rancor não tivesse, bastava-lhe o facto de ter matado Gerard O'Casey's. Não era porque chorasse por ele, mas O'Casey's era um dos seus melhores fregueses...
Bateu com o copo sobre o balcão na frente do cow-boy e encheu-o de líquido.
O «Furacão» levou-o aos lábios e sorveu o conteúdo de uma só golada.
Na fileira de homens que se juntavam na frente do balcão, avistou o xerife Winston Orwell, de costas para as prateleiras de garrafas, a olhar, distraidamente, para o resto do estabelecimento.
Chamou John Knight e, quando este se dispôs a vir atendê-lo, depois de servir dois ou três clientes, disse-lhe:
— Ponha aí dois copos e diga ao xerife que o convido para uma rodada.
Lia-se a admiração no olhar de Knight, ao ouvir estas palavras. Acabou por assentir com um grunhido que nada significava e afastou-se.
Sem olhar diretamente para o local, o forasteiro viu o xerife desencostar-se do balcão e caminhar na sua direção. Quando este se colocou a seu lado, exclamou:
— Espero que não fique ofendido por lhe ter oferecido um copo de uísque, xerife.
— Pode ser uma habilidade da sua parte para confundir a opinião pública a seu respeito — retorquiu-lhe o agente da Lei. — Você está catalogado como um pistoleiro e a sua presença neste povoado representa, aos olhos de muitos, a morte.
— Não seja desconfiado, xerife. Não tenho jeito para a política e não sou culpado pelo mau conceito que fazem da minha pessoa, só por ter matado O'Casey's.
— Apesar do motivo que o levou a vingar-se dele, Gerard O'Casey's era muito considerado nesta terra. Durante cerca de vinte anos procedeu sempre como um homem de bem. O forasteiro soltou uma risada.
— Conseguiu enganá-los a todos! Há mandatos de captura, amarelecidos pelo tempo, a seu respeito, no fundo das gavetas da maior parte das delegacias policiais do nosso país. Quando o conheci, não se chamava Gerard O'Casey's. Mudou de nome para melhor esconder o seu passado...
— Se é verdade o que me diz, não precisava de ter pegado cm armas contra ele. Bastava denunciá-lo às autoridades.
— Não sou um delator, xerife e esse patife tinha umas contas a ajustar comigo! Durante estes vinte anos, escondeu de todos a sua verdadeira personalidade, alicerçou a sua existência com os produtos de vários roubos, praticados em conjunto com outros homens, os quais eliminou para se assenhorear da totalidade do bolo. Restei eu, porque me encontrava internado num estabelecimento prisional. Acredito que ele estivesse convencido de que o ex-camarada nunca mais o importunaria, apodrecido naquelas celas sufocantes e de mau cheiro, acabando por ser enterrado por piedade. As vezes penso que foi a ideia desta vingança, que não me abandonou um só instante, que me deu ânimo para suportar todas as agruras daquela existência. Quando esse homem me viu na sua frente, o passado caiu sobre ele...
— É isso que vai dizer no tribunal?
O forasteiro abanou energicamente a cabeça.
— Não. Leve estas minhas palavras na conta de um desabafo pessoal. Aos olhos de todos e até da Justiça, Gerard O'Casey's morreu por se ter intrometido com um forasteiro, recém-chegado a Mannpyn, que foi mais veloz no manejo das armas.
O «Furacão» empurrou um dos dois copos na direção de Winston e, pegando no outro, disse:
— À nossa!
Orwell parecia distraído a fazer desenhos com o fundo do copo humedecido, sobre a madeira enegrecida do balcão. Em determinada altura, levantou o olhar para o forasteiro e afirmou:
— Se você morrer, se algum dos seus inimigos tiver a sorte de o liquidar, não terei a mínima pena do sucedido. Fez uma pausa para sorver o conteúdo do copo. — Tenho conhecido várias espécies de miseráveis e você agrupa-se numa delas!
Dir-se-ia que a gargalhada do «Furacão» se ouviu de um extremo ao outro daquela sala.
— Não diga isso, xerife. Repare que o simples facto de me terem solto da prisão significa que me consideram um indivíduo recuperável para a sociedade.
— E é a matar, com os olhos postos numa vingança, que faz a sua recuperação?
Teriam continuado neste duelo de palavras, se uma voz, com timbre feminino, não soasse agrestemente nas suas costas:
— Volta-te com as patas no ar! Ao mais pequeno gesto de rebelião mando-te desta para melhor!
O «Furacão» ficou imobilizado pela surpresa. Ouviu à sua volta as vozes decrescerem de barulho. Sentiu que as suas armas estavam demasiado longe das suas mãos para que as pudesse utilizar com êxito.
Com uma lentidão exagerada, voltou-se.
Noutras circunstâncias, teria achado o caso divertido e apesar da carabina que ela empunhava na sua direção, estava disposto a afirmar que era uma bela mulher.
Usava umas calças pretas enfiadas dentro de umas botas de montar e uma camiseta da mesma cor moldava--lhe o busto.
Leu-lhe nos olhos a determinação inabalável de o matar c ficou embaraçado.
Era uma situação deveras melindrosa e crítica, para um homem de armas como ele, pistoleiro nato, para quem os revólveres não guardavam segredos e os perigos não contavam, o facto de se encontrar na mira de uma carabina empunhada por uma mulher e consciente de sue, se o dedo dela premisse o gatilho, o seu corpo ficaria inesteticamente esburacado.
Como era possível que uma jovem tão bela o olhasse com tamanho rancor e ódio, como se a sua morte fosse o maior bem lançado sobre a terra?
A seu lado, ouviu o xerife sussurrar:
— É a filha de Gerard O'Casey's! — E em voz alta, falou à jovem: — O que pretendes fazer, Elizabeth?
— Vingar a morte de meu pai! — foi a resposta que obteve, num tom que não dava lugar para dúvidas. —Matar esse cobarde que o assassinou!
— Achas que dessa maneira vais remediar alguma coisa? Assisti à morte de teu pai e posso jurar-te que ele foi o primeiro a agarrar nos Colts.
Enquanto falava, o xerife denunciou o movimento de caminhar para a filha do rancheiro, mas esta imobilizou-o com um movimento rápido da carabina, apontando-lhe o cano diretamente ao estômago.
— Não se mova! Matarei o primeiro que tentar impedir a minha vingança. Admiram-me as suas palavras, mister Winston! Será que está do lado de um vadio, de um pistoleiro sem escrúpulos, que aportou a Mannpyn para matar?!
— Há muitas coisas que desconheces, Elizabeth. Se quiseres acompanhar-nos ao meu gabinete, saberás do que se trata.
— Não quero saber das suas palavras, xerife. Jurei sobre a campa de meu pai que ia vingá-lo e cumprirei o prometido.
Elizabeth O'Casey's avançou um passo na direção do forasteiro e este presenciou o movimento da sua mão direita.
Até àquele momento deixara-se ficar calado e quieto, com o cotovelo de um dos braços apoiado sobre o balcão, como se desconhecesse que toda a cena girava à volta de uma pessoa — ele!
A assistência e o próprio dono do saloon, John Knight, gozavam o ocorrido com a maior curiosidade.
O «Furacão» deu em si a pensar que não demoraria muito que o cano daquela arma vomitasse o seu conteúdo mortal e não se admirou por esse pensamento não o perturbar. A sua vida constante de lutas e os anos passados na cadeia tinham feito dele um homem insensível.
Ouviu a seu lado o xerife tornar a falar:
— Não cometas uma tolice, Elizabeth! O que pretendes fazer é um crime! Serás enforcada na praça pública!
— Deixá-lo. Meu pai ficará vingado...
— Não permitirei esse ato louco. Tens de me ouvir para poderes julgar.
O ambiente crescia em nervosismo e a voz de Winston Orwell aumentava em volume.
— Saia da frente, xerife. Tenho o direito de me vingar.
— Não! Terás de atirar primeiro em mim — e o agente da Lei colocou-se, obstinadamente, na frente do forasteiro.
Todos apostariam que desta vez a jovem desistiria do seu intento. Mas tal não aconteceu. Elizabeth levantou a carabina, murmurando com os dentes cerrados:
— Como queira, xerife.
Winston sentiu-se empurrado para o lado pela mão do forasteiro.
— Não prive a moça da sua vingança, xerife. Não mereço o seu sacrifício... — e a voz do «Furacão» era calma e descontraída. A filha de O'Casey's baixou a arma e olhou-o desconfiada.
O forasteiro estendeu o braço e esticou o dedo na sua direção:
— Você está no seu direito, Elizabeth. Se eu estivesse no seu caso também não descansaria enquanto não eliminasse o assassino de meu pai. Aproveite agora!
Um sussurro de pasmo elevou-se dos circunstantes quando o «Furacão», desdenhosamente, se voltou para o balcão, virando as costas à jovem. Tirou uma moeda do bolso e atirou-a na direção de Knight.
— Uísque!
Era uma cartada decisiva a que estava a jogar. O dono do saloon reparou que os seus músculos estavam tensos, à espera, certamente, do chumbo escaldante que lhe rasgaria o corpo.
Bebeu o uísque com o maior sangue-frio e foi nessa altura que tornou a ouvir a voz de Elizabeth:
— Volta-te de frente, cobarde. Quero matar-te com os meus olhos postos nos teus, para gozar com a tua agonia.
O forasteiro sabia que a comédia terminara. Se se voltasse, ela fuzilá-lo-ia, impiedosamente, sem pronunciar mais qualquer palavra.
Era o momento de jogar o seu último triunfo. Se este não resultasse, seria o fim.
Simulando falar para uma outra pessoa que não existia, disse:
— Não quero que apontes essas armas à jovem, Steel. Ela tem todo o direito de acabar comigo.
A artimanha era tão velha como o próprio Oeste. Mas Elizabeth era mulher e caiu no logro.
Voltou-se, instintivamente, à procura do outro adversário e nesse momento ficou sem a arma.
O «Furacão» dera um salto ágil e com um gesto brusco tirara-lhe a carabina da mão.
Vendo-se impotente para cumprir o propósito que a levara àquela sala, duas lágrimas amargas rolaram pelas faces de Elizabeth O'Casey's.
— Parece que é seu dever prender esta jovem por tentativa de assassínio, xerife. Vamos para o seu gabinete — sorriu o pistoleiro, agora na posse da carabina. — Sim, vamos. Precisamos de conversar.
Aquele homem que dissera chamar-se «Furacão» sentiu-se alvo de todos os olhares, quando caminhou para o balcão.
— Uísque.
Knight não escondeu a sua má vontade em servir um cliente daquele género. Se outro rancor não tivesse, bastava-lhe o facto de ter matado Gerard O'Casey's. Não era porque chorasse por ele, mas O'Casey's era um dos seus melhores fregueses...
Bateu com o copo sobre o balcão na frente do cow-boy e encheu-o de líquido.
O «Furacão» levou-o aos lábios e sorveu o conteúdo de uma só golada.
Na fileira de homens que se juntavam na frente do balcão, avistou o xerife Winston Orwell, de costas para as prateleiras de garrafas, a olhar, distraidamente, para o resto do estabelecimento.
Chamou John Knight e, quando este se dispôs a vir atendê-lo, depois de servir dois ou três clientes, disse-lhe:
— Ponha aí dois copos e diga ao xerife que o convido para uma rodada.
Lia-se a admiração no olhar de Knight, ao ouvir estas palavras. Acabou por assentir com um grunhido que nada significava e afastou-se.
Sem olhar diretamente para o local, o forasteiro viu o xerife desencostar-se do balcão e caminhar na sua direção. Quando este se colocou a seu lado, exclamou:
— Espero que não fique ofendido por lhe ter oferecido um copo de uísque, xerife.
— Pode ser uma habilidade da sua parte para confundir a opinião pública a seu respeito — retorquiu-lhe o agente da Lei. — Você está catalogado como um pistoleiro e a sua presença neste povoado representa, aos olhos de muitos, a morte.
— Não seja desconfiado, xerife. Não tenho jeito para a política e não sou culpado pelo mau conceito que fazem da minha pessoa, só por ter matado O'Casey's.
— Apesar do motivo que o levou a vingar-se dele, Gerard O'Casey's era muito considerado nesta terra. Durante cerca de vinte anos procedeu sempre como um homem de bem. O forasteiro soltou uma risada.
— Conseguiu enganá-los a todos! Há mandatos de captura, amarelecidos pelo tempo, a seu respeito, no fundo das gavetas da maior parte das delegacias policiais do nosso país. Quando o conheci, não se chamava Gerard O'Casey's. Mudou de nome para melhor esconder o seu passado...
— Se é verdade o que me diz, não precisava de ter pegado cm armas contra ele. Bastava denunciá-lo às autoridades.
— Não sou um delator, xerife e esse patife tinha umas contas a ajustar comigo! Durante estes vinte anos, escondeu de todos a sua verdadeira personalidade, alicerçou a sua existência com os produtos de vários roubos, praticados em conjunto com outros homens, os quais eliminou para se assenhorear da totalidade do bolo. Restei eu, porque me encontrava internado num estabelecimento prisional. Acredito que ele estivesse convencido de que o ex-camarada nunca mais o importunaria, apodrecido naquelas celas sufocantes e de mau cheiro, acabando por ser enterrado por piedade. As vezes penso que foi a ideia desta vingança, que não me abandonou um só instante, que me deu ânimo para suportar todas as agruras daquela existência. Quando esse homem me viu na sua frente, o passado caiu sobre ele...
— É isso que vai dizer no tribunal?
O forasteiro abanou energicamente a cabeça.
— Não. Leve estas minhas palavras na conta de um desabafo pessoal. Aos olhos de todos e até da Justiça, Gerard O'Casey's morreu por se ter intrometido com um forasteiro, recém-chegado a Mannpyn, que foi mais veloz no manejo das armas.
O «Furacão» empurrou um dos dois copos na direção de Winston e, pegando no outro, disse:
— À nossa!
Orwell parecia distraído a fazer desenhos com o fundo do copo humedecido, sobre a madeira enegrecida do balcão. Em determinada altura, levantou o olhar para o forasteiro e afirmou:
— Se você morrer, se algum dos seus inimigos tiver a sorte de o liquidar, não terei a mínima pena do sucedido. Fez uma pausa para sorver o conteúdo do copo. — Tenho conhecido várias espécies de miseráveis e você agrupa-se numa delas!
Dir-se-ia que a gargalhada do «Furacão» se ouviu de um extremo ao outro daquela sala.
— Não diga isso, xerife. Repare que o simples facto de me terem solto da prisão significa que me consideram um indivíduo recuperável para a sociedade.
— E é a matar, com os olhos postos numa vingança, que faz a sua recuperação?
Teriam continuado neste duelo de palavras, se uma voz, com timbre feminino, não soasse agrestemente nas suas costas:
— Volta-te com as patas no ar! Ao mais pequeno gesto de rebelião mando-te desta para melhor!
O «Furacão» ficou imobilizado pela surpresa. Ouviu à sua volta as vozes decrescerem de barulho. Sentiu que as suas armas estavam demasiado longe das suas mãos para que as pudesse utilizar com êxito.
Com uma lentidão exagerada, voltou-se.
Noutras circunstâncias, teria achado o caso divertido e apesar da carabina que ela empunhava na sua direção, estava disposto a afirmar que era uma bela mulher.
Usava umas calças pretas enfiadas dentro de umas botas de montar e uma camiseta da mesma cor moldava--lhe o busto.
Leu-lhe nos olhos a determinação inabalável de o matar c ficou embaraçado.
Era uma situação deveras melindrosa e crítica, para um homem de armas como ele, pistoleiro nato, para quem os revólveres não guardavam segredos e os perigos não contavam, o facto de se encontrar na mira de uma carabina empunhada por uma mulher e consciente de sue, se o dedo dela premisse o gatilho, o seu corpo ficaria inesteticamente esburacado.
Como era possível que uma jovem tão bela o olhasse com tamanho rancor e ódio, como se a sua morte fosse o maior bem lançado sobre a terra?
A seu lado, ouviu o xerife sussurrar:
— É a filha de Gerard O'Casey's! — E em voz alta, falou à jovem: — O que pretendes fazer, Elizabeth?
— Vingar a morte de meu pai! — foi a resposta que obteve, num tom que não dava lugar para dúvidas. —Matar esse cobarde que o assassinou!
— Achas que dessa maneira vais remediar alguma coisa? Assisti à morte de teu pai e posso jurar-te que ele foi o primeiro a agarrar nos Colts.
Enquanto falava, o xerife denunciou o movimento de caminhar para a filha do rancheiro, mas esta imobilizou-o com um movimento rápido da carabina, apontando-lhe o cano diretamente ao estômago.
— Não se mova! Matarei o primeiro que tentar impedir a minha vingança. Admiram-me as suas palavras, mister Winston! Será que está do lado de um vadio, de um pistoleiro sem escrúpulos, que aportou a Mannpyn para matar?!
— Há muitas coisas que desconheces, Elizabeth. Se quiseres acompanhar-nos ao meu gabinete, saberás do que se trata.
— Não quero saber das suas palavras, xerife. Jurei sobre a campa de meu pai que ia vingá-lo e cumprirei o prometido.
Elizabeth O'Casey's avançou um passo na direção do forasteiro e este presenciou o movimento da sua mão direita.
Até àquele momento deixara-se ficar calado e quieto, com o cotovelo de um dos braços apoiado sobre o balcão, como se desconhecesse que toda a cena girava à volta de uma pessoa — ele!
A assistência e o próprio dono do saloon, John Knight, gozavam o ocorrido com a maior curiosidade.
O «Furacão» deu em si a pensar que não demoraria muito que o cano daquela arma vomitasse o seu conteúdo mortal e não se admirou por esse pensamento não o perturbar. A sua vida constante de lutas e os anos passados na cadeia tinham feito dele um homem insensível.
Ouviu a seu lado o xerife tornar a falar:
— Não cometas uma tolice, Elizabeth! O que pretendes fazer é um crime! Serás enforcada na praça pública!
— Deixá-lo. Meu pai ficará vingado...
— Não permitirei esse ato louco. Tens de me ouvir para poderes julgar.
O ambiente crescia em nervosismo e a voz de Winston Orwell aumentava em volume.
— Saia da frente, xerife. Tenho o direito de me vingar.
— Não! Terás de atirar primeiro em mim — e o agente da Lei colocou-se, obstinadamente, na frente do forasteiro.
Todos apostariam que desta vez a jovem desistiria do seu intento. Mas tal não aconteceu. Elizabeth levantou a carabina, murmurando com os dentes cerrados:
— Como queira, xerife.
Winston sentiu-se empurrado para o lado pela mão do forasteiro.
— Não prive a moça da sua vingança, xerife. Não mereço o seu sacrifício... — e a voz do «Furacão» era calma e descontraída. A filha de O'Casey's baixou a arma e olhou-o desconfiada.
O forasteiro estendeu o braço e esticou o dedo na sua direção:
— Você está no seu direito, Elizabeth. Se eu estivesse no seu caso também não descansaria enquanto não eliminasse o assassino de meu pai. Aproveite agora!
Um sussurro de pasmo elevou-se dos circunstantes quando o «Furacão», desdenhosamente, se voltou para o balcão, virando as costas à jovem. Tirou uma moeda do bolso e atirou-a na direção de Knight.
— Uísque!
Era uma cartada decisiva a que estava a jogar. O dono do saloon reparou que os seus músculos estavam tensos, à espera, certamente, do chumbo escaldante que lhe rasgaria o corpo.
Bebeu o uísque com o maior sangue-frio e foi nessa altura que tornou a ouvir a voz de Elizabeth:
— Volta-te de frente, cobarde. Quero matar-te com os meus olhos postos nos teus, para gozar com a tua agonia.
O forasteiro sabia que a comédia terminara. Se se voltasse, ela fuzilá-lo-ia, impiedosamente, sem pronunciar mais qualquer palavra.
Era o momento de jogar o seu último triunfo. Se este não resultasse, seria o fim.
Simulando falar para uma outra pessoa que não existia, disse:
— Não quero que apontes essas armas à jovem, Steel. Ela tem todo o direito de acabar comigo.
A artimanha era tão velha como o próprio Oeste. Mas Elizabeth era mulher e caiu no logro.
Voltou-se, instintivamente, à procura do outro adversário e nesse momento ficou sem a arma.
O «Furacão» dera um salto ágil e com um gesto brusco tirara-lhe a carabina da mão.
Vendo-se impotente para cumprir o propósito que a levara àquela sala, duas lágrimas amargas rolaram pelas faces de Elizabeth O'Casey's.
— Parece que é seu dever prender esta jovem por tentativa de assassínio, xerife. Vamos para o seu gabinete — sorriu o pistoleiro, agora na posse da carabina. — Sim, vamos. Precisamos de conversar.
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