BIS130. Epílogo
O forasteiro vinha do deserto. Vinha cheio de pó, sujidade e cansaço. O cavalo manquejava de uma pata. Eden significava para ele uma infinidade de venturas, mas, sobretudo, significava água, alimentos e descanso.
À entrada da povoação viu o pequeno que lhe apontava o revólver. Impressionou-o verificar que não se tratava de um brinquedo. Era uma arma de fogo verdadeira. Um revólver autêntico! Como teria chegado às mãos do pequeno? Esticou as rédeas e dirigiu-lhe um sorriso fatigado.
— Queres matar-me, pequeno? Olha que vais para a cadeia.
— Não — replicou o garoto. — É a brincar. Está descarregado.
O forasteiro perguntou:
— É teu?
O pequeno respondeu:
— Oh, sim! Achei-o.
O cavaleiro perguntou:
— Onde?
O pequeno explicou:
— Na praça. Houve muitos tiros, sabe? Morreram quatro homens e Hardy Fortune está ferido. Uma coisa de nada, senhor. Hardy Fortune é de ferro... A praça estava cheia de gente quando cheguei. Diriam que precisavam de voluntários para enterrar os cadáveres... Ninguém reparou no revólver. É bonito, não é?
-- Muito. Deixas-me pegar nele?
O pequeno concordou:
— Sim, senhor.
O forasteiro examinou a joia mecânica e a artística coronha. Entusiasmado, com um gesto maquinal, armou-o, apontou para longe e disparou contra um inimigo imaginário. Não houve estampido; mas maravilhou-o a sua agilíssima e portentosa facilidade de manejo.
Depois, com certa amargura, poisou a mão no seu coldre vazio. Ia desarmado. Tivera de jogar ao «poker» o revólver para comprar provisões..., e a maldita da sorte levara-o a perder. Passara fome e ficara sem recursos.
— Vendes-mo? — inquiriu de súbito o forasteiro.
— Bem...
— Dou-te um bom preço por ele. Tão estupendo como um amuleto. Olha — tirou a moeda de prata que constituía todo o seu património e mostrou-a ao pequeno. — É um peso mexicano. Circulam do outro lado da raia. Todo de prata. Guardava-o como recordação, porque traz sorte... Mas...
O pequeno perguntou:
— Traz sorte?
— Claro.
— Eu gosto do revólver, senhor...
— Naturalmente. É bonito, mas... que vais fazer com uma arma destas? Só poderá trazer-te desgostos e conflitos. Sé os homens da povoação to veem roubam-to... Mas o peso não. Podes comprar muitas coisas...
— Acho que tem muita razão. Vendo-lhe, senhor.
O forasteiro estendeu-lhe a moeda. Homem e garoto sorriram. Mentalmente, ambos estavam convencidos de ter realizado um ótimo negócio.
O cavaleiro meteu o «Colt» no coldre. Moveu as rédeas e seguiu o seu caminho, penetrando em Eden, enquanto o pequeno se extasiava a contemplar o prateado peso. O forasteiro tinha queimado os últimos recursos, mas agora possuía um revólver. Que curioso! Quanta força e confiança proporcionam as armas de fogo!
Talvez começasse em breve outra aventura protagonizada pelo fatídico «seis tiros» de Lee Dunham. Talvez.
Aquele revólver tinha personalidade.
No Oeste, uma arma é uma personalidade importantíssima. Sobretudo, tratando-se da arma de um pistoleiro famoso como o que morrera cosido de balas na melhor taberna de Winchell...
F I M
À entrada da povoação viu o pequeno que lhe apontava o revólver. Impressionou-o verificar que não se tratava de um brinquedo. Era uma arma de fogo verdadeira. Um revólver autêntico! Como teria chegado às mãos do pequeno? Esticou as rédeas e dirigiu-lhe um sorriso fatigado.
— Queres matar-me, pequeno? Olha que vais para a cadeia.
— Não — replicou o garoto. — É a brincar. Está descarregado.
O forasteiro perguntou:
— É teu?
O pequeno respondeu:
— Oh, sim! Achei-o.
O cavaleiro perguntou:
— Onde?
O pequeno explicou:
— Na praça. Houve muitos tiros, sabe? Morreram quatro homens e Hardy Fortune está ferido. Uma coisa de nada, senhor. Hardy Fortune é de ferro... A praça estava cheia de gente quando cheguei. Diriam que precisavam de voluntários para enterrar os cadáveres... Ninguém reparou no revólver. É bonito, não é?
-- Muito. Deixas-me pegar nele?
O pequeno concordou:
— Sim, senhor.
O forasteiro examinou a joia mecânica e a artística coronha. Entusiasmado, com um gesto maquinal, armou-o, apontou para longe e disparou contra um inimigo imaginário. Não houve estampido; mas maravilhou-o a sua agilíssima e portentosa facilidade de manejo.
Depois, com certa amargura, poisou a mão no seu coldre vazio. Ia desarmado. Tivera de jogar ao «poker» o revólver para comprar provisões..., e a maldita da sorte levara-o a perder. Passara fome e ficara sem recursos.
— Vendes-mo? — inquiriu de súbito o forasteiro.
— Bem...
— Dou-te um bom preço por ele. Tão estupendo como um amuleto. Olha — tirou a moeda de prata que constituía todo o seu património e mostrou-a ao pequeno. — É um peso mexicano. Circulam do outro lado da raia. Todo de prata. Guardava-o como recordação, porque traz sorte... Mas...
O pequeno perguntou:
— Traz sorte?
— Claro.
— Eu gosto do revólver, senhor...
— Naturalmente. É bonito, mas... que vais fazer com uma arma destas? Só poderá trazer-te desgostos e conflitos. Sé os homens da povoação to veem roubam-to... Mas o peso não. Podes comprar muitas coisas...
— Acho que tem muita razão. Vendo-lhe, senhor.
O forasteiro estendeu-lhe a moeda. Homem e garoto sorriram. Mentalmente, ambos estavam convencidos de ter realizado um ótimo negócio.
O cavaleiro meteu o «Colt» no coldre. Moveu as rédeas e seguiu o seu caminho, penetrando em Eden, enquanto o pequeno se extasiava a contemplar o prateado peso. O forasteiro tinha queimado os últimos recursos, mas agora possuía um revólver. Que curioso! Quanta força e confiança proporcionam as armas de fogo!
Talvez começasse em breve outra aventura protagonizada pelo fatídico «seis tiros» de Lee Dunham. Talvez.
Aquele revólver tinha personalidade.
No Oeste, uma arma é uma personalidade importantíssima. Sobretudo, tratando-se da arma de um pistoleiro famoso como o que morrera cosido de balas na melhor taberna de Winchell...
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