PAS728. Um pedaço de vestido de mulher
Por entre as colinas ardia uma diligência. Indubitavelmente os bandidos mexicanos tinham-na assaltado pouco antes, roubando-a e lançando fogo aos restos. Decerto não encontraria ali nenhum sobrevivente. Mas, por curiosidade, «Lord Diabo» aproximou-se.
A diligência era pequena, das que faziam trajetos curtos e por isso não devia levar mais do que quatro passageiros. De tal se convenceu bem depressa «Lord Diabo», porque três deles estavam meio calcinados entre os destroços.
Tinham sido mortos a tiro e à pancada e a sua agonia não devia ter sido divertida, nem rápida.
«Lord Diabo» contemplou-os com um olhar inexpressivo.
Não havia já neles nada de valor, porque os corpos tinham sido revistados minuciosamente. Por isso limitou-se a voltá-los com o pé, procurando não se. queimar. Depois voltou de novo a montar a cavalo para se afastar dali.
Caminhava lenta e tranquilamente.
Qualquer outro teria ficado a tremer ao pensar que pudessem encontrá-lo ali e culpá-lo daquele assalto. Mas ele não. Não tinha pressa nenhuma. Andou à volta da diligência e então viu qualquer coisa que lhe chamou a atenção.
Um pedaço de vestido de mulher.
Estava preso a uma das portas e tinha sido arrancado ao cair a dona do vestido.
«Lord Diabo» desmontou outra vez e procurou cuidadosamente o cadáver. Mas, apesar de quase ter voltado a diligência de pernas para o ar, não conseguiu encontrá-lo por parte alguma.
Intrigado montou de novo.
Viu, pouco depois, ao longe, sobre a terra cor de ocre, um pequeno ponto que se ia aproximando com muita lentidão.
As trevas envolviam já quase tudo, todavia podia ainda distinguir-se que quele vulto pertencia a unia pessoa que não sabia caminhar em linha recta.
Talvez estivesse ferida.
«Lord Diabo» esporeou levemente o cavalo e este avançou em direção àquele ponto. A uma distancia de cem jardas, «Lord Diabo» pôde constatar que se tratava de uma mulher e além disso, de uma mulher jovem e bonita. Era sem dúvida a que tinha perdido urna tira do vestido, porque o tecido era o mesmo.
Ela viu-o aproximar-se.
As suas feições contraíram-se, caiu de joelhos e soltou um grito de angústia que pareceu estremecer a meia-luz do crepúsculo.
—Não,.. suplicou. —Nã0000!...
Um sorriso distendeu as feições de «Lord Diabo», embora não fosse visível por causa da máscara.
A mulher era diabolicamente bela. Não devia ter mais de vinte anos. Estava vestida com roupas simples, meio rotas, e tal facto permitia admirar a perfeição maravilhosa das linhas do seu corpo.
—Não sou nenhum desses aprendizes de salteador—explicou. «Lord Diabo» com voz melíflua. —Esses não voltarão mais.
Guiando-se pela voz, a rapariga ergueu para ele uns olhos imensamente grandes e estranhamente fixos, tão formosos e quietos como dois brilhantes pedaços de lua.
«Lord Diabo» compreendeu imediatamente.
Era cega.
—Que te aconteceu? — perguntou.
—Não sei... Não posso dizer-lho com exatidão. Ouviram-se alguns tiros e de repente alguém abriu a porta da diligência e arrojou-me para fora... Não consegui evitá-lo...
— Com o que te salvou a vida —a voz de «Lord Diabo» continuava a ser sibilante e áspera, mas ao fim e ao cabo para ela era urna voz humana.
— Aqueles imbecis teriam acabado contigo da mesma maneira. Eram parentes teus as pessoas que viajavam na diligência?
— Mataram-nos?
— De nada serve mentir. Não ficou um vivo.
—Meu Deus!...
«Lord Diabo» desmontou. No silêncio da planície ouviu-se sinistramente o tilintar das suas esporas.
— Eram ou não parentes teus?
— Não... Eu viajava com um amigo de meus pais. Deve ter sido ele que me lançou pela porta fora, para me salvar. Ia a Dallas para... — hesitou. —Para me fazerem uma operação aos olhos. Sou cega.
— Já vi.
— Quem... é o senhor?
— Isso não importa agora. Sou o homem que matou os bandidos que assaltaram a diligência.
— Então... deve ser o sheriff...
«Lord Diabo» soltou uma gargalhada.
—O sherifff... tem graça. Não, rapariga, nada disso. Mas de um modo ou de outro tens de chegar a Dallas. Vamos, sobe para o meu cavalo.
Ela aproximou-se.
A diligência era pequena, das que faziam trajetos curtos e por isso não devia levar mais do que quatro passageiros. De tal se convenceu bem depressa «Lord Diabo», porque três deles estavam meio calcinados entre os destroços.
Tinham sido mortos a tiro e à pancada e a sua agonia não devia ter sido divertida, nem rápida.
«Lord Diabo» contemplou-os com um olhar inexpressivo.
Não havia já neles nada de valor, porque os corpos tinham sido revistados minuciosamente. Por isso limitou-se a voltá-los com o pé, procurando não se. queimar. Depois voltou de novo a montar a cavalo para se afastar dali.
Caminhava lenta e tranquilamente.
Qualquer outro teria ficado a tremer ao pensar que pudessem encontrá-lo ali e culpá-lo daquele assalto. Mas ele não. Não tinha pressa nenhuma. Andou à volta da diligência e então viu qualquer coisa que lhe chamou a atenção.
Um pedaço de vestido de mulher.
Estava preso a uma das portas e tinha sido arrancado ao cair a dona do vestido.
«Lord Diabo» desmontou outra vez e procurou cuidadosamente o cadáver. Mas, apesar de quase ter voltado a diligência de pernas para o ar, não conseguiu encontrá-lo por parte alguma.
Intrigado montou de novo.
Viu, pouco depois, ao longe, sobre a terra cor de ocre, um pequeno ponto que se ia aproximando com muita lentidão.
As trevas envolviam já quase tudo, todavia podia ainda distinguir-se que quele vulto pertencia a unia pessoa que não sabia caminhar em linha recta.
Talvez estivesse ferida.
«Lord Diabo» esporeou levemente o cavalo e este avançou em direção àquele ponto. A uma distancia de cem jardas, «Lord Diabo» pôde constatar que se tratava de uma mulher e além disso, de uma mulher jovem e bonita. Era sem dúvida a que tinha perdido urna tira do vestido, porque o tecido era o mesmo.
Ela viu-o aproximar-se.
As suas feições contraíram-se, caiu de joelhos e soltou um grito de angústia que pareceu estremecer a meia-luz do crepúsculo.
—Não,.. suplicou. —Nã0000!...
Um sorriso distendeu as feições de «Lord Diabo», embora não fosse visível por causa da máscara.
A mulher era diabolicamente bela. Não devia ter mais de vinte anos. Estava vestida com roupas simples, meio rotas, e tal facto permitia admirar a perfeição maravilhosa das linhas do seu corpo.
—Não sou nenhum desses aprendizes de salteador—explicou. «Lord Diabo» com voz melíflua. —Esses não voltarão mais.
Guiando-se pela voz, a rapariga ergueu para ele uns olhos imensamente grandes e estranhamente fixos, tão formosos e quietos como dois brilhantes pedaços de lua.
«Lord Diabo» compreendeu imediatamente.
Era cega.
—Que te aconteceu? — perguntou.
—Não sei... Não posso dizer-lho com exatidão. Ouviram-se alguns tiros e de repente alguém abriu a porta da diligência e arrojou-me para fora... Não consegui evitá-lo...
— Com o que te salvou a vida —a voz de «Lord Diabo» continuava a ser sibilante e áspera, mas ao fim e ao cabo para ela era urna voz humana.
— Aqueles imbecis teriam acabado contigo da mesma maneira. Eram parentes teus as pessoas que viajavam na diligência?
— Mataram-nos?
— De nada serve mentir. Não ficou um vivo.
—Meu Deus!...
«Lord Diabo» desmontou. No silêncio da planície ouviu-se sinistramente o tilintar das suas esporas.
— Eram ou não parentes teus?
— Não... Eu viajava com um amigo de meus pais. Deve ter sido ele que me lançou pela porta fora, para me salvar. Ia a Dallas para... — hesitou. —Para me fazerem uma operação aos olhos. Sou cega.
— Já vi.
— Quem... é o senhor?
— Isso não importa agora. Sou o homem que matou os bandidos que assaltaram a diligência.
— Então... deve ser o sheriff...
«Lord Diabo» soltou uma gargalhada.
—O sherifff... tem graça. Não, rapariga, nada disso. Mas de um modo ou de outro tens de chegar a Dallas. Vamos, sobe para o meu cavalo.
Ela aproximou-se.
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