PAS751. Expulsão ou assimilação dos índios

O general Andrew Jackson era um homem modesto. Isto sabiam-no todos os membros do partido democrata que votaram por ele nas eleições de 1829, e aqueles que não votaram na sua candidatura.
Apesar da sua falta de cultura, Jackson foi eleito Presidente dos Estados Unidos.
Talvez o seu carácter houvesse influído nos eleitores; porque Andrew Jackson era um homem duro, desses que, quando se empenham em conseguir alguma coisa, lutam com todas as suas forças e com todo o seu entusiasmo. Educado num ambiente de lutas, paixões e roubos, onde cada homem devia defender com a sua força os sentimentos e fazenda, o general Jackson adquiriu um carácter irascível e quezilento. Não obstante, a rudeza dos seus modos perdia a importância se se tivesse em conta que Andrew Jackson era um autentico homem.
Este carácter duro manifestou-se um ano mais tarde, quando assinou a lei brutal do homem da fronteira em relação às terras que estavam sob o domínio dos índios.
Jackson era de opinião, e não se importava de a manifestar publicamente, que, sempre que os brancos tivessem necessidade de ocupar qualquer terreno que fosse propriedade dos peles-vermelhas, estes deviam abandoná-lo e deixá-lo ao homem branco.
No poder, Jackson, ordenou a expulsão dos índios; a forma não tinha importância. Se fosse necessário, admitia o emprego da violência.
Mas isto não era tão simples como se julgava em Washington.
Enquanto no Noroeste, os índios haviam sido atirados para o outro lado do Mississipi ainda antes de 32, a expulsão dos índios nas terras do Sul apresentava aspeto diferente. Havia qualquer coisa com que não se contava no Senado.
No Sul, os peles-vermelhas pareciam dispostos a assimilar pacificamente a cultura dos brancos e viviam em contacto com eles; desta maneira, e sem o notarem, haviam anulado o pretexto habitual para a sua expulsão e o seu esbulho.
Todavia, este inconveniente não foi tomado em linha de conta pelo irascível Jackson.
Andrew indignou-se ante a atitude claramente pacífica dos índios «creeks», «choctaws», «chicksaws» e «cherokees», que ocupavam ainda mais de uma quarta parte do território pertencente aos Estados de Alabama, Mississípi e Geórgia, assim como os «semínolas», e ordenou a sua expulsão pela força, mesmo contra o parecer do Supremo Tribunal que foi impotente para contrariar a vontade do Gabinete de Jackson.
Em 1830 começou o êxodo destas tribos, até ao ano de 1837 em que foram obrigadas por Washington a instalar-se e a viver numa demarcação de terreno que lhes foi indicada e a que chamavam Território Índio, situado entre Texas e Kansas.
Mas os «semínolas» não se conformaram com esta decisão e, talvez devido ao facto de levarem uma vida nómada, ofereceram uma tenaz e desesperada resistência à invasão do homem branco.
Isaiah Turker foi um, entre numerosos colonos, fazendeiros ou agricultores, que pagaram com a vida a ambição dos seus companheiros de pele branca.
Foi em 1840 que se viu desagradavelmente surpreendido ao divisar as silhuetas de vários índios semínolas sobre um monte próximo. Assustado, correu para a sua casa de troncos, onde estavam sua mulher e sua filha Edith, de sete anos. Porém, mal havia fechado a porta atrás de si, ouviu uma gritaria ensurdecedora que se aproximava da rústica vivenda.
Apesar disso, Isaiah só teve um pensamento: salvar Edith.
Para isso, não hesitou em saltar pela janela traseira da casa com a criança nos braços e em a meter num dos barris vazios que serviam para a água.
Quando regressou para junto da mulher esta perguntou:
—Escondeste a menina, Isaiah?... Estás certo de que não a encontrarão?
A resposta do homem foi serena:
--Duvido que a possam encontrar, mas Não sei o que será melhor para elal... Ali pode morrer de fome e de sede...
Os gritos dos índios galopando à volta da casa impediram-nos de continuar a conversar.
Os tiros do casal causaram algumas baixas entre os selvagens, mas não eram suficientemente rápidos e numerosos para conter a avalancha que lhes caía em cima.
Isaiah compreendeu que não podiam resistir por muito tempo ao ataque dos índios e olhou para a mulher. Esta disparava com grande sangue-frio, sem se preocupar com a sua vida.
Isaiah sentiu medo pela mulher, ao ouvir as pancadas do tronco usado pelos índios como ariete improvisado contra a porta.
A madeira estava quase a ceder...
Impulsivamente, Isaiah disparou todo o carregador do seu revólver contra as costas da esposa, no desejo de lhe evitar o tormento dos selvagens...
A porta caiu e, pela abertura, apareceram muitos rostos pintados, olhando-o com ódio
Isaiah lançou-se decididamente contra aqueles seres odiosos, levado por um irresistível desejo de vingança...
Vários «tomahawks» desceram com rapidez e caíram sobre a sua cabeça.
Depois, os «semínolas» prenderam fogo à casa no meio de gritos ferozes.
Um dos selvagens ouviu chorar a criança e aproximou-se cautelosamente. Levantou a tampa do barril e ergueu o braço armado com um «tomahawk» para descarregar o golpe mortal, quando se viu interrompido por uma ordem seca:
— Quieto!... Cachorro de branco vir «wigwan» (1) «Pluma Negra»...
Desta forma, Edith Turker passou a formar parte, como um membro mais, da tribo «semínola», vivendo e crescendo na companhia de «Chifre de Búfalo», o jovem filho do chefe «Pluma Negra»...
(1) «Wigwan»: Cabana fixa dos peles-vermelhas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PAS743. A história do homem que matou o melhor amigo

HBD013. Aventuras de Kit Carson publicadas em Portugal