PAS766. Reencontro
Gretchen, a criada, fitou-a com sobressalto.
-- Conhece este homem?
— Sim, conheci-o há anos.
— Pela cara de espanto que fez, parece ter visto um ressuscitado...
— De certo modo, é isso.
—Donde o conhece?
A mulher engoliu em seco, penosamente.
— Não tem importância. Todos nós conhecemos, ao longo da vida, bastante gente; pessoas que nos convêm e pessoas que não nos convêm.
— Adivinho que este homem é dos que não convém conhecer...
— Talvez... Mas deixemo-nos de conversa, Gretchen. A primeira coisa a fazer é tratar-lhe da ferida.
Rasgaram com uma faca a camisa de Larsen e descobriram-lhe o peito forte. Viram que a bala passara entre duas costelas, abrira orifícios de entrada e salda e produzira pouco mais estragos do que esses. Mas as dores deviam ter sido insuportáveis e a perda de sangue fora bastante importante.
As duas mulheres lavaram a ferida e desinfetaram-na, o que arrancou a Larsen um gemido de dor.
Terminado o curativo, Gretchen murmurou:
— Onde o deitamos, «miss» Ingrid?
-- No quarto de hóspedes. Teremos de o velar toda a noite, para o caso de acordar, mas não lhe daremos de comer. Só um pouco de água.
— Eu faço o primeiro turno, «miss» Ingrid. Adivinho que não gostaria de ter uma conversa com ele.
— Claro que não. Quanto menos nos virmos, melhor para os dois.
— Então, procurarei que não se encontrem. Dentro de três ou quatro dias, este homem estará em situação de poder voltar a galopar, se as coisas não se complicarem.
— Não se complicarão. Vamos, ajuda-me.
As duas transportaram penosamente Larsen, que ainda não recuperara os sentidos, e dirigiram-se para um pequeno quarto que havia ao lado da sala de jantar. Depositaram-no na cama e cobriram-no com um lençol.
Ao saírem do quarto, Gretchen, a mulher mais velha, olhou fixamente para Ingrid.
— Esse homem era perseguido por alguém. Que acontecerá se quem o deseja apanhar for o xerife?
— Será um bom sarilho. Ter-me-ei convertido mais ou menos em sua cúmplice.
— Não seria melhor dar parte? Na cidade, como quem diz a meia dúzia de passos, temos um xerife...
— Não — murmurou Ingrid, abanando lentamente a cabeça. — Primeiro quero saber a verdade. Não o denunciarei sem saber porque o perseguiam.
— Apesar disso, pressinto que lhe guarda rancor, um velho rancor que jamais conseguiu dominar. Engano-me?
— Não, não te enganas, Gretchen. Esse homem é talvez a pessoa que mais odeio no mundo.
— Porquê?
— Há coisas de que não gosto de falar. Velhas coisas que até seria melhor esquecer para sempre.
— Que se passou entre si e esse homem, «miss» Ingrid?
Ela apertou os lábios, até que estes formaram no seu rosto uma máscara quase cruel.
— Estivemos quase a casar-nos — sussurrou. — Há três anos.
-- Conhece este homem?
— Sim, conheci-o há anos.
— Pela cara de espanto que fez, parece ter visto um ressuscitado...
— De certo modo, é isso.
—Donde o conhece?
A mulher engoliu em seco, penosamente.
— Não tem importância. Todos nós conhecemos, ao longo da vida, bastante gente; pessoas que nos convêm e pessoas que não nos convêm.
— Adivinho que este homem é dos que não convém conhecer...
— Talvez... Mas deixemo-nos de conversa, Gretchen. A primeira coisa a fazer é tratar-lhe da ferida.
Rasgaram com uma faca a camisa de Larsen e descobriram-lhe o peito forte. Viram que a bala passara entre duas costelas, abrira orifícios de entrada e salda e produzira pouco mais estragos do que esses. Mas as dores deviam ter sido insuportáveis e a perda de sangue fora bastante importante.
As duas mulheres lavaram a ferida e desinfetaram-na, o que arrancou a Larsen um gemido de dor.
Terminado o curativo, Gretchen murmurou:
— Onde o deitamos, «miss» Ingrid?
-- No quarto de hóspedes. Teremos de o velar toda a noite, para o caso de acordar, mas não lhe daremos de comer. Só um pouco de água.
— Eu faço o primeiro turno, «miss» Ingrid. Adivinho que não gostaria de ter uma conversa com ele.
— Claro que não. Quanto menos nos virmos, melhor para os dois.
— Então, procurarei que não se encontrem. Dentro de três ou quatro dias, este homem estará em situação de poder voltar a galopar, se as coisas não se complicarem.
— Não se complicarão. Vamos, ajuda-me.
As duas transportaram penosamente Larsen, que ainda não recuperara os sentidos, e dirigiram-se para um pequeno quarto que havia ao lado da sala de jantar. Depositaram-no na cama e cobriram-no com um lençol.
Ao saírem do quarto, Gretchen, a mulher mais velha, olhou fixamente para Ingrid.
— Esse homem era perseguido por alguém. Que acontecerá se quem o deseja apanhar for o xerife?
— Será um bom sarilho. Ter-me-ei convertido mais ou menos em sua cúmplice.
— Não seria melhor dar parte? Na cidade, como quem diz a meia dúzia de passos, temos um xerife...
— Não — murmurou Ingrid, abanando lentamente a cabeça. — Primeiro quero saber a verdade. Não o denunciarei sem saber porque o perseguiam.
— Apesar disso, pressinto que lhe guarda rancor, um velho rancor que jamais conseguiu dominar. Engano-me?
— Não, não te enganas, Gretchen. Esse homem é talvez a pessoa que mais odeio no mundo.
— Porquê?
— Há coisas de que não gosto de falar. Velhas coisas que até seria melhor esquecer para sempre.
— Que se passou entre si e esse homem, «miss» Ingrid?
Ela apertou os lábios, até que estes formaram no seu rosto uma máscara quase cruel.
— Estivemos quase a casar-nos — sussurrou. — Há três anos.
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