PAS772. A rapariga mais bonita do baile

 À entrada do baile, Adams entregou as armas. Betty, com um bonito vestido azul que lhe realçava o busto e uma capa a cobrir-lhe os ombros, estava realmente encantadora. Parecia uma bonequinha de porcelana do século XVI. Ficou descansada quando o viu retirar o cinturão.
Roy exibia um adesivo sobre o olho esquerdo. Era uma recordação, o único sinal que restava do brutal combate. Sabia que tinha de entrar desarmado no armazém. Mas, lembrando-se da coronhada que recebera, antes de sair do rancho, enfiou um «Colt» «38» no coldre que usava debaixo do braço. Não gostava de servir de boneco.
Cingindo-a pela cintura, principiou a dançar com a jovem, ao som de uma coisa que parecia música. Mas os seus olhos não olhavam para a rapariga. Pelo contrário, só fixavam as outras mulheres. Betty não pôde fazer mais que registar o facto. Durante uns minutos, conservou-se calada. Depois, indagou:
— Para onde olha com tanta insistência, Roy?
— Observo as raparigas de Ely — respondeu cheio de calma. — São preciosas!
— Muito amável — replicou ela um tanto agastada.
— Não se zangue, Betty. Estou a fazer comparações. Quero saber qual é a mais bonita.
Betty franziu as sobrancelhas.
— E então? — perguntou.
— É você, sem dúvida...
— Senhor Adams, nunca pensei...
Calou-se e dançaram em silêncio pelo espaço de uns minutos. Rodopiando com grande habilidade, Roy levou-a até à porta que dava para o alpendre. Havia algo de estranho nos seus olhos quando parou de dançar. Betty mirou-o, tentou retroceder mas ele segurou-a por um braço. Depois, lentamente, puxou-a para si e beijou-a. Sem saber bem o que fazia, a jovem correspondeu à carícia.
Adams, então, libertou-a. Sem dizer uma palavra, girou sobre os calcanhares, amaldiçoando-se mentalmente. Acabava de acontecer, precisamente, o que ele havia tratado de evitar por todos os meios.

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